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Soja: Porque melhoram os preços


Argemiro Luís Brum

Os preços da soja no Brasil, após um longo período estáveis e mesmo em baixa, voltaram a subir nesta segunda quinzena de fevereiro. No Rio Grande do Sul, a média da semana passada bateu em R$ 64,89/saco, praticamente no mesmo valor de um ano atrás. Ao mesmo tempo, os lotes chegaram a R$ 71,00, enquanto no porto de Rio Grande o CIF se aproximou de R$ 77,00, contra R$ 73,00/saco um ano antes. Contrariamente ao que se esperava o movimento de recuperação, nesse momento, não vem do câmbio no Brasil e sim de boas altas na Bolsa de Chicago.

De fato, enquanto a moeda brasileira continua flutuando entre R$ 3,20 e R$ 3,30, em Chicago o quadro mudou bastante desde o dia 12/02, após mais de 12 meses com o bushel estabilizado entre US$ 9,50 e US$ 10,00. Tanto é verdade que no início desta última semana do mês o mesmo atingiu a US$ 10,50. Este valor não era visto desde o início de fevereiro de 2017. Que explicações podemos avançar para tal comportamento? A mais evidente vem do clima na Argentina.

O vizinho país sofre com uma seca importante (La Niña) a qual já teria provocado uma quebra de 10 milhões de toneladas de soja (a metade sul gaúcha também sofre com o problema). Das 57 milhões de toneladas iniciais, os argentinos projetam agora colher 47 milhões. E as últimas informações meteorológicas procedentes de lá apontam para a continuidade da seca em março e abril, meses em que as lavouras locais estarão em seu estado mais crítico de desenvolvimento.

Como a Argentina representa 50% do farelo de soja exportado no mundo, as cotações deste subproduto dispararam em Chicago, ultrapassando os US$ 380,00/tonelada curta na corrente semana. Isso representa um ganho de 30% em seis meses! Tal realidade puxa para cima o preço do grão de soja.

A segunda questão é que os Fundos continuam ainda muito presentes no mercado da soja. Este quadro geral abre a mais importante janela de comercialização para a soja gaúcha e brasileira desde junho de 2016. Dito isso, vale alertar para dois movimentos que podem ocorrer em março e que reverteria o atual quadro altista em Chicago. O primeiro é a possibilidade concreta de um aumento na taxa de juro dos EUA na reunião de março de seu Banco Central (o mercado espera três aumentos de juro em 2018 naquele país). O segundo vem da nova safra de verão dos EUA. O relatório de intenção de plantio está marcado para o dia 29/03 e, por enquanto, existe a possibilidade de um novo aumento na área a ser semeada com soja, em detrimento do milho.

Portanto, os produtores brasileiros têm uma nova oportunidade para construir uma melhor média de vendas neste ano, sem esquecer que estamos diante de uma realidade político-econômica de muita instabilidade no país, e que novas janelas podem surgir, especialmente pelo lado cambial. 
 

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