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Formigas cortadeiras ameaçam a agropecuária no Noroeste do PR

Ritual reprodutivo resulta em novos formigueiros e pode infestar grandes áreas


Primavera, época da revoada das formigas cortadeiras, exige prevenção. Ritual reprodutivo resulta em novos formigueiros e pode infestar grandes áreas

Menos de uma década foi o tempo suficiente para as formigas cortadeiras, principalmente a saúva, avançarem por todos os cantos em propriedades rurais e até urbanas de dezenas de municípios na Região Noroeste do Paraná. A estimativa mais recente, feita em 2003 pela Emater, mostrava a presença das formigas em 52 mil hectares. De lá para cá, não foi feito levantamento, mas basta olhar para o campo e até para as cidades para perceber como aumenta, a cada ano, o ataque das cortadeiras. “É provável que os sauveiros aumentaram em mais de 100% nesta década”, avalia Célio Tardin, um dos técnicos da Emater que participaram da estimativa feita em 2003 e que sempre trabalhou na orientação aos agricultores na região.

Um exemplo claro de como a formiga toma conta rápido do solo, onde não há conservação e combate, está num sítio de 24 hectares distante 5 quilômetros do centro de Umuarama. Da entrada até o final do lote, são dezenas de sauveiros, um maior do que o outro. Os proprietários, um casal japonês que não fala a língua portuguesa, já foram notificados, mas através de um dos filhos alegam falta de recursos para executar o controle. Enquanto isso, as formigas avançam para os vizinhos. Mas, quem fala e entende muito bem o português também deixou de cumprir a legislação nos últimos anos e permitiu as revoadas por toda parte.

As revoadas ocorrem uma vez ao ano, sempre na primavera, quando o clima começa a esquentar. Fêmeas e machos saem do formigueiro para acasalar durante um vôo que pode chegar a 10 quilômetros, segundo Ivo Aparecido da Silva, fiscal da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab). “Quando ocorre o acasalamento, a rainha finaliza o voo e instala um novo formigueiro onde estiver”. Por isso, a cada revoada aumenta a área ocupada pelas formigas. Muitas delas são atacadas por predadores, mas as que sobrevivem ajudam a aumentar os prejuízos no campo.

O secretário da Agricultura de Umuarama, Antonio Carlos Favaro, diz que na região predomina a espécie saúva, que ataca capins, eucalipto, cana-de-açúcar, mandioca, goiaba, milho e uma série de outras culturas. O estrago mais exemplificado é na pastagem. Favaro explica que um sauveiro adulto consome de 20 a 25 quilos de alimentos ao dia, a mesma quantidade consumida por um boi de engorda. É um prejuízo enorme para uma região onde a maioria das propriedades comporta menos de duas cabeças de gado por alqueire, por causa do solo degradado. “Agora, além do clima e do preço, o produtor precisa se preocupar também com as formigas”. E além da saúva, há também a formiga quem quem, espécie que se concentra mais nas partes baixas das propriedades.

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