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Chineses vêm ao Brasil para disputar setor de defensivos

As companhias já se preparam para se firmar não só como fornecedoras de defensivos como detentoras do registro para a comercialização


Empresas chinesas desembarcam no Brasil para disputar com multinacionais do setor - entre elas a Monsanto - o mercado de defensivos no País. As companhias asiáticas já se preparam para se firmar não só como fornecedoras de defensivos agrícolas como detentoras do registro para a comercialização. A maioria dos produtos oferecidos são genéricos e já entram no mercado a preços bastante competitivos.

Steven Lu, diretor do Fuhua Group, é um dos executivos que chegou essa semana ao Brasil para avaliar o mercado e prospectar possíveis parceiros. Segundo o empresário, até o final do ano a companhia será a segunda maior fabricante de glifosato da China e a terceira maior do mundo. "Sendo tão grande assim não temos outra opção que não a de entrar em grandes mercados e nesse caso o Brasil é o maior", disse.

O Fuhua Group já tem pedidos de registros em andamento no Brasil e, tão logo sejam aprovados, a expectativa é a de que dentro de um período de cinco anos o País represente de 20% a 30% do volume de vendas da empresa. "O custo do registro no Brasil é alto, mas os lucros são proporcionais", afirma Lu. No Brasil, a líder de vendas em glifosato é a Monsanto, gigante do setor agrícola.

Segundo Lu, a receita para entrar na disputa é qualidade e preços competitivos, o que, de acordo com o executivo, será possível devido a capacidade de produção da empresa, que também pretende apostar na prestação de serviços pós-venda.

Flávio Hirata, diretor da Allier Brasil, é um dos intermediadores da entrada das empresas chinesas no Brasil. Ele organiza a terceira edição do AgrochemShow, maior evento de intercâmbio comercial com a China na área de insumos que acontece nesta semana, em São Paulo. "As empresas chinesas passaram a entender que o registro é a porta de entrada para o mercado brasileiro", diz. "Os interessados são empresas de genéricos brasileiras e estrangeiras, além das multinacionais do setor que querem observar o que acontece no mercado", diz Hirata.

O executivo lidera uma comitiva com cerca de 100 representantes de 55 companhias. Nos anos anteriores da feira, que ocorre bianualmente, participaram do evento 23 empresas. A visita é financiada pelo governo chinês para promover as empresas do país. Segundo Hirata, o interesse dos chineses é crescente porque são os maiores produtores de agroquímicos do mundo e não conseguem absorver a produção.

Ma Chunyan, representante da CCPIT (uma organização governamental da China), que já está na sua sexta visita ao Brasil, atribui a intensificação do intercâmbio nesse setor ao desenvolvimento do agronegócio e ao menor impacto da crise mundial em ambos os países. "As empresas tanto brasileiras quanto chinesas estão interessadas no negócio e a minha função é a de apresentar empresas que tenham potencial para competir", disse.

Além da rodada de negócios que acontece durante a Agrochem, os chineses visitaram ontem, na cidade de Piracicaba, no interior de São Paulo, a empresa Bioagri, a principal em registro de produtos agroquímicos na América Latina. Segundo Roberto Bonetti, vice-presidente da companhia, a China é hoje um dos principais fornecedores do Brasil e parceira de praticamente todas as indústrias. Mais de 90% dos compostos testados pela Bioagri (cerca de 2 mil itens por ano), tem participação direta ou indireta de empresas chinesas. "É um mercado que será crescente nos próximos cinco anos. Nesse período vamos registrar muitos produtos", afirmou Bonetti.

Manoel Avelino de Camargo Olivério, proprietário da Decisão Pesquisa Agropecuária, empresa que realiza testes para agroquímicos, explica que hoje no Brasil as empresas precisam da aprovação de três órgãos para receber a licença de comercialização: Ministério da Agricultura, Anvisa e Ibama. "O Brasil é um dos países mais exigentes do mundo. Se conseguirem estabelecer uma relação com as empresas daqui, terão uma porta de entrada para toda a América Latina", destacou.

Rogerio Antoniali, da Encomex Trading, explica que o mercado de agroquímicos no País é fechado, no entanto, ressalta que o preço diferenciado dos genéricos chineses dá competitividade. "Estamos fazendo contato com eles para negócios futuros. O produto genérico veio para ficar".

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