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VOLTAREMOS (?)


Argemiro Luís Brum

Existe certo consenso no Brasil de que dificilmente voltaremos ao fundo do poço econômico que alcançamos nestes últimos tempos. Na verdade, dois adendos precisam ser feitos a este raciocínio. O primeiro: uma coisa é chegar ao fundo do poço, outra é sair do mesmo. O segundo: se continuarmos colocando no poder político nacional pessoas irresponsáveis, o fundo do poço atual pode ser apenas um estágio de um buraco econômico maior.

Quanto ao primeiro ponto, lembramos que o atual governo também perdeu a credibilidade política diante das acusações provenientes do Ministério Público. Michel Temer não governa mais o país. No exterior, tal realidade ficou evidente com o constrangimento vivido nas recentes visitas à Rússia e Noruega. Aqui no país, é a equipe econômica, com uma posição monetarista adequada, que vem segurando a economia. Todavia, sua ação se dá nas questões conjunturais. Sem as correções estruturais, como o ajuste fiscal e as reformas, a correção de rumo, ainda tímida, não se sustenta.

E tais ajustes estruturais dependem do Congresso Nacional e da capacidade política de quem nos governa. Ora, estamos falando de poderes que, hoje, estão preocupados em “salvar a pele” e não melhorar o Brasil e a vida dos brasileiros. Nesse sentido, o governo Temer chega a acenar com um “pacote de bondades”, no velho estilo dos recentes governos, o qual irá prejudicar as contas públicas, comprometendo ainda mais o ajuste fiscal.

Tanto é verdade que, para 2017, a equipe econômica luta para conter o déficit público em R$ 139 bilhões, já tendo aumentado o déficit para 2018, passando-o de R$ 79 bilhões para R$ 129 bilhões. Neste contexto, 2017 já está perdido e 2018 segue o mesmo caminho. Portanto, sair do fundo do poço realmente é outra história nas condições políticas em que nos encontramos.

Quanto ao segundo ponto, lembramos que 2018 é ano de eleições presidenciais onde, até o momento, não desponta nenhum potencial candidato digno de nota. Em situações como esta é comum, mundo afora, a população optar por “salvadores da Pátria” que, mais dia menos dia, levam o país para o buraco econômico.

Aliás, recentes governos “salvadores” nos trouxeram a tal caos econômico. Portanto, no estado de coisas que nos encontramos, não é impossível a população brasileira se dobrar a demagogias e colocar no poder, a partir de 2019, um governo que logo adiante nos faça, sim, irmos para além do fundo do poço. Se é preciso de algo concreto para se entender o recado, olhem o que acontece com a Venezuela, nossa vizinha.

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