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Frutas e cafés especiais são oportunidades para o Brasil nos países árabes

Os países árabes foram o maior mercado do Brasil no exterior em 2021, atrás apenas da China e dos Estados Unidos


Foto: Pixabay

Os Emirados Árabes Unidos (EAU) já são um mercado consolidado para o Brasil no setor de carne de frango, bovina e de açúcar: a balança comercial do país com os EAU teve superávit de US$ 1,3 bilhão em 2021, alavancada principalmente por estes três produtos. Atualmente, 70% da importação de aves dos EAU são do Brasil.

Do total de produtos exportados para o país árabe – que é um hub para entrada de produtos brasileiros para os demais países do Oriente Médio – 30% é referente ao frango, 11% ao açúcar e 9% de carne bovina. Porém, há ainda bastante espaço para ser explorado na região para produtos como frutas, cafés especiais e cooperações na área de tecnologia e inovação, especialmente nos setores aeroespacial, energia, petróleo e gás e agronegócios. É o que apontam a Chefe de Operações do escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) em Dubai, Karen Jones, o analista de negócios da Agência na região, Antonio Lopes e o embaixador brasileiro em Abu Dhabi, Fernando Igreja.

Instalado em Dubai desde 2006, o escritório da ApexBrasil funciona como um centro de logística e de negócios para os pequenos e médios empresários brasileiros ávidos por ampliar seu mercado para o Oriente Médio e o Norte da África e para investidores árabes que querem investir no Brasil. A Agência fornece inteligência de mercado e aproximação entre Brasil e países árabes, ajudando os empreendedores brasileiros a detectarem as melhores oportunidades para entrar no mercado árabe, promovendo a aproximação entre produtores e distribuidoras nacionais e pontos de venda e prestadores de serviços na região, apoiando a instalação das empresas com informações do ambiente. 

Comparado a países da Europa, por exemplo, os EAU são um mercado muito vantajoso para o rápido fechamento de negócios, uma vez que a produção local é escassa, devido ao clima e ao solo desértico e desnutrido, além de uma legislação que facilita a entrada de empreendedores estrangeiros, especialmente a partir de acordos realizados com o Brasil a partir de 2016, como a isenção de vistos para brasileiros e de imposto sobre repatriação de lucros, o que evita a bitributação. Há ainda 40 zonas francas instaladas em todo os EAU.  “Dubai agrega hoje gente do mundo todo, é bastante cosmopolita, por isso absorve novas tendências de consumo muito rapidamente”, acrescenta Karen. 

Cafés

“Apesar da alta concorrência de cafés do mundo todo para entrar nos países árabes, o Brasil produz um café diferenciado, de alta qualidade, de médio corpo e baixa acidez. E, apesar do alto custo com transporte de lá para cá, que encarece o produto, o público consumidor dos Emirados Árabes tem condições de pagar e valoriza produtos especiais como os cafés gourmets brasileiros”, explica Lopes. 

Para incentivar a exportação do café, a ApexBrasil desenvolveu, em parceria com a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), o projeto setorial “Brazil. The Coffee Nation”, que visa a promoção comercial do produto brasileiro no mercado externo. Atualmente, EAU e Arábia Saudita são mercados-alvo para ações com cafés crus especiais, e nos Emirados as ações abrangem também os produtos da indústria de torrefação e moagem. No último mês de janeiro, empresas brasileiras participaram da feira World of Coffee, em Dubai, que rendeu US$ 2,63 milhões em negócios para brasileiros. Ao todo, 19 marcas que atuam com cafés especiais, categoria mais alta de qualidade para o produto, foram ao evento. Além dos negócios já fechados, a expectativa é que mais US$ 20,72 milhões sejam  gerados ao longo dos próximos 12 meses. 

Outra ação importante da ApexBrasil para a promoção de café e outros produtos do setor de alimentos e bebidas é o apoio a empresas brasileiras para instalar estandes em feiras internacionais, que dão visibilidade à marca e promove o fechamento de novos negócios. É o caso da Gulfood, maior feira de alimentos e bebidas do Oriente Médio, que está acontecendo nesta semana em Dubai, com mais de 114 empresas brasileiras presentes. 

Frutas, tecnologia e inovação

O setor de frutas também tem grande potencial de crescimento. “O País precisa aumentar o volume de exportação de frutas. O Brasil explora pouco o fato de que o que entra nos EAU vai para outros lugares: além dos países do Golfo, tem a Ásia Central, a Índia e a África Oriental. E o produto brasileiro é altamente competitivo.

Apesar de o transporte encarecer o produto – um mamão brasileiro, por exemplo, pode ser três vezes mais caro do que os de outros países mais próximos comercializados na região – a qualidade é bem superior, e o Oriente Médio tem um mercado consumidor disposto a pagar mais por um produto melhor”, reforça o embaixador do Brasil em Abu Dhabi, Fernando Igreja. 

Além disso, o embaixador aponta a oportunidade que há para uma maior cooperação no setor de tecnologia e inovação. “O objetivo da embaixada é buscar meios de promover esta cooperação. O Brasil tem startups que apresentam soluções interessantes, como uma que desenvolveu uma tecnologia que identifica vazamentos em oleodutos. A Embrapa também é uma instituição de destaque internacional”, pontua Igreja, que está no cargo há quase cinco anos. “Desde que entrei até hoje, a relação entre Brasil e EAU amadureceu bastante e hoje são parceiros estratégicos. Tanto que mesmo em 2020, quando estourou a pandemia, não houve redução de exportações para os EAU”, conta. 

Parceria estratégica

Os países árabes foram o maior mercado do Brasil no exterior em 2021, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Destacam-se o avanço das exportações para o Bahrein, cujas vendas aumentaram 222,5%, atingindo US$ 1,7 bilhão, principalmente em função do minério de ferro, e o crescimento dos embarques para Omã, com US$ 1,3 bilhão e alta de 117%, também motivada pelo minério de ferro.

Os Emirados Árabes Unidos foram o país árabe ao qual o Brasil mais exportou, com US$ 1,75 bilhão, seguidos por Arábia Saudita, com US$ 1,71 bilhão, e pelo Bahrein. Omã e Egito ocuparam, respectivamente, a quarta e a quinta posição como mercado do Brasil entre os árabes, com US$ 1,35 bilhão e US$ 1,32 bilhão. Os produtos vendidos aos árabes que geraram maior receita de exportação foram o minério de ferro (US$ 3,4 bilhões), seguido pelo açúcar (US$ 2,08 bilhões), pela carne de frango (US$ 2 bilhões), pela carne bovina (US$ 698 milhões) e pela soja (US$ 635 milhões).

* com informações da ApexBrasil

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