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Drones podem favorecer lavouras de café

Brasil é um dos poucos países que criou normatização própria para drones de pulverização


Foto: Divulgação

Cafeicultura digital é o título da palestra que o engenheiro agrícola Lucas Fernandes de Souza, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), fará no 23º Simpósio de Cafeicultura das Matas de Minas no dia 6 de abril, em Manhuaçu (MG). Ele vai destacar o uso de drones nas lavouras de café, tanto para monitoramento quanto para pulverização.

Lucas de Souza tem doutorado em agronomia, na área de física do ambiente agrícola, pela Esalq (Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz). Ele é vinculado à Superintendência Federal de Agricultura de São Paulo (SFA-SP), o “braço” do ministério no Estado, e atua em Piracicaba.

De acordo com o servidor, o café é uma das culturas com grande potencial para uso de tecnologias digitais, já que o setor é apenas o quinto principal mercado para as agtechs, segundo dados do Radar Agtech Brasil 2020-21. No caso da cafeicultura em áreas acidentadas, como Minas Gerais, a aplicação de defensivos por drones seria um método mais viável do que os maquinários terrestres, por exemplo.

“Inicialmente, os drones agrícolas no Brasil eram usados para monitorar as lavouras, acompanhar a saúde e o estágio em que elas estão – como floração ou maturação. Você também consegue visualizar a qualidade da palhada após a colheita, mapear o desmatamento em florestas muito densas, umidade do solo, análise de fertilidade do solo”, explicou.

Nos últimos cinco anos, no entanto, começaram a circular no país os drones de pulverização, um mercado dominado pelos países do leste asiático, especialmente a China. Devido à crescente demanda do uso deste equipamento no Brasil, o Mapa constatou a necessidade de normatizar a atividade. Todo o processo de normatização contou com a participação de servidores da SFA-SP. A portaria nº 298, que regulamenta o uso de drones de pulverização no país, foi publicada em 21 de setembro de 2021.

O Brasil é um dos poucos países do mundo que têm uma normatização própria para drones de pulverização. Além de determinar as normas para as aplicações visando a segurança das pessoas e do ambiente, a iniciativa vai permitir conhecer melhor o setor – por exemplo, saber quantos drones de pulverização operam no país e onde eles estão – e fomentar o uso da tecnologia.

Segundo Lucas, os drones não substituem a aviação agrícola na pulverização, mas funcionam como um complemento. A legislação brasileira da aviação agrícola prevê restrições em relação à aplicação de defensivos a 500 metros de povoações, cidades, vilas, bairros, de mananciais de captação de água para abastecimento de população e de 250 metros de mananciais de água, moradias isoladas e agrupamentos de animais. O drone pode fazer uma aplicação mais precisa nessas bordaduras, chegando a 20 metros.

A fiscalização da aviação agrícola é realizada por auditores fiscais federais agropecuários e auxiliares técnicos do Mapa. De acordo com a auditora Uéllen Colatto, chefe da Divisão de Aviação Agrícola do ministério, a portaria publicada em setembro do ano passado estabelece regras para a operação de aeronaves remotamente pilotadas destinadas à aplicação de agrotóxicos e afins, adjuvantes, fertilizantes, inoculantes, corretivos e sementes.

“Caso as normas da aviação agrícola não sejam cumpridas, os operadores estarão sujeitos a penalidades administrativas que incluem multas, suspensão ou cancelamento do registro da empresa, além de penas cível e criminal, em caso de crime ambiental”, explicou. Além da fiscalização de rotina, todas as denúncias referentes às atividades da aviação agrícola recebidas pela Ouvidoria do Mapa são apuradas pelo corpo técnico.

Todos os operadores de drones que aplicam insumos devem registrar a atividade no ministério. É obrigatório que o operador faça o curso para aplicação aeroagrícola remota, o chamado CAAR, e que esteja presente no campo durante as operações para monitorar as condições e registrar a ação.

Segundo Uéllen, o Brasil tem atualmente 14 entidades que oferecem essa formação e 19 empresas prestadoras do serviço de pulverização com drones, sem contar as aeronaves tripuladas.

O evento em Minas Gerais é promovido pela Associação Comercial, Industrial e Agronegócios de Manhuaçu (Aciam) e acontece nos dias 6 e 7 de abril, reunindo cafeicultores, empresários, pesquisadores, técnicos e engenheiros agrônomos ligados à cadeia produtiva do café na região das Matas de Minas Gerais. A proposta do simpósio é garantir à produção daquela região uma identidade e um padrão únicos, por meio da difusão de tecnologias e do conhecimento. Mais informações podem ser obtidas na página do evento.

* Com informações SFA-SP

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