CI

Analista dos EUA afirma que Alca é praticamente impossível


Será "quase impossível" que a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) seja criada na data programada, janeiro de 2005, na opinião de Peter Hakim, presidente do Inter-American Dialogue, um dos principais centros de análise de políticas norte-americanas e de assuntos do Hemisfério Ocidental, com sede em Washington. "Acho quase impossível atingir esse ´deadline´ (prazo) de janeiro de 2005 para início da Alca", disse durante o seminário sobre os três primeiros meses do governo Lula promovido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, em Nova York.

Segundo ele, se não ocorrer uma "recuperação forte na economia dos Estados Unidos - como também na economia brasileira -, será muito difícil resolver as questões pendentes na área comercial entre os dois países em tempo suficiente. Hakim citou também as eleições presidenciais norte-americanas em 2004 e a atenção na guerra contra o Iraque e na reconstrução daquele país como fatores que vão tornar difícil um avanço substancial nas negociações para a Alca no cronograma previsto.

Hakim disse que, para haver maior progresso em direção ao prazo programado para a Alca, é preciso que os Estados Unidos ofereçam maiores concessões do que na sua primeira oferta para redução de tarifas e outros elementos importantes nas negociações comerciais. Tal oferta foi feita em fevereiro deste ano. "É preciso que o Brasil reconheça também que os Estados Unidos vão oferecer muito menos do que o País espera, mas os Estados Unidos precisam melhorar sua oferta substancial", disse.

Apesar de ver o prazo de janeiro de 2005 como praticamente impossível de ser atingido, Hakim acredita que as negociações entre os dois países vão continuar normalmente. "Datas e ´deadlines´ em negociações comerciais podem ser mudados e adiados. Acho que os dois países podem ter janeiro de 2005 como alvo e não mais como prazo fixado para o início da Alca, mas as negociações vão continuar", afirmou.

Para o presidente do Inter-American Dialogue, as relações entre Brasil e Estados Unidos estão num momento bom. Segundo ele, uma das questões que poderão vir a ser um ponto de tensão e disputa entre os dois países será a posição em relação ao Iraque. "Há, neste momento, em Washington, muita raiva e frustração em relação ao México e ao Chile, que não apoiaram os Estados Unidos na campanha militar contra o Iraque", disse. "Se a guerra caminhar numa direção negativa para os norte-americanos, haverá uma caça a bodes expiatórios. E o México e o Chile estão na linha de frente, mas essa caça poderá ir mais além na região".

Já em relação à Venezuela, ele acredita que se a situação permanecer como está, não haverá maior tensão. "Apenas se houver uma grande deterioração na Venezuela é que poderemos ver os Estados Unidos e o Brasil em posições opostas", disse analista.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.