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CRESCIMENTO populacional e a pobreza


Amélio Dall’Agnol

Depois do boom populacional pós guerra dos anos 50 a 70, a população mundial continuou crescendo, mas em ritmo mais lento, com exceção de alguns países asiáticos e, principalmente, africanos. O Brasil acompanhou a desaceleração experimentada pelos países desenvolvidos e atualmente cresce numa taxa negativa. A população só não diminui porque a expectativa de vida dos idosos aumentou.

Segundo dados da ONU, em 1950 o Brasil figurava como o 8º país mais populoso do planeta, com 54 milhões de habitantes. Nessa e nas duas décadas posteriores, a população brasileira cresceu explosivamente e, em 1990, o Brasil já era o 5º mais populoso, com cerca de 150 milhões de habitantes. Como o país já ostentava crescimento lento, a ONU previu que o Brasil não estará entre as 10 nações mais populosas do planeta em 2100, quando terá sido superado por vários países africanos, como a Nigéria, Congo, Tanzânia, Etiópia, Egito, Níger e Uganda - e pelo Paquistão, na Ásia.

Fazem muitas décadas (séculos?) que a China lidera a população mundial, mas, segundo estimativas da ONU, em 2100 a Índia será o país mais populoso do planeta (1,516 bilhões), com larga vantagem sobre a China (1,021 bilhões), que verá sua população decrescer em centenas de milhões de habitantes. A Nigéria, com quase 800 milhões, aparecerá na terceira colocação, à frente dos Estados Unidos (447 milhões). Está claro que crescimento populacional e subdesenvolvimento caminham lado a lado, sinalizando para a necessidade de os países investirem em desenvolvimento, cuja porta de entrada é a educação. Sem tal investimento, a pobreza aumentará e, com ela, o desemprego, a fome e as doenças.  

Se, por um lado, a dinâmica populacional dos países do Terceiro Mundo gera milhões de desempregados e/ou subempregados, por outro lado, o envelhecimento da população economicamente ativa das nações ricas e o crescimento negativo de novos cidadãos,  sinaliza sobre a futura falta de mão de obra nesses países e a consequente necessidade de importá-la de países onde ela é abundante e ociosa, o que poderia representar uma oportunidade aos desocupados dos países menos desenvolvidos. Vide o atual fluxo migratório da África em direção à Europa. 

O grande crescimento populacional esperado para os países africanos, onde a taxa de natalidade continua alta, somado ao aumento do contingente de idosos em países ricos, indicam crescimento significativo da demanda global por alimentos, gerando déficits alimentares monumentais, considerando que a eficiência produtiva da agricultura dos países pobres e populosos é, via de regra, baixa. 

O déficit alimentar previsto para nações populosas e pobres de regiões tropicais da África e sudeste da Ásia será enorme. Considerando a baixa capacidade produtiva dessas nações, dadas as condições de solos ácidos e inférteis prevalentes nessas latitudes, a necessidade de importar alimentos será grande e os recursos para adquiri-los, escassos. 

O Brasil, grande produtor de alimentos em regiões tropicais de baixa latitude, poderá, além de exportar para essas nações, também apoiá-las na produção do seu próprio alimento, transferindo experiências e conhecimentos adquiridos nas práticas que alavancaram a agricultura do nosso país. 

Em 2100, o contingente populacional dessas nações será várias vezes maior. Estima-se que a África passará dos atuais 1,3 bilhões de pessoas para, aproximadamente, 4,5 bilhões. Muito provavelmente sua capacidade produtiva não será suficiente para atender as necessidades dos seus habitantes e precisará importar. O Brasil estará à espera das demandas, visto que sua população ainda é pequena ante sua capacidade produtora de alimentos, que é cerca de seis vezes maior do que o seu consumo. Haverá sobras consideráveis para exportar e apoiar nossa balança comercial, mesmo cientes de  que esses países continuarão pobres e poderão ter dificuldades para pagar pelas importações.
 

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