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A soja cresce em paralelo com a economia


Amélio Dall’Agnol

A soja é a principal matéria prima para a produção de carnes. O crescimento da economia mundial e o consequente enriquecimento da população, promoveu mudanças nos hábitos alimentares das pessoas (mais proteína animal e menos grãos), razão pela qual podemos projetar crescimento da demanda mundial de soja, tendo o Brasil como grande beneficiário, dada a sua grande disponibilidade de terras aptas para o seu cultivo. Uma das principais causas do aumento da demanda por soja está vinculada ao aumento do consumo de carnes, promovido pelo aumento da renda per capita das pessoas, particularmente as que habitam os países em desenvolvimento, onde se concentra o maior contingente de humanos. 

O volume das principais carnes produzidas no mundo (bovina, suína e aves) cresce continuamente desde meados do século passado, com maior incremento nas últimas décadas. Segundo o Worldwatch Institute, era de 70 milhões de toneladas a produção das principais carnes em 1961 e chegou a 310 milhões de toneladas em 2011, último ano com dados à minha disposição.

Sem necessidade de derrubar mais uma só árvore de sua imensa floresta amazônica, a área cultivada com soja no Brasil poderá crescer muito ainda, utilizando as terras agricultáveis disponíveis no bioma Cerrado ou recuperando áreas de pastagens degradadas ou subutilizadas de outros biomas, incluindo o de Mata Atlântica. O Brasil domina tecnologias para produzir soja com eficiência em regiões tropicais, onde o restante do planeta ainda é ineficiente.

Três países (Estados Unidos, Brasil e Argentina) respondem por mais de 80% da produção e das exportações mundiais de soja.  No médio prazo, os Estados Unidos terão dificuldades para expandir a cultura, pois dependem de trade-offs entre culturas. Trigo, algodão e girassol já cederam espaços para a soja e áreas ao norte do cinturão do milho (Estados de Dakota do Sul e Dakota do Norte, principalmente), tradicionalmente cultivadas com pastagens, já se converteram num mar de soja. Mas as áreas aptas e disponíveis para o cultivo da soja estão acabando. Avançar sobre a área do milho?! Nem pensar. Os Estados Unidos precisam do cereal para alimentar seu enorme plantel de animais domésticos produtores de carne e precisam de quase 150 milhões de toneladas de milho para produzir o etanol necessário para a mistura de 20% na gasolina.

 A Argentina, terceiro maior produtor mundial, possui como vantagens comparativas a terra fértil, a proximidade dos centros de produção com os canais de escoamento e de processamento. Entretanto, pesa em sentido contrário, o esgotamento das áreas mais férteis e próximas dos portos e centros de processamento. Poderá incrementar a área cultivada com soja, mas longe dos portos e explorando solos muito menos férteis que as tradicionais pradarias do ecossistema denominado “Pampa Húmeda”. O custo de produção aumentará e o de logística de transporte e armazenamento, também.

O Brasil, por sua vez, pode expandir sua produção incorporando áreas com explorações pouco produtivas. Portanto, a vocação do país para se tornar o principal fornecedor da demanda adicional futura do produto ocorre pela falta de competidores que possuam simultaneamente duas vantagens competitivas vitais para o agronegócio: eficiência tecnológica e terras agricultáveis disponíveis.

As novas fronteiras agrícolas brasileiras localizadas no Centro-Oeste, no Extremo Sul e na região denominada MATOPIBA (acrônimo para Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), deverão responder pelo acréscimo de produção de soja e com impactos ambientais positivos, via recuperação da capacidade produtiva dos solos em áreas de pastagens degradadas.

No que diz respeito à demanda pela soja, em virtude do crescimento econômico e populacional dos países em desenvolvimento, é previsto um aumento significativo no consumo de carnes nas próximas décadas. Com tal perspectiva, segundo a FAO, a produção de carne precisará quase dobrar até 2050 para atender a demanda mundial. 

Agradecido, o Brasil está preparado para aumentar a produção e atender essa esperada demanda, quando ela vier.
 

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