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Melhorou, mas ainda falta muito


Argemiro Luís Brum

As notícias sobre o comportamento do PIB nacional, anunciadas pelo IBGE neste início de dezembro, nos oferece uma fotografia dividida em duas partes. A primeira, positiva! A revisão do PIB dos dois trimestres anteriores, que passa de 1% para 1,3% (1º trimestre) e de 0,2% para 0,7% (2º trimestre), somada ao 0,1% do 3º trimestre, já permite especular que o acumulado de 2017 possa alcançar 1%. Seria o dobro do que o 0,5% inicialmente esperado e bem melhor do que o 0,7% indicado recentemente. Juntamente com esta informação, veio o anúncio de que, finalmente, os investimentos acusaram resultado positivo (1,6% no 3º trimestre), após 45 meses de queda contínua.

Afinal, os investimentos são a mola propulsora do crescimento futuro de uma economia. Ao mesmo tempo, o consumo das famílias cresceu 1,2% no trimestre, demonstrando que, embora o alto endividamento e inadimplência, há uma recuperação, mesmo que lenta, do consumo no país. Neste último caso, a redução da Selic, que deve fechar o ano ao redor de 7% (o mais baixo percentual de sua história), mesmo que não esteja sendo repassada aos juros reais da economia, pouco chegando ao bolso do consumidor até o momento, acaba tendo um elemento mobilizador do consumo: os juros das aplicações financeiras e poupança, estes sim baixando na rapidez da Selic, desestimulam os brasileiros a poupar, levando paulatinamente muitos cidadãos às compras e a investimentos produtivos.

A segunda, ainda preocupante! Isso porque o crescimento do terceiro trimestre foi justamente de 0,1%, ou seja, bem abaixo dos PIBs dos dois trimestres anteriores. Seria um indicativo de que a recuperação econômica estaria perdendo força, mais rapidamente do que se imaginava (o famoso voo de galinha antecipado)? A resposta virá no 4º trimestre, ora em andamento, e particularmente em 2018. Por outro lado, grande parte da atual reação do PIB nacional continua concentrada na agropecuária, já que indústria e serviços ainda enfrentam dificuldades para uma reação consistente.

E o setor primário, como sabemos, está à mercê do clima (no 3º trimestre seu PIB já foi negativo de 3%). Tanto é verdade que, no acumulado do ano o PIB nacional chega a 0,6%, sendo que na agropecuária o mesmo atinge a 14,5% positivos, enquanto serviços e indústria apresentam resultados negativos respectivamente de 0,2% e 0,9%. Além disso, apesar da melhora, no acumulado de 12 meses o PIB nacional ainda está negativo em 0,2%.

Enfim, em relação ao PIB nacional, a poupança (com 15,6%) e os investimentos (com 16,1%) marcam passo e estão longe dos 25% necessários para tirar o país do marasmo de forma sustentável. Além disso, a continuidade da recuperação depende do ajuste fiscal e, este, das reformas estruturais. Portanto, o país ainda tem um longo caminho pela frente antes de se entregar ao otimismo! 

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