CI

Feijão: cultivares e mecanização da colheita

Instituições públicas e setor privado vêm colocando à disposição do agricultor cultivares que permitem a colheita mecânica


Conforme o calendário das regiões produtoras, o plantio de feijão está em andamento e o agricultor se depara com uma série de opções na hora de escolher qual variedade cultivar. Em que pese haver ainda no Brasil baixo uso de sementes da leguminosa, existem alternativas para a semeadura, sendo algumas delas passíveis de colheita mecanizada.

A mecanização da colheita nas lavouras de feijão no Brasil é uma tendência observada em grandes, médios e pequenos empreendimentos rurais, a não ser naqueles voltados exclusivamente à agricultura de subsistência. Diante desse cenário, instituições públicas de pesquisa e o setor privado, este último ainda de forma incipiente, vêm colocando à disposição do agricultor cultivares de feijão que permitem a colheita mecânica.

De acordo com o pesquisador Leonardo Melo, da Embrapa Arroz e Feijão, a equipe do programa de melhoramento do feijoeiro, em parceria com outras instituições, busca há mais de 20 anos lançar cultivares que apresentem porte de planta ereto, o que é desejável tanto para a colheita mecânica, devido à redução de tempo e mão-de-obra, quanto para a colheita manual, devido ao aumento na qualidade do grão.

Recentemente, uma nova geração de cultivares com porte ereto foi desenvolvida com destaque para a BRS Esplendor e a BRS Supremo, com grão preto; e a BRS Estilo e a BRS 9435 Cometa, com grão carioca. Segundo Leonardo Melo, as três primeiras cultivares associam porte de planta ereto com alto potencial produtivo e a última com precocidade.

Leonardo Melo destacou que alguns esclarecimentos são fundamentais para o produtor rural que pretende mecanizar a colheita da lavoura de feijão. O primeiro deles diz respeito ao porte de planta ereto, ou chamado também de arquitetura de planta ereta. “Quando uma cultivar recebe essa designação, significa que ela possui potencial genético para expressar essa característica, sendo que o resultado final depende ainda das condições climáticas e do manejo da lavoura”, afirmou.

Ele acrescentou que, para definir se uma cultivar é adaptada à colheita mecânica, a pesquisa mensura atributos, tais como o número e o comprimento de ramificações da planta; o ângulo de inserção dos ramos laterais; a altura e o tamanho das vagens, bem como sua distribuição na planta.

Leonardo Melo disse que o porte ereto é uma combinação desses elementos, que favorecem a mecanização da colheita, ajudando a reduzir as perdas e a evitar a queda na qualidade comercial do produto. Uma cultivar de arquitetura ereta deve possuir um ou vários dos atributos mencionados para ser considerada adaptada à colheita mecânica.

Leonardo Melo exemplificou que a arquitetura ereta da BRS Estilo é resultado, principalmente, da altura da planta, das guias curtas e da distribuição mais simétrica de ramos e vagens na planta, enquanto que na BRS Supremo essa arquitetura é resultado do pequeno ângulo de inserção dos ramos laterais, da maior altura da planta e do menor tamanho e da melhor distribuição das vagens na planta. “Em ambos os casos, trata-se de variações na configuração estrutural da planta que aumentam a eficiência da colheita mecanizada”, afirmou.

Leonardo Melo ressaltou que essa pesquisa com cultivares de porte ereto não é condição suficiente para assegurar uma eficiente colheita mecanizada. É esperado que certas condições de manejo da lavoura interfiram na expressão genética do porte da planta de feijão. Por exemplo, ele citou que o excesso de irrigação e de adubação nitrogenada afeta a arquitetura de planta e aumenta as chances de acamamento, isto é, de tombamento da planta sobre o solo.

Adicionalmente, ele disse que alguns fatores climáticos também podem prejudicar o porte da planta, como o excesso de chuva e a baixa luminosidade, que induzem ao crescimento rápido e desestruturado, provocando o estiolamento das plantas, não permitindo que o potencial genético das cultivares de arquitetura ereta se expresse de forma satisfatória.

Por fim, outras situações como a semeadura e a colheita em épocas não recomendadas interferem na maturação e na uniformidade das plantas, o que leva ao aumento das perdas de grãos na colheita mecanizada, mesmo com a utilização de cultivares de porte ereto.

Ele considerou que o agricultor deve ponderar esses e outros fatores na hora de investir em mecanização da colheita como a infraestrutura, as condições tecnológicas disponíveis e a topografia de sua propriedade, a produção esperada da lavoura e a disponibilidade de mão-de-obra na região de cultivo.

Somando-se a essas ponderações, Leonardo Melo informou que a escolha do método de colheita mais adequado às necessidades do produtor rural é fundamental para o sucesso do investimento. Sabe-se que, além do sistema manual, a colheita pode ser feita pelos processos semi-mecanizado e mecanizado indireto e direto.

No processo semi-mecanizado, ele explicou que o arranquio das plantas é manual e a trilha é mecanizada. Na mecanização indireta, as operações de corte e de trilha das plantas são mecanizadas, só que em momentos distintos, e, na mecanização direta, colhedoras automotrizes realizam simultaneamente o corte e a trilha.

Conforme Leonardo Melo, a utilização de cultivares de arquitetura de planta ereta é mais vantajosa nos processos com menor utilização de mão-de-obra e com menor número de operações para realizar a colheita. Desta forma, disse Leonardo Melo, é na colheita mecanizada direta que se conseguem as maiores reduções de perdas na colheita, quando se utilizam as novas cultivares com porte de planta ereto.

As informações são da assessoria de imprensa da Embrapa Arroz e Feijão.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.