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A importância do agronegócio para o Brasil


Amélio Dall’Agnol
Muitos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento têm no âmbito das atividades agrícolas um percentual do seu PIB maior que o do Brasil (20%), mas dado o tamanho do PIB brasileiro de quase 2,5 trilhões de dólares, o valor bruto da produção agrícola brasileira (VBP) é mais impressionante. E mais impressionante do que o VBP (superior a US$ 375 bilhões, em 2012 e sinalizando para mais de US$ 412 bilhões, em 2013), é o superávit da balança comercial do agronegócio, muito superior à balança comercial do País.
Nos doze últimos meses (setembro de 2012 a setembro de 2013), o agronegócio gerou um superávit de quase 85 bilhões de dólares, enquanto que os demais setores da economia brasileira deixaram um déficit quase do mesmo tamanho (US$ 79 bilhões). Deveria ser motivo de preocupação os déficits cada vez maiores desses setores, que apesar dos cada vez maiores superávits do agronegócio, resultam numa balança de pagamentos do Brasil cada vez mais próxima do negativo (US$ 34, 30 e 19 bilhões, em 2010, 2011 e 2012, respectivamente). Para 2013, o acumulado de janeiro a setembro revela um déficit superior a US$ 1,6 bilhão, sinalizando que depois de muitos anos de superávit em seu comércio exterior, o Brasil corre o risco de amargar um déficit na sua balança comercial anual.
Faz anos que o superávit do agronegócio é superior ao superávit do país, mas isto tem se acentuado nos últimos anos. Exemplificando: no período 2001 a 2012, o agronegócio gerou um superávit de quase US$ 600 bilhões, enquanto que os demais setores da economia geraram um déficit superior a US$ 200 bilhões. E, à medida que o superávit do agronegócio cresce (US$ 63, 77 e 79 bilhões, respectivamente, em 2010, 2011 e 2012) numa velocidade ainda maior cresce o déficit dos demais setores da economia (US$ 12, 47 e 60 bilhões, respectivamente, no mesmo período).
O impressionante crescimento do agronegócio brasileiro teve início nos anos 70, quando o Brasil ainda figurava como importador de alimentos. Recebeu novo impulso a partir da década de 1990 e aumenta de importância a cada ano, confirmando o país como um dos maiores fornecedores globais de alimentos, embora seja apenas o 4º ou 5º produtor global. Pena que as nossas exportações, infelizmente, ainda se concentrem em commodities, principalmente soja, carnes, açúcar, café e, mais recentemente, milho.
E quem foi o grande protagonista dessa transformação do Brasil Jeca Tatu para o Brasil do agronegócio? O instrumento certamente foi a tecnologia gerada e posta à disposição dos produtores, em cujo processo merecem destaque os programas de TV voltados para o campo, como o pioneiro Globo Rural. Sem esse apoio, dificilmente as inovações tecnológicas teriam alcançado com a rapidez necessária, os produtores isolados nos mais remotos rincões deste imenso país. Mas o mérito maior, certamente recai sobre o empreendedorismo e dinamismo do produtor rural que o Brasil se orgulha de ter. Esse agricultor merece respeito e poderia constituir-se num produto de exportação, se isto fosse negociável.
Há poucos dias alguém me perguntou se a África, com seu imenso potencial de terras disponíveis e com características semelhantes ao nosso Cerrado (vide Moçambique) poderia representar uma ameaça às nossas futuras exportações, principalmente para a Ásia, muito mais próxima da África do que o Brasil. Eu disse que no curto e médio prazo não, a menos que levem os nossos produtores para realizar a produção. 

Engº Agrº Amélio Dall’Agnol
 

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