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Alegria para alguns e tristeza para outros


Amélio Dall’Agnol

Os produtores brasileiros de soja estão eufóricos com a recente reação do preço da commodity no mercado internacional. Muitos, talvez, não saibam porque isto aconteceu, afinal, estão em plena colheita de mais uma supersafra do grão, que poderá ser maior que o recorde histórico produzido na safra 2016/17.

Mas, infelizmente, esta alegria não pode ser compartilhada com os argentinos, que, entre excessos e falta de chuva ao longo da safra, estão esperando uma colheita 15,5 milhões de toneladas (Mt) menor do que a safra anterior (57,5 Mt em 2016/17), segundo estimativas da Bolsa de Cereais de Buenos Aires. Estas perdas poderão chegar a 17,5 Mt, segundo estimativas mais pessimistas.

Mesmo dentro do Brasil há os que não estão felizes com a quebra da safra argentina. São os produtores de suínos e de aves, que viram o preço das rações aumentarem seus custos, com a consequente redução dos seus lucros.

Muitos produtores estão perguntando se não seria hora de comercializar a safra, aproveitando essa alta no preço do grão, pois picos de alta se alternam com picos de baixa. Bonança e carestia se alternam no tempo.

Eu não sou produtor, portanto, estou confortável em dar conselhos a quem não pediu, cuja aceitação ou rejeição em nada me afetam. Nada ganho e, também, nada perco se o preço subir ou cair. Mas, como livre atirador descompromissado, eu sugeriria a comercialização, se não de toda a safra, ao menos em parte dela, aproveitando o momento favorável de preços que poderão não perdurar, também, poderão melhorar como consequência da briga do Trump com a China.

O principal motivo para a alta do preço de mercado da soja parece evidente: foi a quebra da safra argentina anunciada recentemente, resultado de quatro meses seguidos de deficiência hídrica iniciada em meados de novembro e considerada a pior dos últimos 40 anos, segundo o próprio Presidente dos argentinos, Maurício Macri. A seca, também afetou a produção do milho e poderá afetar a do trigo, caso não chova antes do plantio do cereal, em maio.

Mas seria racional ficar alerta, pois as perdas argentinas poderão não realizar-se nos volumes anunciados, a safra brasileira poderá fechar o ciclo com volumes maiores do que os esperados, e a intenção de plantio de soja da próxima safra norte-americana - a ser anunciada brevemente - poderá ser maior que a anterior. Se concretizados, no todo ou parcialmente, estes acontecimentos poderão promover queda dos preços aos níveis anteriores ao pico de alta. 

Bingo, para quem aproveitou a oportunidade.
 

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