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Taxa Selic


Vinícius André de Oliveira

Em entrevista recente o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, comentou sobre as diversas ações do banco e como elas são tomadas. Em síntese, reforçou a atuação autônoma da instituição e da importância e segurança que isso traz para o mercado e para a economia brasileira. Isso porque o governo atual tem criticado a condução da política de juros e questiona se a Selic, hoje em 13,75% ao ano, poderia estar mais baixa. Obviamente, tal afronta possui natureza política o que não pode de maneira nenhuma contaminar a qualidade técnica do corpo diretivo do Bacen. Neto de um dos melhores economistas que o Brasil já teve e o maior pensador econômico da sua época - e que continua muito atual - Roberto não decepciona e com toda a sua classe, esquiva-se das armadilhas que buscam reforçar o injustificável debate entre os diferentes aspectos. 

Certamente, todos desejam uma taxa básica de juros mais baixa e, se possível, que a taxa longa de juros caia. Entretanto, isso não acontece por uma decisão do presidente do Banco Central e muito menos do Ministro da Fazenda e sim por uma questão de mercado. Enquanto não houver condição fiscal de equilíbrio que permita uma política monetária mais expansionista dando mais fôlego para a atividade econômica, redução da curva longa de juros e diminuição do prêmio de risco, a taxa de juros deverá permanecer nesse patamar para segurança dos agentes econômicos com a inflação dentro da banda e buscando a meta. 

Em todas as vezes em que a condução da economia se deu no campo político o resultado foi desastroso. 

Alguns entendem que a meta de inflação está exigente demais, pois foi traçada em um momento de inflação global mais baixa e que, talvez, o número de hoje esteja em um nível difícil de ser atingido. Campos Neto, com uma visão muito boa da sua área de atuação colocou muito bem que um afrouxamento da meta no médio prazo traria o efeito contrário ao inicialmente buscado. 

Em resumo, a condução da política monetária não é uma coisa simples e qualquer frase do presidente do banco ou uma colocação mal posicionada na ata do Copom - Comitê de Política Monetária - espanta o mercado e pode provocar fuga de capitais. 

Portanto, considerando o histórico de inflação do Brasil, de forma alguma esse assunto deve ser tratado como algo político. Se por um lado, uma taxa de juros alta reduz a atividade econômica, por outro inflação alta derrete o poder de compra dos indivíduos e liquida a produção de bens e serviços de maneira muito mais rápida.

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