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Brasil já superou exportações de mel de 2008

Levantamento do Sebrae e Rede Apis destacam informações sobre as vendas do produto para o exterior; os Estados Unidos são o nosso maior comprador


Brasília - O Brasil já superou, nos sete primeiros meses de 2009, o total de mel exportado no ano passado, com receita de US$ 43,90 milhões e 17,72 mil toneladas vendidas. Em 2008, as exportações de mel chegaram a US$ 43,57 milhões, em um total de 18,27 toneladas. Na comparação com os sete primeiros meses do ano passado, o aumento nas vendas ao exterior ficou em 99% em valor e 84% em quantidade.

De junho para julho de 2009, o preço do mel subiu de US$ 2,48 para US$ 2,54 o quilo. Os dados são de levantamento realizado pelo Sebrae e a Rede Apicultura Integrada Sustentável (Rede Apis) junto à Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).

Para Reginaldo Resende, da Unidade de Agronegócios do Sebrae Nacional e coordenador da Rede Apis, a notícia é bastante positiva. “Houve aumento no preço do produto e nas exportações em um momento em que normalmente haveria queda”, observa. “No hemisfério norte, onde estão nossos maiores compradores, é verão e normalmente o grande consumo deste produto ocorre no inverno”, assinala Reginaldo.

Na opinião do coordenador, a não ocorrência de queda nas vendas e o aumento nos preços, em relação ao ano passado, podem indicar que os estoques de mel no mercado internacional estejam abaixo dos níveis normais, uma vez que este mercado apresenta poucos importadores, que determinam as cotações de preços.

Joelma Lambertucci, presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Mel (Abemel), diz que o aumento na produção se relaciona, entre outras causas, ao fato de as empresas brasileiras já atenderem às normas para exportar à Europa. “Com o fim do embargo ao mel brasileiro na Europa, boa parte das empresas passou 2008 em processo de adequação às normas exigidas pelo Ministério da Agricultura”, observa. “O importante é que o Brasil conseguiu mostrar ao mundo que pode fornecer um mel de excelente qualidade”, ressalta.

Onze estados brasileiros exportam mel. São Paulo é o campeão, com o valor de US$ 11,98 milhões. Em seguida, vêm Ceará (US$ 8,16 milhões), Rio Grande do Sul (US$ 6,56 milhões), Santa Catarina (US$ 5,70 milhões), Piauí (US$ 4,47 milhões), Paraná (US$ 3,34 milhões), Rio Grande do Norte (US$ 2,56 milhões), Minas Gerais (US$ 464,59 mil), Maranhão (US$ 323,78 mil), Bahia (US$ 167,63 mil) e Mato Grosso (US$ 165,97 mil).

Nos sete primeiros meses deste ano, o preço médio do mel foi de US$ 2,48/kg, superior aos US$ 2,29/kg pagos no mesmo período de 2008, sendo o menor preço obtido por Minas Gerais (US$ 2,21/kg) e os melhores por Mato Grosso (US$ 2,90/kg) e Ceará (US$ 2,89/kg).

Os dados revelam que no período analisado o maior consumidor do mel brasileiro são os Estados Unidos. Os americanos compraram US$ 28,01 milhões, o equivalente a 63,8% das exportações do produto. O segundo maior destino do mel nacional foi a Alemanha, que importou US$ 8,99 milhões (20,5%). O terceiro lugar entre os compradores ficou com a Grã-Bretanha, com US$ 3,69 milhões (8,4%), e o quarto, com o Canadá, com US$ 1,68 milhão (3,8%).

No que se refere aos dados específicos do mês de julho de 2009, registrou-se uma ligeira queda das exportações no valor (1,4%) e no peso (3,7%). Mesmo assim, na comparação com julho de 2008 houve aumento substancial de 35,7% na receita e 36,7% na quantidade.

Ceará na ponta

O cenário de julho passado mostra ainda que o Ceará assumiu a liderança na exportação de mel, com US$ 1,03 milhão exportados, o equivalente a 20,5% das exportações brasileiras de mel. São Paulo, que liderava, passou ao segundo lugar com US$ 815.303 em vendas.

Na visão de Paulo Levy, diretor-presidente da empresa Cearapi, situada na cidade de Crato, no sul do Ceará, a primeira colocação de seu Estado nas exportações constitui um fator momentâneo. Segundo ele, o fato se deve ao período de entressafra no Sul e Sudeste do Brasil e a um atraso na colheita de mel no Ceará pelo excesso das chuvas, o que motivou o excedente em julho.

Mesmo assim, Paulo acredita que o Ceará e o Nordeste passam por um excelente momento na produção. Na opinião do diretor da Cearapi, no longo prazo, a região, “ainda subaproveitada para a apicultura”, tende a se tornar o maior centro de produção do mel brasileiro. “O Ceará hoje conta com empresas estruturadas e o Nordeste oferece condições de clima e flora bastante propícios à nossa atividade”, avalia.

A Cearapi deve exportar em 2009, segundo previsões de Paulo Levy, 2,5 mil toneladas de mel. O diretor conta que a empresa passou por um processo de reestruturação, com apoio do Banco do Nordeste e do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste. “Melhoramos nossa logística para aumentarmos a produção. Também não podemos nos esquecer dos investimentos que outras empresas fizeram, o que contribuiu para a primeira posição do Ceará no ranking de exportadores em julho”, afirma Paulo.

Ainda no o mês de julho de 2009, os Estados Unidos permaneceram como principal mercado para o mel brasileiro. No período, o país comprou US$ 3,15 milhões e absorveu 62,3% desta produção. A Alemanha ficou em segundo lugar ao comprar 15,3% do mel brasileiro em julho, no valor de US$ 830,41 mil. O Reino Unido ocupou a terceira posição ao adquirir US$ 534,17 mil, em um total de 9,6%.

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