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Inovações para maior produtividade de erva-mate

O estudo mostrou o salto de produtividade trazido com a adoção de tecnologias


Foto: Marcel Oliveira

Em 19/10, durante o 3º Painel do evento on-line "Erva-mate XXI: inovação e tecnologias para o setor ervateiro", o analista da Embrapa Florestas, Ives Goulart, apresentou os principais resultados do estudo prospectivo sobre a adoção de inovações na produção de erva-mate, um trabalho conduzido pela Embrapa, em parceria com a IDR e outras instituições. O estudo mostrou o salto de produtividade trazido com a adoção de tecnologias. De acordo com os dados, a produção dos ervais cultivados sem tecnificação foi de 7,7 toneladas/ hectare, enquanto nos ervais cultivados tecnificados, a produção foi de até 24,4 toneladas.

Goulart explicou alguns detalhes da metodologia empregada e a área de abrangência do estudo, que compreendeu amostras nos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Um questionário semiestruturado coletou, desde outubro de 2018, dados de 470 produtores, sobre a propriedade e também aspectos tecnológicos e de capital. Segundo Goulart, a coleta de informações ainda está em andamento e é possível ser realizada no portal da Embrapa Florestas.

“O estudo mostrou que 65% dos ervais do Brasil são sombreados e 94% deles são cultivados, o que permite a adoção de tecnologias disponíveis de produção”, aponta o analista. Outros resultados obtidos com o estudo mostram que 29% dos ervais utilizam cultivares e 59% adquirem as mudas de viveiros registrados, “evidenciando que quase 40% dos produtores ainda adquire mudas sem ter a garantia da qualidade”, aponta Goulart. Em relação à tecnologia de implantação, 61% dos produtores fazem preparo de solo e 57% fazem proteção de mudas no plantio: “Este último aspecto não depende da presença ou ausência de sombra, pois tem que ter a qualidade da sombra protegendo essa muda, senão tem perda, sim”, diz Goulart.

Com relação ao uso de tecnologias relacionadas à poda, 75% usa as podas de formação; 30% faz limpeza ou puxe (poda que agrega em produtividade); 59% faz rebaixamento de copa (pois, a cada colheita o erval sobre 15 cm) e 49% faz a decepa (manejo que se faz quando a planta está muito alta, doente etc). “Com relação à mão-de-obra e às ferramentas utilizadas na poda, os dados mostram que 42% dela é treinada, 29% não é treinada e 29% dos respondentes não contratam profissionais treinados, realizando eles mesmos a poda. Sendo que a poda pode comprometer todos os outros manejos adotados no erval”, frisa o analista.

Com relação às ferramentas utilizadas na poda, a maioria (63%) usa ferramentas recomendadas e quase 40% dos ervais têm a sua poda realizada com ferramentas não recomendadas (facão, foice etc). Sobre o controle de plantas daninhas, um fator que pode ser muito agressivo para o erval, só 4% não controla o problema; 33% usa herbicida; 36% usa coroamento; 70% faz roçada na entrelinha e 11% capina na linha. “Parte desse uso indevido de herbicidas se dá pela ausência de cobertura vegetal, já que a grande maioria (63%) não adota essa tecnologia, com espécies que suprimem as plantas daninhas reduzindo a necessidade de controle”, diz.

“Percebemos que há um potencial de se trabalhar com tecnologias de gestão, já que a grande maioria dos produtores de erva-mate tem internet (95%), sendo que 34% já utilizam essas ferramentas de gestão e 51% dos produtores fazem o custo de produção. Nós da Embrapa temos o Planin Mate, Ferti-mate e o Manejo Matte, aplicativos que podem ajudar os produtores na tomada de decisão”, aponta o analista.

Financiar para investir

O estudo mostrou também que apenas 18% dos produtores lançam mão de financiamento agrícola para incrementar a produção em seus ervais. “No Paraná está sendo feito um trabalho para estimular isso, pois a adoção de tecnologia requer investimento”, frisa Ives Goulart. Entre os dados mais relevantes, está o baixo número de produtores que contam com assistência técnica, apenas 28%. Também chama a atenção o elevado número de ervais amostrados com problemas de pragas (78%). No entanto, menos de 25% deles faz o efetivo controle. “O problema de queda de folhas foi o mais relatado, que pode vir de questões abióticas. Mais da metade realiza a prática de retirada dos ramos doentes atacados, prática mais recomendada para as doenças”, explica.

Prioritário

O analista listou ainda as tecnologias consideradas prioritárias e determinantes para as altas produtividades. “Para um erval de nível baixo de produtividade (entre 7 e 16 toneladas/hectare) é preciso, principalmente, adotar estas tecnologias: cultivares, controle de ervas daninhas e adubação. Já um erval com nível alto de produtividade (maior que 17 ton/hectare), é preciso um maior investimento tecnológico. Além das tecnologias citadas, deve-se efetivamente controlar as pragas, fazer a limpeza-puxe e usar a ferramenta de poda adequada”, enfatizou.

Entre os aspectos frisados por Goulart está a falta de assistência técnica nos ervais. “A média de visitas técnicas foi 0,6 ao ano. Na medida em que se tem mais visitas, aumenta a produtividade. Então temos que buscar assistência e temos que ter políticas públicas para fomentá-la nas propriedades para que sejam consideradas obrigatórias para elevação da produtividade e da qualidade da erva-mate cultivada. Só assim vamos conseguir a modernização e a expansão do uso da erva-mate brasileira mundo afora”, finaliza.

Assista esta palestra e as demais que compuseram o 3º painel no Canal da Embrapa no Youtube.

O evento foi organizado pela Embrapa Florestas com apoio do IDR Paraná, Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

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