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Borra de café pode reduzir emissões de carbono

Resíduos de café fisicamente alterados que resultam do tratamento térmico podem ser vendidos


Foto: Pixabay

O café é uma das bebidas e fontes de cafeína mais consumidas no mundo. No entanto, quando um produto residual, como a borra de café, é depositado em um aterro, o processo de decomposição produz metano, que tem 21 vezes mais efeito de gases de efeito estufa do que o dióxido de carbono.

Um estudo realizado no Canadá buscou investigar como o pó de café pode ser usado para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e se transformar em um novo produto. O trabalho é de Alivia Mukherjee, candidata ao doutorado em engenharia química da Universidade de Saskatchewan. “Um dia, sentado em um Tim Hortons local, vi os funcionários descartando os resíduos em enormes sacos plásticos. Comecei a fazer um brainstorm para entender como sobras de matéria orgânica - borra de café de uma das maiores cadeias de café do Canadá - pode ser valorizada para produzir produtos de valor agregado”, destaca.

O objetivo É encontrar estratégias sustentáveis para reutilizar e reciclar resíduos orgânicos no Canadá, em vez de enviá-los para aterros sanitários. No caso dos resíduos moídos de café, a substância residual tem o potencial de servir como uma armadilha para o dióxido de carbono.

Usando a tecnologia síncrotron da Fonte de Luz Canadense (CLS), Mukherjee tratou a borra com calor para alterar as características da superfície dos grãos de café. Tratar os resíduos dessa maneira permite que se tornem mais eficazes no armazenamento de carbono. “Com essas descobertas, podemos ajustar ainda mais para ajudar a melhorar a interação com o dióxido de carbono em um cenário de pós-combustão”, disse.

O trabalho da engenheira pode ser aplicado ao conceito de captura e armazenamento de carbono. Esta técnica de redução de emissão de carbono se concentra em capturar as emissões antes que sejam lançadas na atmosfera e contribuam para o aquecimento global.

A questão de como ser ecologicamente correto e ao mesmo tempo estimular o crescimento econômico global tem sido um debate público de longa data, e o projeto de Mukherjee poderia servir como um exemplo de uma possível solução. “Acredito que vai animar o público ao saber que beber café não se limita apenas a um prazer cotidiano que contribui para a economia, mas também que os resíduos gerados podem ter um impacto significativo no meio ambiente”, comentou.

Mukherjee estima que os resíduos de café fisicamente alterados que resultam do tratamento térmico podem ser vendidos por até dois dólares por libra como um novo produto para uso em indústrias emissoras de alto carbono. Um dos benefícios do processo é que ele pode ser facilmente adaptado às indústrias existentes, como usinas de energia e químicas, para ajudar a reduzir as emissões de carbono.

“O elemento único da minha pesquisa está no fato de que estou explorando os resíduos gerados na indústria do café que não são apenas abundantes e baratos, mas também vêm com atrativos traços físicos e químicos inerentes. Além disso, os resultados podem ser usados ??para valorizar as frações orgânicas nos resíduos do chá”, disse Mukherjee.

A próxima etapa da pesquisa será investigar formas de tornar o processo mais econômico e eficiente para as indústrias implementarem em suas operações. Após a conclusão de seu programa de doutorado, Mukherjee planeja trabalhar como cientista do clima para buscar soluções potenciais para o aquecimento global.

 

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