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ENTREVISTA: “Bioinsumos movem R$ 1 bilhão no Brasil”

Luiz Carlos Demattê Filho, CEO da Korin Agricultura e Meio Ambiente


Foto: Divulgação

Luiz Carlos Demattê Filho, CEO da Korin Agricultura e Meio Ambiente, revela o tamanho do mercado de bioinsumos no Brasil, e como o País está investindo através de um novo programa nacional para esse setor. Nessa entrevista (publicada originalmente no portal chinês AgroPages) ele fala ainda sobre o posicionamento da empresa no Brasil e os planos para o futuro.

Qual é o tamanho e quanto movimenta o mercado de bioinsumos no Brasil?

Não existem dados oficiais. Estima-se que o negócio de bioinsumos movimente ao redor de R$ 1 bilhão no Brasil por ano, já tratando mais de 50 milhões de hectares de produtos agrícolas, segundo o próprio Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). E cresce a dois dígitos. Isso ocorre devido à crescente busca por soluções em um cenário de valorização de modelos sustentáveis de agricultura e de alimentos naturais e orgânicos. Esse processo avança com muita força no Brasil, mas é global Cada vez mais as pessoas buscam alimentos que resultam de processo de produção sem componentes químicos e com respeito ao meio ambiente

Por que o Programa Nacional de Bioinsumos é essencial para o desenvolvimento da agricultura e pecuária?

O Programa Nacional de Bioinsumos resulta de trabalho iniciado há cinco anos no âmbito da Câmara Temática de Agricultura Orgânica, a qual presido. O MAPA entendeu a necessidade de regular e normalizar a produção de insumos biológicos, pois utilizamos esse conhecimento há mais de um século. O Programa é importante para o setor sob vários pontos de vista, como da sanidade vegetal e animal, condicionamento biológico do solo e dos ambientes de produção e controle biológico nas mais diversas culturas, todos vitais para o sucesso do agronegócio brasileiro. É uma inovação necessária. 

Os Bioinsumos incluem os conceitos de agricultura natural. A natureza tem mecanismos eficientes para a produção. Com o Programa, agora temos um marco regulatório fundamental para normatizar a agricultura natural. E o momento é oportuno, tendo em vista a maior consciência das pessoas em torno dos princípios da agricultura natural. Ele fornece os parâmetros básicos para o desenvolvimento adequado deste setor. Com responsabilidade e menos mercantilista. Bioinsumos são tesouros que a natureza nos fornece e precisamos aproveitá-los bem.

O que é conceito de agricultura natural que a Korin trouxe para o Brasil?

A Korin Agricultura e Meio Ambiente é pioneira no desenvolvimento e fornecimento de bioinsumos no Brasil. A empresa baseia-se nos princípios e conceitos da agricultura natural, sistema desenvolvido pelo pensador japonês Mokiti Okada, observador atento dos fenômenos da natureza que, ainda no século XIX, manifestou preocupação com o método agrícola convencional devido ao emprego excessivo de adubos e agroquímicos e a perda de vigor do solo, afetando a saúde das pessoas. Estes ensinamentos foram disseminados no Brasil pela Fundação Mokiti Okada e o seu Centro de Pesquisas Mokiti Okada (CPMO). 

Eles preconizam que o excesso de insumos químicos altera as funções naturais do solo, resultando em desequilíbrios que alteram a diversidade de macro e micro-organismos indispensáveis ao saudável desenvolvimento das plantas. Mokiti Okada afirma que o solo tem vida e que, com suas características modificadas pelos produtos químicos, torna-se cada vez mais dependente deste tipo de insumos. Dessa forma, a utilização correta dos recursos da natureza possibilita a obtenção de alimentos com energia vital que beneficiam a saúde humana, não apenas a saúde física, mas também espiritual. Esse processo cria a capacidade da construção de uma sociedade equilibrada e justa. O solo tem vida. Ele não é somente uma massa de minerais. É algo vivo, que responde aos sentimentos e à vontade das pessoas e ajuda a construir seres humanos plenos, completos, para a construção de um mundo melhor.

Fale sobre o posicionamento da empresa hoje no País e as soluções oferecidas.

O conceito de bioinsumos é novo, mas Korin trabalha com essa visão há mais de 40 anos (filosofia da agricultura natural). Até recentemente, os bioinsumos eram usados em projetos internos do grupo. O passo seguinte foi oferecer para o mercado. Nesse sentido, a Korin é uma referência para o mercado. Importante ressaltar que os bioinsumos não são usados somente para a produção vegetal, mas também produção animal.

Quais são os planos da empresa no médio e longo prazo?

Em crescimento. Estamos construindo uma nova fábrica no interior de São Paulo e temos duas filiais (MS e MT). Ainda em 2020, queremos ter novas filiais (S e NE) e em 2021 pretendemos estar presentes em, pelo menos, dois outros países da América do Sul. Atualmente, já exportamos para Bolívia e Chile e temos testes em andamento no Paraguai. Nosso projeto envolve a construção de fábricas nesses países, pois cada bioma impõe determinados desafios de conhecimento. É importante que haja o entendimento local. Agricultura natural também preconiza o entendimento da natureza de cada região.

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