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Enfezamento do milho tem rede de pesquisa no Paraná

Representantes de entidades que se dedicam à pesquisa agropecuária estão reunidos em Londrina


Foto: Pixabay

Representantes de entidades que se dedicam à pesquisa agropecuária estão reunidos em Londrina para formalizar e discutir detalhes de parceria com o objetivo de realizar estudos sobre o complexo do enfezamento do milho. O encontro começou na manhã desta quarta (26), na sede do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná — Iapar-Emater), e prossegue nesta quinta (27), com encerramento ao meio-dia.

“Nosso objetivo aqui é integrar os parceiros e financiadores da rede, estabelecer as estratégias de integração e, também, mecanismos para divulgar os resultados das pesquisas que serão realizadas para a comunidade acadêmica e, principalmente, para os produtores”, afirmou a diretora de pesquisa e inovação do IDR-Paraná, Vania Moda Cirino.

Além do IDR-Paraná, estão envolvidas na iniciativa a Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), UEL (Universidade Estadual de Londrina), Uenp (Universidade Estadual do Norte do Paraná), UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa), Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste), UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), UniCesumar, Embrapa Milho e Sorgo, Embrapa Cerrados e as cooperativas Coamo, Cocamar, Copacol e Integrada.

“O enfezamento é um novo problema e a estratégia tecnológica está para ser desenvolvida para que a gente aprenda a conviver e superá-lo. Buscar cultivares tolerantes ou, no mínimo, encontrar o melhor manejo”, afirmou o secretário de agricultura e abastecimento, Norberto Anacleto Ortigara, em pronunciamento por videoconferência.

A cooperação envolve doze projetos de pesquisa agronômica, abrangendo a avaliação — no campo e em ambiente controlado — da tolerância de cultivares de milho disponíveis no mercado, o monitoramento de populações de cigarrinha-do-milho e, ainda, o seu controle com inseticidas sintéticos e biológicos.

Também em participação por videoconferência, o secretário de ciência, tecnologia e ensino superior, Aldo Nelson Bona, destacou a importância de utilizar a estratégia de colaboração entre instituições como estratégia. “Tudo o que temos de bom em termos de ativos tecnológicos deve estar cada vez mais conectado com as demandas da sociedade. Nessa parceria, governo, academia e sociedade se articulam para resolver os problemas do cotidiano por meio do conhecimento”, disse ele.

O investimento previsto é de R$ 3,8 milhões, recurso proveniente da Fundação Araucária — entidade de apoio ao desenvolvimento científico e tecnológico vinculada à Seti (Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná) —e do Senar-PR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural). A duração dos projetos é de três anos.

O PROBLEMA — A doença envolve um inseto, a cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis), que transmite o vírus da risca e as bactérias fitoplasma e espiroplasma , também conhecidas como molicutes. Por isso, os técnicos a denominam “complexo” do enfezamento.

A cigarrinha se contamina ao sugar a seiva de plantas infectadas e transmite os patógenos quando se alimenta novamente em lavouras sadias. Ela pode voar em um raio de 30 quilômetros, mas, transportada por correntes de ar, pode alcançar distâncias maiores.

A infecção das plantas ocorre no período que vai da emergência até cerca de 35 dias, embora os sintomas — manchas vermelhas ou amarelas nas bordas das folhas ou em formato de riscas (que revela a presença do vírus) e pouco desenvolvimento das plantas — se manifestem com a lavoura já em fase de pendoamento e formação de grãos.

Ivan Bordin, pesquisador do IDR-Paraná responsável pela coordenação do trabalho cooperativo, explica que a estimativa de perdas causadas exclusivamente pela doença é uma tarefa complexa. “Há outras doenças e a questão climática envolvida. Mas, na última safra, observamos casos de produtores que utilizaram cultivares altamente suscetíveis semeadas em época desfavorável que perderam 100% da colheita”, aponta.

O complexo do enfezamento foi primeiramente detectado no Oeste do Paraná há cerca de 20 anos, em ocorrências esporádicas e localizadas. A partir de 2017 começaram a aumentar os relatos de sua presença nas lavouras.

Na safra 2019-2020, extensionistas e técnicos da Adapar realizaram coletas de plantas, cigarrinhas e tigueras em diferentes regiões produtoras do Estado, e o IDR-Paraná confirmou a presença do vírus da risca e das bactérias fitoplasma e espiroplasma.

Até o momento, as principais recomendações para lidar com a doença são o uso de cultivares tolerantes e vistorias constantes no período que vai da emergência das plantas até o estágio de oito folhas, com o objetivo de avaliar a presença da cigarrinha e a necessidade de seu controle com inseticidas químicos ou biológicos.

Também se recomenda o uso de sementes tratadas e a semeadura simultânea em uma mesma região para evitar a chamada “ponte verde”, que é a existência de lavouras em diferentes etapas de desenvolvimento e, com isso, oferta de alimentos e estímulo à migração das cigarrinhas e ao reinício do ciclo de contaminação de cultivos.

A eliminação de tigueras, ou plantas guaxas, do terreno é importante para interromper o ciclo da cigarrinha e dos patógenos.

REDE DE PESQUISA — O projeto cooperativo se dá no âmbito da Rede Paranaense da Agropesquisa e Formação Aplicada, criada pela Seab (Secretaria de Agricultura e do Abastecimento) e a Seti com o objetivo de estruturar redes de inteligência e fomentar o trabalho compartilhado de pesquisa agropecuária no Paraná.

PRESENÇA — Participam do encontro, pelo IDR-Paraná, Rafael Fuentes Llanillo, Altair Sebastião Dorigo e Cristovon Videira Ripol, respectivamente diretor de integração, diretor de negócios e gerente regional em Londrina; Luiz Márcio Spinosa, diretor de ciência, tecnologia e inovação da Fundação Araucária e Débora Grimm, diretora técnica do Senar-PR, além de pesquisadores e representantes de todas as entidades envolvidas na nova rede de pesquisas.

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