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Famato diz que medida tira o livre-arbítrio


Entidades produtoras de Mato Grosso elevaram o tom alarmista das críticas contra o governo federal por conta da alteração dos índices de produtividade visando a desapropriação de terras. As entidades apontam “motivos ideológicos” e riscos de violência no campo se a medida for aprovada.


Segundo o consultor econômico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato), Amado Oliveira Filho, a medida tira o “livre arbítrio” do produtor em fazer o uso do solo. “Estabelecendo qualquer índice, o produtor fica obrigado a manter continuamente seu ritmo de produção, não importando se irá ou não levar prejuízo por causa de um possível excesso de estoque de produto no mercado. É preciso ficar claro que a decisão de plantar em uma escala maior ou menor é do produtor, de acordo com o comportamento do mercado”.

Ele diz que a medida “força o produtor a plantar cada vez mais, mesmo diante de um cenário desfavorável que poderá lhe remeter a crises”. Oliveira Filho afirma que o governo federal deve agir com “cautela e bom senso”, evitando colocar em risco a propriedade do produtor. “A situação cria uma insegurança jurídica muito forte e o agricultor terá de trabalhar sob pressão. Acho que a medida tira a opção do produtor em fazer um bom planejamento de safra”, reforça.

APROSOJA - O diretor executivo da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Marcelo Duarte Monteiro, vê com extrema preocupação a discussão em torno das mudanças nos índices de produtividade por entender que há “cunho ideológico” muito forte por trás disso.

Na opinião de Monteiro, o produtor de hoje, para sobreviver, tem de produzir bem acima dos índices estabelecidos pelo governo. “Se produzir menos, o próprio mercado se encarrega de expulsá-lo da atividade. Não há, portanto, necessidade de qualquer instrumento de pressão para forçar o produtor a plantar além do que é preciso”.

O problema, segundo o diretor da Aprosoja/MT, é que “ninguém está livre de uma quebra de safra” provocada por fatores climáticos ou pragas, por exemplo. “Acho que temos de repensar isso seriamente”. Ele entende que é preciso valorizar mais o homem do campo e dar condições para que não ocorram perdas e frustrações de safra.


“O governo federal deve fazer sua parte, implementando políticas de crédito, seguro real e renda e, ao mesmo tempo, garantir uma plataforma de produção que seja compatível com outros países produtores concorrentes, que possuem seguro de produção, custo mais barato e câmbio estável”.

Monteiro aponta que a área ocupada pelos assentamentos – 77 milhões de hectares - é bem maior que a utilizada pelo plantio de grãos no Brasil. Achamos que quem tem de produzir e melhorar os índices de produtividade são os assentamentos. “Mas, para tanto, o governo deve dar condições para eles se tornarem produtivos”.

Para Monteiro, a medida é “inoportuna e despropositada” em razão da conjuntura econômica atual, “prejudicada pela crise mundial, pela disparidade cambial e pela queda nos preços dos produtos agrícolas”. Segundo ele, é inconcebível mexer nos índices de produtividade quando o homem do campo precisa ter tranquilidade para continuar produzindo. (MM)

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