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Bunge e Fosfértil projetam retomada e ampliam aportes

A indústria de fertilizantes nacional acredita na retomada das vendas do insumo no segundo semestre deste ano


SÃO PAULO - A indústria de fertilizantes nacional acredita na retomada das vendas do insumo no segundo semestre deste ano e mantém investimentos de médio prazo, com novas plantas entrando em funcionamento nos próximos quatro anos. No entanto, a expansão da produção interna de adubo pode esbarrar na falta de diálogo entre governo e setor privado.

Segundo Vital Jorge Lopes, presidente da Fosfértil, a indústria procurou se posicionar de forma intensa para abastecer o mercado doméstico e que os investimentos na exploração de fósforo seguem em ritmo acelerado. "A indústria nacional está procurando ter uma participação mais forte nas vendas", disse. De acordo com Lopes, a planta do grupo em Uberaba, Minas Gerais, na qual as obras de expansão tiveram início em maio de 2009, deve entrar em operação no primeiro trimestre de 2011 e deve expandir em 27% toda a capacidade de produção da companhia.

Para Lopes, os últimos meses deste ano devem marcar o retorno à sazonalidade que concentra as vendas de fertilizantes no segundo semestre do ano. Segundo o executivo, o mês de agosto deve mostrar o início da liberação de crédito do plano safra de forma efetiva, incluindo a entrega de um grande volume de fertilizantes.

Eduardo Daher, diretor executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), confirma a tendência da volta à sazonalidade habitual na venda de fertilizantes, com a entrega do produto concentrada no segundo semestre. "Em julho o volume entregue foi idêntico e em agosto a carteira de pedidos foi forte", afirmou Daher. As vendas de julho deste ano empataram com as do mesmo mês do ano passado, em 2,4 milhões de toneladas. "Em agosto deve passar de 2,5 milhões de toneladas", prevê o executivo da Anda. Se confirmada a estimativa, pela primeira vez no ano o volume de fertilizantes entregue no mês superaria o montante negociado no mesmo período do ano passado. Em agosto de 2008, a quantidade de adubo comercializado foi de 2,08 milhões de toneladas.

A Bunge Fertilizantes, maior empresa do setor, também segue com projetos de expansão no País. De acordo com Mario Barbosa, presidente da empresa, o estudo de viabilidade para a exploração de fosfato na Serra do Salitre, em Minas Gerais, deve ser finalizado dentro de 60 dias. Segundo o executivo, os recursos da ordem de R$ 3,2 bilhões anunciados pela companhia no ano passado estão mantidos, assim como o cronograma da aplicação desses investimentos. "Dentro de três a quatro anos estaremos com novos projetos funcionando", garantiu.

Ainda no segmento de fosfatos, a empresa deve terminar em um ano e meio a expansão da unidade de Araxá, também em Minas Gerais, que deve aumentar em 50% a atual capacidade na exploração de rocha fosfática, que varia entre 700 mil e 800 mil toneladas. "Cerca de 50% dos investimentos da Bunge estão no Brasil. Os maiores investimentos são destinados ao País", afirmou Barbosa.

Governo versus indústria

O presidente da Bunge criticou a Política Nacional de Fertilizantes do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, que incluiria um acordo estratégico para criar uma empresa estatal em parceria com a Rússia na área de produção de fertilizantes. Segundo Barbosa, até o momento ninguém na indústria nacional foi convidado a participar das discussões.

"Essa notícia nos deixa chocado. Ao invés de convidar a indústria para equiparar a produção nacional à importação, o governo vai fazer uma joint venture na Rússia para aumentar a importação", afirmou o executivo.

Segundo informações divulgadas na imprensa, a binacional de capital fechado também poderia administrar as novas concessões de exploração de jazidas no Brasil. Segundo Barbosa, para uma empresa sediada no Brasil concorrer com uma estrangeira de fertilizante ela tem que reduzir seus preços de 8% a 10%.

Hoje, as empresas de fertilizantes lideradas pela Anda devem se reunir para formular um documento que será encaminhado ao governo. Nele, a indústria irá pedir para que seja inserida nas discussões referentes à Política Nacional de Fertilizantes, colocando sua expertise à disposição de futuros trabalhos de pesquisa.

Segundo André Pessoa, presidente da Agroconsult, atualmente o tempo de implementação de um novo projeto de exploração de matéria-prima para fertilizantes no Brasil pode chegar a quase dez anos entre a pesquisa e a obtenção de todas as licenças ambientais. "Para a implementação de projetos na área de NFP [nitrogênio, fósforo e potássio] o custo pode chegar a R$ 1,5 bilhão", destaca Pessoa.

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