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Leilões serão retomados

A partir da próxima semana 790 mil toneladas de milho serão leiloadas em todo o país, sendo 500 mil de Mato Grosso


O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephannes, anunciou na sexta-feira (21) em Cuiabá a retomada dos leilões de milho para resolver problema da comercialização e armazenamento. No total, serão leiloados a partir da próxima semana 790 mil toneladas em todo o país, sendo 500 mil toneladas de Mato Grosso. O Mapa já disponibilizou R$ 1,5 bilhão para os leilões.

Stephannes informou que existe um excedente de 1,5 milhão de toneladas de milho em Mato Grosso que serão leiloados pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). O ministro assegurou que "a cada dois ou três dias" será realizado um leilão.

Ele apontou dois problemas este ano que afetaram a programação dos leilões. "O primeiro foi a interrupção, por 15 dias, devido a irregularidades detectadas por órgãos de controle. O segundo foi a falta de recursos devido à produção que ficou acima do previsto", explicou.

De acordo com o superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Seneri Paludo, o Estado tem 550 mil toneladas de milho a céu aberto aguardando armazenagem ou remoção. Se esta produção não for retirada logo, poderá apodrecer em caso de chuvas e sol. "O milho não resistiria por muito tempo a estas situações", alertou Paludo, que trouxe a informação sobre o problema da falta de armazéns aos participantes da Bienal dos Negócios da Agricultura, encerrado ontem em Cuiabá.

Ricardo Tomczyk, com lavoura de milho em São José do Rio Claro (315 Km ao Médio Norte de Cuiabá), teve que recorrer a uma prática tradicional para não perder a produção. Ele "armazenou" os grãos em silo-bolsas e aguarda a comercialização e remoção. "Se ficasse com a produção a céu aberto, poderia assistir à perda dos grãos. Não tive outra saída", afirmou o produtor.

Silas Andrade, produtor na região de Lucas do Rio Verde (354 Km ao Norte de Cuiabá), está com 25 mil sacas a céu aberto, também esperando pelos leilões da Conab. "Não tenho outra alternativa, o jeito é correr o risco", disse o produtor.

O produtor Ney Utida teve mais um pouco de sorte e conseguiu espaço no armazém de uma cooperativa em Campo Novo do Parecis (396 Km a Noroeste de Cuiabá). São 40 mil sacas de milho que ainda não foram negociadas e também aguardam remoção.

PRODUÇÃO – Segundo o ministro Stephannes, a falta de armazéns para estocar os grãos foi motivado pela boa produção de milho este ano. Ele admitiu que a própria Conab foi surpreendida com o volume de produção este ano, já que os produtores estimavam queda de 50% na safra, o que acabou não se confirmando. Em 2008, de acordo com dados da Conab, Mato Grosso produziu 7,80 milhões toneladas, 15,72% a mais do que a produção esperada para a safra 2008/09, 6,74 milhões de toneladas.

"A produção ficou realmente acima do que esperávamos", afirmou o presidente do Sindicato Rural de Tapurah, Marusan Ferreira Barbosa. Agora, segundo ele, o problema é armazenar esta produção até à realização dos leilões, já que a estrutura de armazenagem na região Norte não é suficiente para estocar todo o milho colhido na atual safra. "A capacidade estática da região de Tapurah é pequena "e temos apenas uma unidade credenciada pela Conab, com capacidade para estocar 1 milhão de toneladas", disse.

O presidente do Sindicato Rural de Sinop, Antônio Galvan, frisou que é preciso o governo promover leilões e remover os grãos imediatamente". Na avaliação dele, é preciso escoar pelo menos três milhões de toneladas de milho para dar fôlego ao produtor. "Temos uma das melhores safras dos últimos anos e, em contrapartida, uma das piores previsões em termos de armazenagem", disse. Só nos municípios de Lucas do Rio Verde, Nova Mutum e Sinop, a produção chega a três milhões de toneladas.

De acordo com o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Ottoni do Prado, a retomada da participação do Estado nos leilões é necessária porque não há onde armazenar o produto.

Da mesma opinião é o analista de Mercado André Pessoa, da Agrocolsult, que esteve em Cuiabá participando da Bienal dos Negócios da Agricultura. Para ele, o problema da falta de armazéns só será resolvido com os leilões da Conab e subvenções ao escoamento do produto.

O governo federal tem 1,5 milhão de toneladas em contrato de opção, com entrega prevista para agosto e setembro, e comprou ainda 103 mil toneladas por meio da AGF (Aquisição do Governo Federal). A Conab também escoou este ano 575 mil toneladas de milho de safras remanescentes, através de subvenção ao escoamento, e está providenciando a remoção dos estoques reguladores de milho das regiões produtoras.

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