CI

Crise internacional dificultou comercialização em MT

O produtor teve dificuldade na comercialização da safra, que apresentou índices muito menores se comparado aos anos anteriores


Uma das situações consideradas atípicas para a sojicultura marcou a safra 2008/2009 do grão em Mato Grosso: dificuldade de comercializar o produto antecipadamente.

O presidente da Aprosoja, Glauber Silveira da Silva, argumenta que a crise internacional comprometeu diretamente as fontes de recursos dos produtores, que têm as tradings e bancos internacionais como principais financiadores da agricultura.

Em decorrência disso, o produtor teve dificuldade na comercialização da safra, que apresentou índices muito menores se comparado aos anos anteriores.

"O produtor teve dificuldade em travar preço no mercado futuro. Quando os valores apontavam para uma recuperação, as tradings se fechavam, fazendo com que a venda fosse mais concentrada da metade da safra para frente", lembra o sojicultor ao completar que para este ano, a perspectiva é que a comercialização seja melhor, já que a problemática da falta de crédito já foi superada, não totalmente, mas está bem menos grave do que na safra 08/09.

Ele conta que em anos anteriores era mais fácil trocar a soja que ainda seria produzida por defensivos e fertilizantes, porém, a crise financeira reduziu as chances deste tipo de negociação, travando o avanço da chamada venda futura.

"Podemos avaliar que a safra deste ano foi boa. O clima ajudou e tivemos uma produção média de 50 sacas (60 kg) por hectare". Com relação à colheita, o presidente da Silva diz que é difícil traçar uma projeção de como será na safra que começa em setembro, já que vai depender do clima e de outros fatores.

Silva adianta que para a próxima safra os produtores voltarão a investir em tecnologia, não nos mesmos patamares de anos anteriores, mas será maior que na safra 2008/2009. Isso será possível por causa da redução no preço dos fertilizantes, que diminuirá um pouco os custos de produção.

Mas, na opinião do presidente, que também é produtor de soja, por causa da não aplicação de insumos na terra no ano passado, o solo está precisando de calagem, que é a correção por calcário. "A falta de disso pode comprometer a produtividade que já foi menor na safra que está terminando".

Em Primavera do Leste, um dos principais pólos produtores de soja, o sentimento do produtor é de preocupação. O presidente do Sindicato Rural da cidade, Milton Rosseto, informa que os sojicultores do município estão apreensivos com as incertezas que rondam a cultura. No entanto, ele pondera que ela está "melhor", que o algodão e o milho.

Segundo Rosseto, uma parte dos produtores da cidade vai migrar para o grão, porém não é possível calcular a quantidade.

"Não que o mercado de soja esteja promissor, mas está apontando para melhores resultados que as demais culturas", diz ao confirmar que dessa forma a área plantada de soja tende a aumentar no município, mas não em decorrência de novas áreas e sim do reaproveitamento das já cultivadas, porém por outras culturas. Ele diz que um dos motivos para a migração é o custo de produção.

Um exemplo citado pelo presidente é com relação às despesas com o algodão, que é até quatro vezes maior do que com a soja.

"Com isso podemos utilizar a tecnologia empregada na cotonicultura na safra anterior, e aproveitar na oleaginosa, reduzindo os custos da lavoura", diz ao explicar que o algodão demanda mais adubação e que após a colheita, o solo pode perfeitamente ser usado por outra cultura, que o resultado em produtividade é satisfatório.

Primavera do Leste está localizada na região Sudeste de Mato Grosso, onde está a segunda maior produção entre as sete regiões do Estado.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.