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Famato diverge de ONGs que querem certificar pecuária na Amazônia

“É uma total bagunça nossa pecuária, a maior deficiência está no âmbito político, onde o Estado se ausenta, dando espaço para a entrada das ONGs”, relatou o procurador do Ministério Público Federal do Pará, Daniel Azevedo

“A Amazônia é nossa, a floresta é do Brasil, e quem mais sabe cuidar do meio ambiente somos nós. Não podemos aceitar que ONGs e empresas estrangeiras ditem as regras, afinal não é o nosso país que mais polui no mundo, pelo contrário, temos ativos ambientais de sobra”, disse o diretor-secretário da Famato, Valdir Correa da Silva, ao se referir aos argumentos apresentados durante o Workshop Internacional sobre Soluções para o Desmatamento e Emissões de Gases de Efeito Estufa Causadas pela Expansão da Pecuária na Amazônia, realizado em duas etapas, no Acre e em São Paulo, entre os dias 24 e 27 de agosto.

Um dos enfoques das discussões foi a procedência de produtos pecuários, que visa conciliar a produtividade da pecuária com a redução dos desmatamentos e a emissão de gases de efeito estufa. “A ideia destes organismos, que por incrível que pareça recebem apoio de algumas instituições brasileiras, é de se criar um novo método de rastreabilidade alicerçado nos aspectos técnicos como manejo, trabalhistas e ambientais, que certificarão a atividade na Amazônia, ou seja, além de todo emaranhado de leis impraticáveis que já temos, agora surge mais essa restrição”, afirmou Correa.

O novo sistema prevê uma fiscalização no ciclo da pecuária, a começar pelos recursos adquiridos junto aos bancos, passando pelo produtor, frigoríficos e redes de distribuição, fator que para o procurador do Ministério Público Federal do Pará, Daniel Azevedo, hoje é uma desordem no país. “É uma total bagunça nossa pecuária, a maior deficiência está no âmbito político, onde o Estado se ausenta, dando espaço para a entrada das ONGs”, relatou.

De acordo com Correa, certificações da carne da Amazônia para países estrangeiros são uma atitude arbitrária e um sério risco ao pequeno produtor que, amparado por leis, produz na área, além de ameaçar a soberania do país. “Na Região Amazônica temos algumas cidades de 150 mil habitantes que dependem exclusivamente da agropecuária. Se temos que certificar nossos produtos, que se faça em todas as atividades que tem o mesmo ou maior peso na emissão de gases. Por que só a cadeia alimentícia?”, indagou Correa.

Organizado pelas entidades Amigos da Terra – Amazônia Brasileira e Aliança da Terra, Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Greenpeace, Forest Footprint Disclosure, National Wildlife Federation e Global Canopy Programme, o encontro teve a cooperação da Embrapa e Fórum Paulista de Mudanças Climáticas e Biodiversidade.

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