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O agronegócio e o uso equivocado do seu conceito na sociedade


Opinião Livre

Nestor Tipa Júnior

O termo agronegócio surgiu da variação do inglês "agribusiness". Popularizado, nada mais é do que o conjunto de operações da cadeia agropecuária do trabalho à comercialização. No entanto, no Brasil, a palavra é usada e disseminada, especialmente por movimentos contrários, que se trata de um sistema produtivo que causa males como poluição, desmatamento e tortura, desrespeitando leis ambientais e sociais, para obter lucro a qualquer custo. E esta segunda denominação acaba prevalecendo sobre a sua denominação original. Muitas pessoas se referem ao agronegócio como algo nefasto, do mal e que defende interesses de ruralistas. 

Ruralista, aliás, que também é uma palavra utilizada por movimentos contrários para denominar as pessoas que fazem parte do agronegócio como pessoas do mal, que tem o demônio no coração e que são vilões. Ruralista para alguns virou quase um xingamento.

Mas voltando ao agronegócio, quero explicar aos amigos que utilizam o termo para criticar algumas exceções existentes de um universo mais amplo que produz e preserva ao mesmo tempo, respeitando o bem comum, que você utiliza o termo de forma errada. Vamos aqui, sem ideologias, explicar: o agronegócio é composto por tudo que é produzido para o comércio. Os produtores de orgânicos, por exemplo, no momento que negociam sua produção para redes varejistas ou até em feiras de bairro, estão fazendo parte deste comércio.

Até, pasmem, assentados da reforma agrária fazem parte do agronegócio (esperando os xingamentos em 3... 2... 1...). No momento em que alguns integrantes de assentamentos produzem, e de forma louvável, uma safra do chamado arroz orgânico e exportam para sete países (incluindo os Estados Unidos), fazendo girar a economia do município de Nova Santa Rita (RS), estão contribuindo para o desenvolvimento por meio do agronegócio.

Para aqueles que defendem determinados tipos de modelo de agricultura, mais precisamente o de agricultura sustentável (que na realidade toda a a esmagadora parte da agricultura é), ache outro termo. Chame de agricultura não sustentável, agricultura do mal ou até agricultura do capeta, mas não faça o uso da palavra agronegócio como uma palavra símbolo das mazelas, pois o que você defende também faz parte do agronegócio. Tecnicamente você está errado.

Agora me dirigindo aos representantes de organizações, empresas e entidades do setor, porque precisamos cuidar dessa imagem. Por tudo que expliquei acima, é fundamental implementar uma comunicação propositiva mostrando os benefícios e que possíveis erros estão sendo corrigidos. Nos últimos tempos, legislativos e judiciários implementaram leis que vem de pressões de movimentos que influenciam a opinião pública, basta ver a câmara de vereadores de Santos (SP) proibindo a exportação de gado em pé ou a justiça do Distrito Federal vetando provas equestres com boi.

Nós que convivemos neste meio sabemos que nossos produtores e criadores seguem rigorosos protocolos ambientais e de bem estar animal. Mesmo assim continuam os ataques que são feitos por interesses ou desconhecimento de causa. Por isso o papel da comunicação é fundamental, não uma comunicação reativa, de repúdio, apenas no momento de crise, que por vezes é tão agressiva quanto as porradas que os produtores levam, mas sim com uma comunicação propositiva de forma constante para começar a mostrar o verdadeiro lado deste nosso agronegócio que contribui, produz e preserva.

Jornalista e especialista em Marketing em Agribusiness. Quase 20 anos de carreira nos principais veículos de comunicação do país, hoje é sócio diretor da AgroEffective Comunicação e Agronegócio e responsável pelo canal Falando de Agro.

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