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A saga da soja no Brasil e no Mundo


Amélio Dall’Agnol

A soja no mundo

A origem e os primórdios do cultivo da soja no mundo são desconhecidos, mas sabe-se que a soja que hoje cultivamos é muito diferente dos ancestrais que lhe deram origem. Os registros mais antigos encontrados na literatura oriental citam a soja como uma planta de interesse socioeconômico desde 5.000 anos A.C., quando ela já figurava como a leguminosa mais importante da antiga cultura chinesa.

Originalmente, a soja era uma planta rasteira e habitava a costa leste da Ásia, principalmente a região nordeste da China. Sua evolução iniciou-se, aparentemente, a partir de plantas oriundas de cruzamentos naturais entre duas espécies de soja selvagem, cujo produto foi domesticado e melhorado por cientistas da antiga China por volta do século 11 A.C., resultando nas plantas eretas que hoje cultivamos.

Apesar de considerada um grão sagrado e explorada intensamente na dieta alimentar do Oriente há milhares de anos, o Ocidente ignorou o seu cultivo até a segunda década do século vinte, quando os Estados Unidos da América (EUA) iniciaram sua exploração comercial, primeiro como forrageira ou adubo verde e, posteriormente, como grão. Em 1940, no auge da sua utilização como forrageira foram cultivados, nesse país, cerca de dois milhões de hectares (Mha) com tal propósito. 

A partir de 1941, a área cultivada para grãos superou a utilizada para biomassa, cujo cultivo declinou rapidamente até desaparecer em meados dos anos 60, enquanto que a área destinada para a produção de grãos cresceu de forma exponencial, não apenas nos EUA, como também, no Brasil e na Argentina (Fig. 1), cuja participação no bolo global da produção cresceu na mesma intensidade que caiu a participação norteamericana.

 

 

Figura 1. grandes produtores mundiais de soja  (1960/2017 – Mt)

No contexto mundial das grandes culturas produtoras de grãos, a soja foi a que teve o maior porcentual de crescimento da produção desde os anos 70. De 1970 a 2017, a produção global de soja cresceu 7,98 vezes (44 Mt para 351 Mt). No Brasil, o crescimento da produção no período foi ainda mais espetacular: 76 vezes (1,5 Mt em 1970 para 114 Mt em 2017). 

O crescimento da área não tem sido muito diferente, segundo dados do USDA. Na última década (2006/07 a 2017/18) a área global cultivada com soja cresceu 33,5% contra 20,4% para o milho e 4,7% para o arroz e também para o trigo.

As elevadas taxas de crescimento do consumo mundial da oleaginosa – igual a 6,3 Mt/ano nos últimos 47 anos - deverão manter-se, não apenas pela expectativa de crescimento da população, mas, principalmente, pelo aumento no consumo de proteína animal (carnes, ovos e lácteos) devido ao elevado ritmo de aumento da renda per cápita das pessoas, resultando no consumo cada vez maior de soja, principal matéria prima proteica utilizada na formulação das rações que alimentam os animais domésticos produtores de carne. A demanda por soja deverá crescer, também, por conta do esperado aumento no consumo de óleos vegetais para uso doméstico, assim como, pela necessidade de atender a crescente indústria de biodiesel.

O incremento no consumo de farelo e de óleos vegetais deverá ocorrer, majoritariamente, nos países emergentes, porque é lá onde vive o maior contingente populacional mundial e o consumo de carnes e de óleos/pessoa/ano está aquém das suas necessidades nutricionais. Para óleos comestíveis, o consumo médio/pessoa/ano nos países desenvolvidos é quase 140% maior que o consumo médio mundial. 

Para carnes, a situação é ainda mais discrepante: estudo da FAO realizado na década de 1983 a 1993, indicou que em 1983 o consumo médio de carnes de um cidadão de país desenvolvido era 5,3 vezes maior do que o de um cidadão de pais emergente (74 vs. 14 kg/pessoa/ano). Uma década depois, no entanto, essa diferença caiu para 3,6 vezes (76 vs. 21 kg/pessoa/ano), resultado do aumento no consumo dos emergentes em 50% (14 vs 21 kg/pessoa/ano), em contraste com o irrelevante crescimento de 2,7% no consumo dos desenvolvidos (74 kg/pessoa em 1983 vs. 76 kg/pessoa/ano em 1993). Isto parece indicar que o consumo desses alimentos nos países desenvolvidos está se estabilizando, dando margem para que o consumo dos países emergentes possa crescer e aproximar-se do consumo desejável para uma boa nutrição.  

Dentre os grandes produtores mundiais de soja (EUA, Brasil e Argentina), o Brasil é o país que apresenta o maior potencial de expansão da área cultivada, podendo multiplicar várias vezes a sua atual produção e suprir boa parte da esperada demanda adicional pelo produto. 

A soja no Brasil

Em 2017, o Brasil comemora 135 anos de introdução da soja em seu território, onde permaneceu esquecida por mais de 70 anos. Sua entrada no país deu-se em 1882 pelo estado da Bahia, onde o intento de produzi-la comercialmente fracassou. Seu insucesso deveu-se ao fato de que a soja então cultivada pelo mundo era adaptada a climas temperados ou subtropicais, predominantes em latitudes próximas ou superiores a 30º. A região onde a soja foi testada no Estado da Bahia, caracteriza-se por apresentar clima tropical e baixa latitude (12ºS). Por essa razão, ela só teve êxito no Brasil cerca de 60 anos depois quando foi avaliada para as condições de clima sub-tropical do Estado do Rio Grande do Sul (RS), cuja latitude varia entre 27º e 34ºS. 

Assim como ocorreu nos EUA durante as décadas de 1920 a 1940, as primeiras cultivares de soja introduzidas no RS foram estudadas, mais com o propósito de avaliar seu desempenho como forrageiras, do que como plantas produtoras de grãos para a indústria de farelo e de óleo. A pequena quantidade de grãos de soja produzidos no Brasil até meado dos anos 50 era consumida na alimentação de suínos nas mesmas unidades produtoras do grão, no interior gaucho. Até a década de 1960, o RS era virtualmente o único Estado produtor de soja no Brasil, valendo-se, para tanto, de variedades introduzidas dos EUA, onde, na região sul daquele país, as latitudes se equivalem às do RS. No correr dos anos 50, a produção avançou de 34 mil para 152 mil toneladas, mas a incomparável trajetória de crescimento do cultivo teve início nos anos 60, no transcorrer de cuja década sua área cultivada cresceu 5,3 vezes: 171 mil ha em 1960 vs. 906 mil ha em 1969.  Dentre as oito principais culturas agrícolas brasileiras em 1970, a área cultivada com soja era a de menor tamanho (1,32 Mha, contrastando com sua área atual (34 Mha), que corresponde quase à soma das áreas das outras sete culturas (Figura 2).


 

Figura 2. Evolução da área dos principais cultivos do Brasil – 1970 / 2017

O espetacular avanço de quase 26 vezes na área cultivada com soja em apenas 47 anos (1970 a 2017), só não foi maior do que o crescimento de 76 vezes da produção (1,5 Mt em 1970 vs. 114 Mt em 2017), cujo melhor desempenho deve-se ao aumento de 207% (1.089 kg/ha em 1970 vs. 3.343 kg/ha em 2017) da produtividade (Figura 3).


 

 

Figura 3. Evolução da área e da produção de soja no Brasil (1970/2017)

Soja no Cerrado

Os excelentes preços da soja no mercado mundial em meados da década de 1970, foi a principal causa do rápido avanço do seu cultivo nos campos da região sul, onde as variedades introduzidas dos EUA apresentavam boa adaptação.  

Muitos sojicultores dessa região, no entanto, dadas as dificuldades de aumentar sua área de cultivo na região próxima de sua propriedade no sul por causa da escassez e do elevado preço local da terra, iniciaram uma migração em massa rumo ao Brasil central, onde a terra era abundante e barata, apesar de infértil. No entanto, as sementes de soja que eles cultivavam com êxito no sul subtropical, não se adaptaram às condições tropicais de baixa latitude do Cerrado e não havia como introduzir uma soja tropical de outro país, porque ela simplesmente não existia. Os produtores mundiais de soja dos anos 60 e 70 (China e EUA) não cultivavam soja em regiões de baixa latitude e, portanto, não desenvolviam variedades adaptadas para regiões tropicais que pudessem ser aproveitadas pelo Brasil. 

Apesar do inconveniente, os novos agricultores do Cerrado insistiram na produção de soja nessa nova terra, que, se bem era barata, em contrapartida carecia de material genético adaptado à região, além de ser terra improdutiva, na ausência de pesados investimentos em insumos de produção (calcário e fertilizantes, principalmente). 

Apesar das dificuldades, os sojicultores dessa nova fronteira agrícola não desistiram no seu intento de produzir soja no Cerrado e pressionaram as instituições oficiais de pesquisa pelo desenvolvimento de uma nova semente de soja adaptada às condições tropicais de baixa latitude, o que foi conseguido com total sucesso a partir dos anos 80, transformando esse Bioma no maior centro produtor de soja, milho, algodão e carnes do Brasil.

No início da década de 1980, apenas 20% da produção brasileira de soja era produzida no Cerrado, cujo potencial de crescimento claramente sinalizava para uma maior participação na futura produção nacional, a cada nova safra. Em 1990, sua participação já superava os 40% e, em 2017, foi de 61% (69,7 Mt nos trópicos vs. 43,1 Mt nos subtrópicos – Figura 4).
 

Figura 4. Desenvolvimento da produção de soja na região tropical vs. subtropical

Hoje, o Brasil produz soja com a mesma eficiência produtiva desde 34ºS até 5ºN, sendo que a produtividade média no Cerrado é mais consistente daquela obtida na região sul, sua mais tradicional região de cultivo, dada a melhor distribuição pluviométrica. Com os resultados da safra de 2017, o Brasil responde por cerca de 32,5% das atuais 351 Mt produzidas em nível global, consolidando-se como o segundo produtor mundial da oleaginosa e a caminho da liderança, já nas próximas safras.

Paradoxalmente, o Estado da Bahia, que havia fracassado na primeira tentativa de cultivar a oleaginosa no Brasil quando da sua introdução, hoje responde por uma das mais altas produtividades entre os estados brasileiros (Figura 5). 
 

Figura 5. Produtividade média da soja na região produtora brasileira

Contrastando a produção média da década de 1970 da região sul (7,3 Mt) e do Brasil central (500 mil t), com as produções da safra colhida em 2017 de ambas as regiões (43,1 Mt) e 69,9 Mt, respectivamente), fica evidente que a velocidade de crescimento da produção no Cerrado foi muito mais expressiva do que a da região sul (5,9 vezes vs. 139,8 vezes). Esse avanço da soja promoveu e consolidou o Estado de Mato Grosso como o líder nacional inconteste na produção de soja (Figura 6). 


 

Figura 6. Produção de soja nos principais estados produtores do Brasil (1960/69 a 2017) Fonte: CONAB e elaboração dos autores 

O avanço da produção nacional de soja poderia ser dividido em três fases: 1ª fase: expansão do cultivo na região sul durante as décadas de 1960 e 1970, quando a produção evoluiu de 478 mil t para 8,08 Mt; 2ª fase: expansão do cultivo na região centro oeste durante as décadas de 1980 e 1990, quando a produção cresceu de 1,85 Mt para 13,36 Mt; 3ª fase: expansão da cultura na divisa das regiões norte e nordeste, principalmente nos estados de Maranhão, Tocantins e Piauí (MATOPI), na primeira década do século 21, período durante o qual a produção evoluiu de 676 mil t em 1999/00, para 5,3 Mt em 2009/10. Mais recentemente, outros estados da região norte (PA, RO, RR e AM), hoje com cerca de 2 Mt, estão indicando potencial para alavancar ainda mais a produção nacional, constituindo o que poderia ser considerada a 4ª fase de desenvolvimento da cultura. 

Causas da Expansão na região subtropical

Muitos fatores contribuíram para que a soja se estabelecesse como uma importante cultura no sul do Brasil e, posteriormente, na região central, no nordeste e no norte do país. Entre as causas que contribuíram para seu rápido estabelecimento na região sul, pode-se destacar: 
•    Semelhança do ecossistema do sul do Brasil com aquele predominante no sul dos EUA, favorecendo o sucesso na transferência e adoção de cultivares e outras tecnologias de produção. 
•    Incentivos fiscais aos produtores de trigo durante os anos 50, 60 e 70, beneficiando igualmente o cultivo da soja, que utilizava, no verão, as mesmas áreas, mão de obra e maquinaria do trigo; 
•    Estabelecimento da “Operação Tatu” no estado do RS em meados dos anos 60, cujo objetivo foi o de corrigir a acidez e a baixa fertilidade dos solos daquele Estado onde se concentrava a quase totalidade da produção brasileira de soja na época. A operação pretendia beneficiar o trigo, em particular, então a principal cultura do estado, mas acabou beneficiando mais a soja; 
•    Alta expressiva do preço da soja no mercado internacional em meados dos anos 70, como conseqüência da frustração da colheita de grãos na ex-União Soviética e China, assim como, pela queda na pesca da anchova no Peru, cujo farelo protéico era amplamente utilizado na fabricação de rações para alimentação animal, substituído, a partir de então, pelo farelo de soja.
•    Substituição das gorduras animais (banha e manteiga) por óleos vegetais e margarinas, mais saudáveis ao consumo humano; 
•    Estabelecimento de um importante parque industrial de processamento de soja, de desenvolvimento de máquinas agrícolas e de produção de insumos agrícolas durante as décadas de 1970 e 1980; 
•    Facilidades de mecanização total da cultura, no rastro do pacote tecnológico introduzido dos EUA; 
•    Estabelecimento de um sistema cooperativista dinâmico e eficiente, que apoiou fortemente a produção, o processamento e a comercialização das colheitas de soja; 
•    Estabelecimento de uma bem articulada rede de pesquisa de soja envolvendo o poder público federal e estadual, apoiado financeiramente pela indústria privada e, 
•    Melhorias na logística de transporte, armazenagem e comunicações, facilitando as exportações.
Causas da Expansão na região tropical
Para a região central do Brasil, atualmente o principal centro produtor da oleaginosa, destacam-se as seguintes causas para explicar o fenomenal crescimento de sua produção: 
•    Transferência da Capital do Brasil para o coração do Cerrado, determinando uma serie de melhorias na infra-estrutura regional, principalmente vias de acesso, comunicações e urbanização;
•    Incentivos fiscais para a abertura de novas áreas de produção, assim como, para a aquisição de máquinas e para a construção de silos e armazéns;
•    Estabelecimento de agroindústrias na região central do país, estimuladas pelos mesmos incentivos fiscais dados aos produtores; 
•    Baixo valor das terras de Cerrado, vis a vis com os preços praticados na região sul, principalmente durante as décadas de 1960, 1970 e 1980; 
•    Desenvolvimento de um bem sucedido conjunto de tecnologias para a produção de soja em zonas tropicais, com destaque para as novas cultivares adaptadas às condições de baixa latitude; 
•    Topografia plana, altamente favorável à mecanização, favorecendo o uso de máquinas e equipamentos de grande porte, o que propicia economia de mão de obra, dado o maior rendimento nas operações de preparação do solo, manejo do cultivo e da colheita; 
•    Boas condições físicas dos solos da região, facilitando as operações das máquinas agrícolas e compensando, parcialmente, as desfavoráveis características químicas dos mesmos; 
•    Melhoria no ainda deficiente sistema de transporte regional, com o estabelecimento de corredores de exportação utilizando articuladamente rodovias, ferrovias e hidrovias; 
•    Bom nível econômico e tecnológico dos sojicultores da região, oriundos, em sua maioria, da região sul, onde cultivavam soja com sucesso, previamente à sua fixação na região tropical e; 
•    Regime pluviométrico altamente favorável aos cultivos de verão, em contraste com os freqüentes veranicos da região sul.
Também, cabe destacar algumas tecnologias que tanto beneficiaram a produção da soja na região tropical, quanto na subtropical, como o estabelecimento do sistema de plantio direto, a integração da lavoura com a pecuária, o desenvolvimento da soja transgênica, o fim dos subsídios à produção que desestimulava os produtores na busca por maiores rendimentos, o acesso à informações atualizadas e de qualidade em tempo real via programas de TV voltados para o campo e facilidade para comercializar a soja no mercado nacional e mundial, dada a demanda sempre aquecida pela ausência de competidores.

A soja é um marco no processo de desenvolvimento agroindustrial brasileiro. Poderíamos dividir esse processo em duas fazes: antes da soja (até 1970) e depois da soja (anos 70 até os dias atuais). Antes da soja existia o Brasil da agricultura de subsistência. Com o estabelecimento da soja, surgiu o Brasil Agro empresarial. 

A revolução socioeconômica e tecnológica protagonizada pela soja no Brasil Moderno poderia ser comparada ao fenômeno ocorrido com a cana de açúcar e com o café, que, em distintos períodos dos séculos 17 a 20, comandaram o comércio exterior do país. 

O crescimento da produção de soja, de cerca de 76 vezes no transcorrer de apenas 47 anos, determinou una cadeia de mudanças sem precedentes na cultura agrícola brasileira. Foi a soja, inicialmente apoiada pelo trigo, a grande responsável pelo aparecimento da agricultura empresarial no Brasil. Ela, também, apoiou ou foi a grande responsável por acelerar a mecanização das lavouras brasileiras, por modernizar o sistema de transportes, por expandir a fronteira agrícola, por profissionalizar e incrementar o comércio internacional, por modificar e enriquecer a dieta alimentar dos brasileiros, por acelerar a urbanização do país, por interiorizar a população brasileira (excessivamente concentrada no sul, sudeste e litoral do nordeste), por tecnificar outras culturas (destacadamente a do milho). A soja, também, impulsionou e descentralizou a agroindústria nacional, patrocinando a expansão, igualmente espetacular, da produção de carnes.

Não há como desvincular o gaúcho da soja e do desenvolvimento que ela patrocinou no Cerrado. Foi no RS onde tudo começou e desde onde saiu o maior contingente de dinâmicos desbravadores rumo ao despovoado e desvalorizado Cerrado do Brasil central, determinados a vencer as contrariedades da natureza, que nessa época lhes negava o direito de produzir o grão de ouro que eles haviam aprendido a cultivar nas terras do sul. 

Com a teimosia típica dos velhos gaudérios dos Pampas, esses emigrantes lutaram para domar o Cerrado e o venceram, levando progresso e desenvolvimento para uma região inóspita e desprestigiada até início dos anos 70. Como resultado dessa migração, centenas de pequenos povoados nasceram no vazio do Cerrado, transformando-se ao longo das quatro últimas décadas em cidades de pequeno, médio e grande porte e valorizando enormemente as terras da região, hoje tão valiosas quanto as terras de seus antepassados, na região sul.

As receitas diretas e indiretas provenientes da bem estruturada cadeia produtiva da soja - que inclui, além da produção dentro da porteira, a indústria de insumos e de máquinas, antes da porteira e o complexo agroindustrial de transporte, armazenagem, processamento e exportação, depois da porteira - têm sido de enorme importância para equilibrar a balança de pagamentos do Brasil.

Um, de cada quatro dólares exportados pelo agronegócio brasileiro, provém da soja. Na safra 2015/16, apenas as receitas diretas geradas com as exportações do complexo soja renderam ao Brasil cerca de US$ 30 bilhões, que somados aos benefícios indiretos originados dos demais elos dessa cadeia, superou os US$ 100 bilhões. A liderança da soja nas exportações do complexo agroindustrial brasileiro promete manter-se, apesar de ameaçada pelo complexo agroindustrial de carnes. E carne, a bem da verdade, é soja com valor agregado. 

Pode-se estimar, pela dinâmica da agricultura brasileira, que a produção de soja e de outros grãos tenderá a concentrar-se ainda mais nas grandes propriedades da região centro oeste, ao tempo que os proprietários das pequenas e medias propriedades da região sul, por falta de competitividade na produção de grãos, tenderão a migrar para atividades agrícolas mais rentáveis (produção de leite, criação de suínos e de aves, cultivo de frutas e de hortaliças, ecoturismo, entre outros), porque são atividades mais intensivas no uso de mão de obra, recurso geralmente abundante em pequenas propriedades familiares, onde o recurso mais escasso é a terra.

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