CI

Embrapa lança em Rondônia semente de soja adaptada ao sistema orgânico de cultivo


Um segmento de mercado ainda não descoberto pela maioria dos pequenos e médios produtores rurais desponta como um dos filões frente aos desafios da produção comercial imposta pelos grandes empresários rurais: a produção orgânica. Apresentada na semana passada em dia-de-campo organizado pela Embrapa Rondônia (Porto Velho/RO).

Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e pela Emater, a cultivar de soja BRS Pirarara cultivada em experimentos livres de adubos químicos ou agrotóxicos, mostra que o sistema orgânico é viável tanto para a agricultura de subsistência quanto para a comercialização, alcançando, neste segmento, cotações bem superiores à saca da soja convencional.

O evento apresentou uma experiência satisfatória desenvolvida em conjunto pelas duas instituições de pesquisa e desenvolvimento com o Instituto Adventista Agro-Industrial da Amazônia Ocidental (IAAMO), entidade filantrópica que atende cerca de 200 alunos matriculados no Ensino Fundamental e Médio de Mirante da Serra, município localizado a 390 quilômetros de Porto Velho, capital de Rondônia. Cento e cinqüenta quilos de sementes da cultivar foram doados pela Unidade da Embrapa localizada no Estado e plantadas no final de novembro do ano passado, em sistema totalmente orgânico, sem tratamentos químicos, manejada somente com cutelo e foice pelos alunos da entidade.

Às vésperas de ser colhida, a produção deve alcançar, na projeção do engenheiro agrônomo da Embrapa Rondônia responsável pelo projeto, João Maria Diocleciano, até 30 sacas / hectare. "Como a cotação da soja orgânica é bem maior que a da soja convencional, a comunidade terá, praticamente, somente lucros com a produção, já que não houve gastos com adubos ou fertilizantes químicos", diz. Na última semana, o quilo da soja orgânica estava cotado a R$ 5. A produção de cinco hectares no experimento no IAAMO deve gerar, aproximadamente, R$ 9 mil de receita. "A produção orgânica deve ser mais valorizada pela ausência de métodos imediatos no controle de pragas e doenças. O preço realmente deve ser diferenciado", acrescenta o também engenheiro agrônomo da Embrapa Rondônia Samuel Fernandes.

Para o diretor da instituição de ensino, o pastor Carlos Augusto da Silveira Pacheco, o projeto deve ser apenas o início de novas parcerias. O regime alimentar da escola é ovolactovegetariano, ou seja, os alunos não se alimentam de nenhuma espécie de carne no refeitório. "A soja é um produto natural consumido no internato e fonte de proteínas para nossos estudantes. Temos a Embrapa como parceira no desenvolvimento de novos experimentos como esse abordado no dia-de-campo", afirma. "O produto já faz parte do cardápio da escola e a aprovação é integral", completa.

Tecnologia Embrapa – O sistema orgânico é, atualmente, uma das alternativas para agregar valores aos produtos cultivados pelos agentes da cadeia produtiva que compõem o nicho conhecido como agricultura familiar, uma das prioridades de atuação do presidente da Embrapa, Clayton Campanhola. Para o engenheiro agrônomo da Embrapa Rondônia, João Maria Diocleciano, ainda existe um diferencial desenvolvido pela Embrapa: o uso de inoculantes, bactérias responsáveis pela fixação de nitrogênio na planta.

Pesquisadores descobriram que essas bactérias são capazes de transferir o nitrogênio atmosférico – responsável pelo fornecimento de proteínas – para a planta, substituindo adubos nitrogenados. A tecnologia ainda apresenta uma particularidade: tais bactérias somente se desenvolvem abaixo dos trópicos, fazendo com que o principal produtor de soja do mundo, os Estados Unidos, invista ainda na aplicação de adubos com nitrogênio. "Produzimos com um custo menor que o dos Estados Unidos", acrescenta Diocleciano. Para o secretário-executivo da Emater Rondônia, Sorrival de Lima, a parceria entre as duas instituições no desenvolvimento do projeto só tende a melhorar a alimentação humana, levando tecnologias como essa aos pequenos produtores. "Nossa intenção é apresentar o cultivo orgânico com tecnologia acessível ao pequeno produtor", completa.

Produtores da região aprovam projeto - O prefeito de Mirante da Serra, município onde está localizado o experimento, Antônio Barroco, frisa que a intenção da Secretaria de Agricultura é "abrir as portas para buscar parcerias e aumentar a qualidade dos produtos cultivados na cidade". Segundo ele, a produção orgânica já é uma das metas da administração: polpas de frutas orgânicas abastecem hospitais, creches e escolas.

Para o produtor, a tecnologia abre novos horizontes. "Quero aprender as técnicas básicas para o cultivo da soja orgânica. O produto é uma alternativa viável para o incremento da renda do meu sítio", diz o produtor José do Nascimento, que vende frutas produzidas com o método orgânico para a Associação de Produtores Alternativos (APA), entidade localizada no município de Ouro Preto d'Oeste, a 330 quilômetros da capital de Rondônia.

O dia-de-campo em Mirante da Serra teve o apoio da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), da Agência de Defesa Sanitária de Rondônia (Idaron), do Banco do Brasil e da Prefeitura e Câmara Municipais de Mirante da Serra. Mais informações sobre novas tecnologias desenvolvidas pela Embrapa Rondônia podem ser obtidas junto à assessoria de comunicação social pelo telefone (69) 225-9387 ou pelo e-mail [email protected] .

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.