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Cooperativa exporta menos no semestre, mas espera retomada

Estimativa da OCB é de que vendas ao exterior podem até superar os US$ 4 bilhões de 2008


Vendas de produtos industrializados em alta, câmbio razoável, quantidades maiores e preços em dólar acima das médias históricas devem salvar o ano das cooperativas no mercado externo. As exportações diretas do segmento, previstas para recuar 10% no início deste ano, podem empatar ou até mesmo superar os US$ 4 bilhões registrados em 2008, estima a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).

Mesmo com um primeiro semestre marcado pelo recuo de 6% nas vendas externas, as cooperativas se animam com a recuperação econômica mundial, a boa demanda em mercados árabes e asiáticos, além dos preços firmes dos mercados futuros. "Não me surpreenderia se o resultado fosse até melhor do que no ano passado", aposta o presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas.

Nos primeiros seis meses de 2009, as sociedades venderam US$ 1,75 bilhão ao exterior. O saldo comercial aumentou 1,6% no semestre, de US$ 1,58 bilhão para US$ 1,61 bilhão. Embora inferior ao desempenho de 2008, o resultado desse primeiro semestre foi o segundo melhor da série histórica iniciada em 2004.

Em moeda nacional, convertida pela média de R$ 2,19 por dólar, foi a melhor performance para esse período: R$ 3,83 bilhões. "Dá para tirar essa diferença de 6% no segundo semestre. Normalmente, é a época em que se exporta mais açúcar, álcool e café. Além disso, soja e carnes começaram a reagir a partir de abril. Isso vai compensar um pouco", analisa Freitas.

Os efeitos da crise financeira sobre os principais importadores complicaram o cenário dos primeiros seis meses. Mas a China fez uma antecipação providencial de suas compras de soja, projetadas em 38 milhões de toneladas neste ano. "O câmbio em alta no primeiro semestre influenciou muito. Mesmo com oscilações", avalia o analista de mercados Marcos Antonio Matos, da OCB. "Mesmo com câmbio ruim, abaixo do 'ponto de equilíbrio' de R$ 1,85, os preços devem subir em dólar por causa da demanda em alta provocada pela recuperação econômica".

A soja tem preços de US$ 12 por bushel para setembro, bem acima das médias históricas. Como as cooperativas vendem mais farelo e óleo de soja do que grãos, a renda em dólares será melhor, avalia a OCB. No açúcar, a quebra da produção da Índia, um dos maiores produtores mundiais, manterá os preços elevados. No café, o cenário é positivo tanto pela menor produção interna quanto pela quebra das safras do Vietnã e da América Central. Mesmo no complexo carnes, segmento dos mais atingidos pela crise de consumo, os preços melhoraram e a demanda tende a aumentar, sobretudo nos países da União Europeia. O recuo de 30% nas vendas deve ser menor.

A melhora no cenário também incluiu a diversificação de destinos. "Ganhamos mercado nos países árabes e nos emergentes", diz Marcos Matos. No primeiro semestre, as cooperativas exportaram mais para Arábia Saudita, Emirados Árabes e Irã do que para mercados tradicionais, como Rússia, Estados Unidos e Japão. Os maiores compradores foram China, Alemanha e Países Baixos.

Na origem das exportações, o ranking permaneceu quase inalterado, com as cooperativas do Estado do Paraná na liderança, seguidas de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Embora as cooperativas de Mato Grosso tenham subido várias posições e assumido o quinto lugar, à frente das sociedades de Santa Catarina e Goiás. Os produtos mais embarcados pelas cooperativas ao exterior foram do complexo soja, sucroalcooleiro e carnes, além de café, cereais, algodão e produtos lácteos.

No primeiro semestre de 2009, as exportações totais do agronegócio somaram US$ 31,44 bilhões, um recuo de 6,9% na comparação ao mesmo período de 2008. As importações do setor registraram redução de 9,6% no período, totalizando US$ 5,08 bilhões. O saldo comercial do agronegócio do país teve contração de US$ 28,15 bilhões para US$ 26,35 bilhões.

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