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Estudo vai analisar potencial do feijão-mungo para ampliar agricultura do RJ

Cultivo de feijão-mungo pode ser uma alternativa para ampliar as oportunidades agrícolas do Rio de Janeiro


Foto: José Ângelo Nogueira de Menezes Júnior

O cultivo de feijão-mungo (Vigna radiata L.) pode ser uma alternativa para ampliar as oportunidades agrícolas do Rio de Janeiro, sobretudo na região norte do Estado. É isso que a Embrapa Agrobiologia (Seropédica, RJ) pretende avaliar em estudo que deve ter início neste ano, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj). “Com a visão do atual governo estadual de elevar o PIB agrícola para o desenvolvimento econômico do Rio de Janeiro, uma série de oportunidades técnicas, econômicas e logísticas coloca a região Norte, atualmente decadente na produção agrícola, como uma candidata natural para o desenvolvimento do agro fluminense.

E o cultivo de leguminosas pulses, como o feijão-mungo, é atrativo, pela rusticidade do sistema de cultivo, pelos baixos custos de produção, pelo elevado valor agregado e também por causa da proximidade com o mercado consumidor das regiões metropolitanas e com vias de exportação”, destaca o pesquisador Gustavo Xavier, que lidera o projeto. 

Ele explica que apesar de haver vários estudos com a cultura, voltados principalmente para a seleção de linhagens e cultivares, há poucas pesquisas sobre a fixação biológica de nitrogênio (FBN) e os microrganismos envolvidos no processo. “São necessários estudos nesse sentido, como forma de entender a relação planta-microrganismo, além dos microrganismos não fixadores de nitrogênio presentes nos nódulos, que podem também atuar na otimização do processo de FBN na cultura”, aponta.

Para Xavier, o principal objetivo do projeto é caracterizar, identificar e pré-selecionar estirpes associadas em feijão-mungo, bem como analisar a eficiência simbiótica e a quantificação da fixação biológica de nitrogênio (FBN). Espera-se também obter ativos tecnológicos a partir da coleção de microrganismos caracterizados morfológica e geneticamente, avaliados quanto à capacidade de fixar nitrogênio atmosférico. “O potencial impacto de médio e longo prazo será a recomendação de estirpes no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), cuja pertinência está em elevar a produtividade de grãos com menores custos no sistema de produção”, afirma.

A fixação biológica de nitrogênio e o feijão-mungo

Expertise da Embrapa Agrobiologia, a FBN é reconhecida por diminuir o custo da produção e o uso de adubos nitrogenados em diferentes culturas, o que implica, consequentemente, na redução de danos ambientais e no aumento da sustentabilidade da lavoura. O processo geralmente é bastante eficaz na maioria das espécies de leguminosas cultiváveis, como a soja e o feijão, por exemplo – alimentos com grande teor de proteínas e elevados rendimentos. 

No entanto, no caso do feijão-mungo, ainda é necessário estudar as comunidades microbianas envolvidas na nodulação e o seu papel no processo de FBN nas condições brasileiras. “Otimizar a FBN na cultura é uma estratégia capaz de aumentar a produtividade e garantir independência da adubação nitrogenada. No Mapa, não existe registro de estirpe de rizóbio para o feijão-mungo, o que aponta para a necessidade de identificação de possíveis microrganismos fixadores de nitrogênio para inoculação de sementes”, argumenta Xavier.

Leguminosas pulses: alto valor protéico e uso diversificado

As pulses são as leguminosas secas, estando em evidência desde 2016, quando a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO-ONU) marcou o ano como o Ano Internacional das Leguminosas Pulses para sensibilizar o público sobre segurança alimentar e nutricional. Há um total de 12 culturas que compõem esse grupo de leguminosas caracterizadas pelos grãos secos, incluindo feijões, ervilhas, lentilha e grão-de-bico, entre outras. O termo vem do latim Puls, que significa, literalmente, sopa grossa – isso porque quando cozidos, esses grãos produzem um caldo bem espesso. 

O feijão-mungo, bastante usado na culinária oriental, tem seu consumo baseado principalmente nos brotos formados a partir da germinação de suas sementes, chamados de moyashi. “Mas o consumo também pode ser do grão seco utilizado para cozimento, para extração de amidos e farinhas”, exemplifica Gustavo. “No Brasil, a demanda é crescente, considerando a difusão da cultura oriental, bem como a inserção em pequenas, médias e grandes propriedades, seja pela demanda de mercado local ou pela exportação para países asiáticos, o que faz com que o setor seja visto com crescimento positivo para as próximas décadas”, afirma o pesquisador.

De acordo com ele, dados locais do Estado do Mato Grosso referentes ao ano de 2017 revelam que o cultivo do feijão-mungo está em ascensão, com aumento da área plantada e produtividade que gira em torno de 1 mil a 2 mil quilos por hectare, com boa aceitação no mercado nacional e internacional. “A cultura apresenta ciclo curto, em torno de 70 dias, o que melhora ainda mais o seu potencial produtivo, já que é uma opção de retorno rápido do investimento, além de ser uma possibilidade de plantio no período de vazio sanitário da soja”, acrescenta Xavier.

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