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Basf busca parcerias para vencer "superpraga" da soja

Companhia assinou com a Coodetec o primeiro contrato de transferência de material para seu produto transgênico


SÃO PAULO - A multinacional alemã Basf intensifica sua parceria com empresas brasileiras para levar mais rápido ao mercado a sua nova soja tolerante a herbicida. A companhia assinou com a Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola (Coodetec) o primeiro contrato de transferência de material para seu produto transgênico, e a empresa brasileira será a responsável pela multiplicação dos grãos.

A tecnologia, que deverá começar a ser acessada pelos produtores a partir de 2011, chega com o desafio de se tornar uma alternativa viável ao glifosato, produto vendido pela norte-americana Monsanto.

A indisponibilidade de crédito e a dificuldade da comercialização de grãos deverão diminuir os gastos dos agricultores com insumos na safra 2009/2010; no entanto, essa busca pela redução nos custos pode esbarrar no aumento do uso de defensivos desencadeado pela soja transgênica cada vez mais resistente a pragas, principalmente a invasora buva (Coniza bonairensis).

Informações produzidas pelo Departamento de Fiscalização e da Defesa Agropecuária (Defis) da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab) e outros órgãos atestam que, mesmo com a soja geneticamente modificada, tem aumentado o consumo de herbicidas em razão da resistência que as ervas daninhas vêm adquirindo com o uso do glifosato. "Há vários anos monitoramos o comércio de agrotóxicos no Paraná, e a cada trimestre recebemos um relatório das vendas, por isso, quando dizemos que houve aumento do uso de herbicida, o fazemos com base em um levantamento", afirma Adriano Riesemberg, chefe da divisão de fiscalização de insumos e serviços agrícolas da Seab.

Em 2008 foram comercializados no Paraná mais de 80 milhões de litros de agrotóxicos, principalmente herbicidas, inseticidas e fungicidas (não foram computadas as quantidades comercializadas nas regiões fiscalizadas pelos núcleos regionais de Curitiba, Apucarana e Paranaguá). Desse montante, cerca de 46 milhões são de herbicidas, e desses, 28 milhões são de herbicidas a base de glifosato (61% dos herbicidas comercializados).

De acordo com o Defis, os agricultores passaram a ter problemas causados pela resistência de plantas ao glifosato, principalmente em relação à buva, planta daninha que se desenvolve em áreas não agriculturáveis e que se espalha com facilidade pelas lavouras através de sementes que são carregadas pelo vento. Para controle dessa planta, os agricultores estão fazendo uso de outros herbicidas em pré-plantio das lavouras, em operação denominada de "manejo da área", além de continuarem a necessitar do glifosato em pós-emergência. O resultado é um crescimento exponencial de insumos em algumas regiões do País.

No Município de Cascavel, no Paraná, por exemplo, o uso de glifosato passou de 2,3 milhões de litros em 2005, para 3,4 milhões em 2008 (um aumento de 46%). Os herbicidas à base de 2,4-D cresceram 112% nesse período, e o uso de agrotóxicos à base de paraquat cresceu mais de 400% (passou de 65 mil litros para 337 mil litros). "A situação retratada não é restrita à região de Cascavel", diz Riesemberg. Segundo o engenheiro agrônomo, outras importantes regiões produtoras de soja mostram as mesmas curvas de crescimento para os agrotóxicos a base de glifosato, paraquat e 2,4-D.

"Isso ocorre devido à dificuldade que os agricultores têm de controlar as plantas invasoras, que se tornaram resistentes ou tolerantes ao ingrediente ativo glifosato", avalia.

Valdir Isidoro, presidente da Empresa Paranaense de Classificação de Produtos (Claspar), afirma que no estado a soja convencional já remunera melhor o produtor, mesmo com a queda de 25% a 30% nos preços do glifosato. "Ao longo dos anos os custos para produzir a soja transgênica só aumentaram e nessa safra quem plantou está perdendo dinheiro", afirma Isidoro. "O mesmo deverá acontecer com o milho", acrescenta.

Walter Dissinger, vice-presidente de Proteção de Cultivos da Basf para a América Latina, confirma para 2011 a chegada da soja resistente a herbicida da empresa em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O executivo afirma que não vê uma redução nos preços dos defensivos. "O glifosato caiu de preço, mas nossa empresa não sentiu diferença nos preços dos nossos defensivos", diz. "Se não houver interferência do clima, o segundo semestre deve fechar em equilíbrio com o ano passado, considerado positivo", avalia Disinger.

A empresa inaugura hoje, na cidade de Guaratingueta, em São Paulo, um novo laboratório global de formulação.

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