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Entenda os efeitos da inflação nos preços dos alimentos

Saiba como a inflação pode afetar a margem de lucro dos produtores


Foto: Pixabay

O Portal Agrolink conversou com Ralph Melles Sticca, professor da FGV AGRO, advogado e sócio do PSAA. 

Agrolink: Quais são os efeitos da inflação no preço dos alimentos?

Ralph: O preço dos alimentos representa 23,12% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA),     que é a inflação oficial do Brasil calculada pelo IBGE. O Índice vem acelerando nos últimos meses em função da pandemia, partindo de 2,31% em julho de 2020 para 8,99% em julho deste ano, ou seja bem acima da meta do Governo Federal , que é de 3,75% e do teto, que é 5,25%, e assim levou o Banco Central a mais uma vez aumentar a taxa Selic para 5,25% ao ano. Mas os alimentos também sentem os efeitos da inflação dos componentes que também são importantes, como a energia elétrica e os combustíveis, pois são indispensáveis para a produção e o transporte dos produtos rurais, desde o campo até o varejo. Portanto, aumentando o custo de produção dos produtores rurais, que acabam repassando parcial ou integralmente ao consumidor final. Mas há outros fatores importantes que também impactam o preço dos alimentos, como o aumento da demanda, que foi decorrente da injeção de recursos da economia, por exemplo, o auxilio emergencial, o cambio desvalorizado e a cotação de preços internacionais, que acabam tornando o mercado externo mais atrativo para os médios e grandes produtores. Além das condições climáticas, como a estiagem e as geadas recorrentes em grandes estados produtores. 

Agrolink: De alguma forma estes efeitos prejudicam a margem de lucro dos produtores rurais? 

Ralph: Sim, seguramente. Ainda que a alta dos alimentos tenda a acompanhar a inflação dos custos de produção do produtor rural, o repasse ao consumidor não é proporcional e sequer imediato, já que as commodities agrícolas se sujeitam as cotações e índices de preços em bolsas internacionais. E esses preços tem a interferência do câmbio no Brasil, como nós somos os principais produtores e exportadores de alimentos do mundo, não há escassez de produto ou espaço para subsídios governamentais ou até politicas de cotas de exportação como acontece em outros países. Portanto, o que predomina nos preços de alimentos no Brasil é a economia de mercado, ou seja, consumir até o limite em que houver a demanda. Porém, há instrumentos que devem ser utilizados pelos produtores rurais, como o seguro rural, que serve para cobertura dos riscos de produção. Infelizmente ainda é muito comum neste mercado a estocagem de produtos não perecíveis por longos períodos, como o café, sempre a espera de um aumento de preço, que pode ocorrer ou não. Mas o produtor rural precisa considerar que esta estratégia traz custos ocultos que acabam não sendo mensurado, como o risco da perda física ou mesmo custo de carregamento financeiro de estoque. 

Ouça a entrevista com Ralph Melles Sticca, professor da FGV AGRO, advogado e sócio do PSAA no AGROLINK NEWS. 

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