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Um país caro, desigual e sem rumo (I)


Argemiro Luís Brum

Que o Brasil é um país caro para se viver, em relação a média de renda dos seus cidadãos, isso é sabido de longa data. Tão caro que, os que podem, procuram comprar nos países vizinhos (Paraguai, Uruguai), na China, nos EUA ou na Ásia em geral. Um Playstation 5 por aqui custa até R$ 10.000,00, enquanto nos EUA, ao câmbio de hoje, custa R$ 2.000,00, e assim por diante. A questão chave é, por quê? Há, pelo menos, cinco motivos. O primeiro deles é a carga tributária, muito elevada por aqui. Em relação ao PIB a nossa carga gira entre 33% e 35% na atualidade. Nos EUA a mesma é de 26%, na China é de 20%, na Rússia de 23%, na Índia de 12,1%, no Paraguai 12%, e no Uruguai 23,1%. Nossa carga tributária se equipara a muitos países desenvolvidos, que praticam o Estado do Bem-Estar Social desde os anos de 1950/60, dentre eles a Alemanha (36,7%), a Islândia (35,5%), Noruega (40,8%) etc. Ora, estes oferecem serviços públicos de alta qualidade e praticamente gratuitos à sociedade, incluindo o ensino e a saúde, sem falar na infraestrutura, segurança, e a qualidade de vida em geral. Por aqui, o Estado pouco oferece, pois a carga tributária serve para sustentar uma máquina pública inchada e ineficiente. Sem falar no cipoal de impostos que aqui temos. Nos EUA, por exemplo, incidem basicamente quatro impostos sobre os cidadãos. Por aqui são mais de 90, sem falar que a incidência se dá em cascata (se paga imposto sobre imposto). E quando surge a possibilidade de uma reforma tributária, o que se vê, além de alguns ajustes de pouca envergadura para o tamanho do problema, são propostas para que a União arrecade ainda mais. Corrigir a natureza regressiva da cobrança para um processo progressivo, aliviando a classe média e baixa, gerando mais e melhor mercado interno, nem pensar. Aliviar as pequenas e médias empresas, que geram a maioria dos empregos, dá-se com uma mão e tira-se com a outra. E assim por diante! Afinal, um Estado inchado gera um crescente rombo nas contas públicas, o qual precisa ser pago. Uma realidade econômica que caracteriza um país desigual e sem rumo. E os outros quatro motivos que elevam o custo de vida? A resposta virá na próxima coluna. (segue)

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