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Brasil: país emergente e agronegócio de primeiro mundo?

A importância do agronegócio para o Brasil é indiscutível


Ainda que o Brasil viva um momento de angústias e incertezas da economia brasileira, em contrapartida, no setor agrícola as coisas não vão mal e o setor cresce, mesmo com a crise nos demais setores. A importância do agronegócio para o Brasil é indiscutível: representa 25% do PIB nacional e é responsável pelo saldo positivo da balança comercial (R$ 96 bilhões em 2017). Em 2019, o agronegócio brasileiro iniciou com perspectivas otimistas, mesmo com um cenário marcado por incertezas.

O Brasil é forte na produção agrícola e é promessa de que não faltará alimento para suprir as demandas futuras da humanidade, dado o enorme potencial que possui em recursos naturais e pela incontestável eficiência para produzir em zonas tropicais de baixa latitude. Se bem o Brasil é classificado como país emergente, seu setor agrícola pode ser considerado desenvolvido, dada a dinâmica e eficiência do seu processo produtivo.

A estimativa do valor bruto da produção agropecuária (VBP) de 2019 é de R$ 597,8 bilhões, 1,4% acima do valor obtido em 2018, que foi de R$ 589,6 bilhões. O valor deste ano é o segundo maior desde que foi iniciada esta série de dados em 1989. Fica abaixo apenas em relação ao ano de 2017, cujo valor foi de R$ 601,8 bilhões. A pecuária lidera o crescimento, com acréscimo de 3,3% em relação ao ano passado, enquanto as lavouras têm crescimento real previsto de 0,5%.

De acordo com o pesquisador, Amélio Dall'Agnol, o Brasil agrícola que hoje desfrutamos é muito diferente do Brasil do início dos anos 70, quando começou a virada no agronegócio nacional. A atual produção agrícola brasileira é capaz, não apenas de auto abastecer o país com alimentos, como, também, de gerar vultosos excedentes exportáveis, suficientes para alavanca-lo de importador líquido de alimentos nos anos 70, para atual 2º maior exportador global desses produtos. 

Amélio ressalta que, quem ajudou o Brasil a dar um passo gigante rumo à produção de grandes volumes de produtos agrícolas foram, principalmente, outros países emergentes, muito especialmente as gigantescas importações de commodities por parte da China, quem responde atualmente por mais de 20% de tudo o que o Brasil exporta. É nessa comunidade de nações onde o Brasil ganha força, dada a enorme necessidade desses países pelos produtos comercializados pelo Brasil: grãos, carnes, açúcar e minérios, entre outros.

O crescimento do PIB da China em 2016 foi de 6,7%, o menor dos últimos 26 anos. Embora com PIB crescendo com menor intensidade, o aumento da renda per capita da população chinesa está promovendo maior consumo de alimentos (principalmente proteína animal), o que incentiva as exportações brasileiras conforme ilustrado pelas importações de soja, que continuaram crescendo, mesmo com a queda do PIB.

A Índia, cuja população não difere muito da chinesa, consome muito menos porque sua renda per capita é uma fração da chinesa (US$ 1.709 contra US$ 8.123). Em 2000, no entanto, a renda per capita chinesa (US$ 959) era metade da renda per capita atual dos indianos, mas cresceu mais de oito vezes desde então. O mesmo poderá acontecer com a Índia. O PIB indiano em 2016, por exemplo, cresceu mais do que o chinês (7,1% contra 6,7%) e a previsão do Fundo Monetário Internacional é que essa seja uma tendência pelos próximos anos, o que poderia gerar demandas substanciais de commodities brasileiras, igual aconteceu com a China.

A China e a Índia, assim como outras nações populosas da Ásia, são limitadas em recursos naturais (terra e água, principalmente), no que o Brasil é indiscutivelmente um grande privilegiado. 

Se bem o Brasil não possa orgulhar-se da eficiência e do dinamismo do conjunto da sua economia, no âmbito agrícola ele pode cantar de galo e comparar-se com o agronegócio dos países do Primeiro Mundo.
 

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