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Brasil é exemplo na taxa de lotação do pasto

Especialistas avaliam que há espaço para melhorar ainda mais


Foto: Marcel Oliveira

A taxa de lotação representa a relação entre a quantidade de cabeças ou de peso dos bovinos em uma unidade de área, por um determinado tempo. Essa taxa é importante, pois o grau de densidade de bovinos influencia na capacidade de suporte das pastagens e no desempenho individual. Quando a taxa de lotação está maior que a capacidade de suporte, há um super pastejo e degradação do pasto. Por outro lado, quando essa taxa é menor, ocorre o sub-pastejo e apesar dos animais terem um maior ganho de peso por cabeça, há um menor ganho por área e o excesso de forragem não consumida resulta em desperdício. 

Segundo a Carta Boi, desenvolvida pela Scot Consultoria, no Brasil, a taxa de lotação é medida através da relação entre o número de cabeças de bovinos por área (em hectares), ou então, considerando um peso padrão, a unidade animal (UA = 450kg). Internacionalmente há outras medidas para definir a taxa de lotação. O livestock unit (LSU), por exemplo, é uma medida de peso animal padrão, como no caso da unidade animal. Contudo, há diferentes relações de pesos para cada categoria/espécie animal. 

A taxa de lotação também indica nível de tecnificação da produção, uma vez que é coerente pensar que para suportar uma taxa de lotação alta é necessária uma pastagem com uma alta capacidade de suporte. 

Especialistas estimaram a taxa de lotação do Brasil e a capacidade de suporte das pastagens, a uma lotação média de 0,97 UA/ha em 2015, com estimativa da capacidade máxima de suporte de 3,6 UA/ha. “Claro que para atingir essa capacidade, somente com tecnificação da produção. Pensando nisso, fizemos projeções das taxas de lotação em alguns países. As projeções foram baseadas em dados da FAO para diferentes países que são destaques para a pecuária mundial, seja na produção de carne ou leite, além da União Europeia e da média mundial”, afirmam os especialistas.

A maior taxa de lotação de pastagem do mundo está na Holanda e ao considerarmos o ranking mundial proposto pela FAO, o Brasil ocupa a 23ª posição juntamente com a Alemanha. Apesar do Brasil ser destaque e possuir mais que o dobro da taxa de lotação da média dos países da União Europeia, alguns países desse bloco econômico apresentam taxa de lotação maior que a do Brasil, como é o caso da própria Holanda com 2,67 UA/ha e a Irlanda com uma densidade de 1,91 UA/ha.

A Austrália, apesar de ter apresentado uma densidade animal 10 vezes menor que as pastagens do Brasil se destaca na produção de carne bovina. Seu rebanho é de 23,2 milhões de cabeças, equivalente a 10,8% do rebanho do Brasil, e a produção é de 2 milhões de toneladas equivalente carcaça/ano, aproximadamente 19,8% da produção brasileira. Cerca de 2/3 do sistema de produção na Austrália está baseada em pasto com inclusão de grãos na fase de terminação. A Argentina é outro país que merece destaque. Seu rebanho de 53,8 milhões de cabeças e representa 25,1% do rebanho do Brasil, e a produção de 3,1 milhões de toneladas equivalente carcaça/ano equivale à 29,8% da produção.

Apesar da taxa de lotação ser um dos indicadores de tecnificação, ela não deve ser analisada isoladamente. Outros atributos como taxa de desfrute, precocidade, peso de carcaça, e parâmetros ligados à reprodução e ao sistema de produção, além da produção e manejo das pastagens, também refletem a tecnificação do sistema. Um exemplo disso, é que parâmetros que expressam giro de lotes mais rápido e que resulta em maior produtividade, não é captada na taxa de lotação. “Apesar do Brasil apresentar uma alta taxa de lotação em relação a outros países de destaque e bastante acima da média mundial, ainda há um grande potencial para aumentar a produtividade por meio da tecnificação e da intensificação da produção”, dizem.

A publicação é assinada por Rafael Suzuki e Rodrigo Queiroz, ambos analistas de mercado da Scot Consultoria. 
 

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