Jovens expõem semente orgânica no Pavilhão da Agricultura Familiar
A Sead está presente na Expointer com o Pavilhão da Agricultura Familiar, que reúne 145 de agroindústrias e 47 de artesanatos rurais, plantas e flores.
Basta uma pequena caminhada dentro do Pavilhão da Agricultura Familiar, na Expointer, para observar a jovialidade da feira. Em boa parte dos estandes, filhos, namorados e sobrinhos compõem o quadro de produtores ao lado dos mais velhos. Os jovens são, hoje, 8 milhões de agricultores familiares no Brasil, que acreditam no trabalho no campo e na continuidade da produção agrícola dentro das propriedades. “Isso aqui faz parte da essência da gente. Tenho muito orgulho de fazer parte”, afirma Laércio Barbosa Nascimento, de 30 anos.
O garoto, ainda de aparelho nos dentes, até tentou fugir da sucessão rural. Foi para a cidade com 14 anos, entretanto, 10 anos depois não resistiu e voltou. “Eu ajudava meu pai, via o trabalho dele, né, até meus 14 anos. Ou seja, já conhecia a agricultura e não me adaptei fora dela”, lembrou. De volta aos campo, deu continuidade ao trabalho feito pelo pai, um dos fundadores da Cooperativa Agroecológica Nacional Terra e Vida Ltda (Coonaterra).
A Coonaterra é a única da América Latina que produz sementes 100% orgânicas. Por meio da cooperativa, com a marca BioNatur, Laércio e a namorada, Ana Paula Anschau, de 18 anos, estão no Pavilhão da Agricultura Familiar, participando pela sétima vez da Expointer. “Estamos aqui desde 2011 e este é o melhor ano até agora. Nosso objetivo nem é muito vender, mas, sim, divulgar, mostrar nossa marca e provar que é possível produzir orgânico, um alimento sem agrotóxico. Claro que é mais difícil, porque é mais rápido passar uma máquina com veneno do que capinar o tempo todo, no sol, mas o saudável é melhor”, defende o agricultor.
Sementes genéticas
O casal trouxe cerca de 15 variedades de sementes para a feira da agricultura familiar, das 120 que eles têm disponíveis na cooperativa. As sementes são agroecológicas, produzidas livres de componentes químicos, mas não são totalmente puras. Ana Paula conta que a intenção do grupo é partir para a produção genética das sementes, um método mais eficaz de garantir a germinação de apenas um tipo de alimento. “Às vezes, pegam uma semente de melancia e, junto dessa, nasce também a crimson (melancia redonda). Estamos começando com essa produção genética para não termos mais misturas nas sementes. Assim, a chance de ter uma variedade na mesma semente é mínima”, explica Ana Paula.
A produção de sementes genéticas funciona da seguinte forma: o agricultor planta abóbora em um terreno amplo e distante de outra variedade de alimento. Colhe, retira as sementes, limpa, seca, entrega à cooperativa para uma limpeza mais profunda e retirada as sementes que não tem qualidade e, em seguida, passa para um laboratório, onde as sementes são igualmente multiplicadas.
Reforma agrária
A Coonaterra fica no assentamento Roça Nova, em Candiota, município do Rio Grande do Sul (RS). Na região, como em Hulha Negra e Pinheiro Machado, outros campos de produção também produzem sementes orgânicas. A produção é dividida em duas fases, uma no inverno e outra, no verão. A cada uma dessas estações, os grupos de produtores se reúnem e decidem o que vão plantar e em qual quantidade. Nessa hora, os agricultores jovens têm à disposição programas como a linha de crédito do PNCF Nossa Primeira Terra; o Pronaf Jovem e o Pronatec Campo, da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead). Leia mais aqui. Para conhecer outro exemplo do trabalho dos jovens no campo assista o vídeo logo abaixo
Expointer
A Sead está presente na Expointer com o Pavilhão da Agricultura Familiar, que reúne 145 de agroindústrias e 47 de artesanatos rurais, plantas e flores. Envolve 1.340 famílias de 131 municípios gaúchos, além de seis expositores de Minas Gerais. A feira é realizada, em Esteio, município do Rio Grande do Sul (RS). A 19ª Feira da Agricultura Familiar é uma promoção do Governo Federal, por meio da Sead, e do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, pela Secretaria de Desenvolvimento Rural e Cooperativismo (SDR) e Emater-RS. A comissão organizadora é composta pela Fetag-RS, Fetraf-RS e Via Campesina. Acompanhe aqui.
Comercialização
De acordo com o balanço feito pela comissão organizadora do Pavilhão da Agricultura Familiar – composto pela Sead, SDR, Emater/RS, Fetag, Fetraf e Via Campesina –, o sétimo dia de evento somou R$ 365.155,50 em vendas. As agroindústrias familiares saíram na frente, com mais de R$ 300 mil. O valor registrado este ano é 21% maior ao levantado na edição anterior da feira, em 2016. No acumulado dos dias, a agricultura familiar comercializou R$ 1,9 milhão do dia 26 de agosto, primeiro dia de feira, até esta sexta-feira (1). O saldo é 29% maior do que o registrado no ano passado.
Serviço:
19ª Feira da Agricultura Familiar na Expointer
Data: 26 de agosto a 3 de setembro de 2017
Horário: 8h às 20h
Local: Parque de Exposição Assis Brasil – Esteio (RS)
Ingressos a partir de R$6