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Mal da Vaca Louca: "nunca tivemos e nem teremos epidemia"

Médica-Veterinária garante que país toma as devidas precauções


Foto: Nicoli Dichoff

Recentemente o Brasil resolveu suspender as exportações de carne bovina para a China depois de um caso atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida popularmente como Mal da Vaca Louca. O caso ocorreu em Mato Grosso, em uma vaca de 17 anos de idade. Foi notificado e liberado pela Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) sem alteração do status sanitário do Brasil e qualificando como “risco insignificante da doença”. 

A EEB doença neurodegenerativa fatal, que afeta a espécie bovina. A doença é causada por uma proteína, chamada príon. Os príons causam a morte das células cerebrais, formando buracos no cérebro, parecidos com os de uma esponja. A doença surgiu na década de 80, na Inglaterra. No Brasil o último caso foi em 2010. O país consta como livre desde 2012 e desenvolveu um método de prevenção com análise de ração utilizada nos rebanhos. 

O Portal Agrolink conversou com a Médica-Veterinária, Erivânia Camelo, chefe de gabinete da presidência do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) sobre a ocorrência da doença. Confira:

Portal Agrolink: Do ponto de vista sanitário a medida brasileira de suspender as exportações para a China é correta?
Erivânia Camelo:
foi uma precaução que o Brasil teve, mediante acordo comercial com a China, em que qualquer suspeita de caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida também como vaca louca, o Brasil suspenderia imediatamente a emissão dos certificados sanitários. A suspensão temporária das exportações foi para cumprir esse acordo até a conclusão das investigações sanitárias e o cumprimento de protocolos exigidos pela China. Sanitariamente foi diagnosticado um caso atípico da doença, que ocorre esporadicamente e aleatória, se manifesta em animais velhos, como mais de 10 anos e em final de produção A EEB atípica é uma alteração aleatória de proteína normal que sofre um processo de transformação, originando a forma anormal, que se replica e acumula nas células do sistema nervoso central, causando a doença no indivíduo. Não há possibilidade de contágio entre animais, nem perigo de haver contaminação através do consumo de produtos de origem animal. A legislação, nestes casos, não obriga nenhum país a suspender as exportações e sanitariamente não há necessidade disso, mas o Brasil cumpriu o acordo com a China, e continua exportando para outros países. Esse caso serviu sim para mostrar a grande eficiência do serviço veterinário brasileiro, que conseguiu atuar na inspeção, detectar e notificar rapidamente. Em breve a China vai analisar o protocolo e o Brasil retomará às exportações para os chineses.

Portal Agrolink: Qual o procedimento quando ocorre um caso dessa doença na propriedade?
Erivânia Camelo:
a partir do resultado positivo de laboratório, tomam-se as medidas sanitárias que seriam: imediatamente interditar a propriedade; verificar se existem outros animais com alguma sintomatologia neurológica, especialmente, a idade dos animais, pois é uma doença que atinge animais adultos, acima de 8 anos de idade; verificar se houve movimento de animais entre propriedades; verificar se o rebanho está vacinado contra raiva para descartar diagnósticos confundíveis com a EEB.

Portal Agrolink:  Como o pecuarista identifica isso?
Erivânia Camelo:
É uma doença que pode ser confundida com outras doenças neurológicas, especialmente a raiva. O diagnóstico só ocorre com análise laboratorial do tronco encefálico, realizado após a morte do animal. Clinicamente falando não há como o proprietário ter certeza, mas ele pode ficar atento às alterações neurológicas mais perceptíveis, como: nervosismo, reação exagerada a estímulos externos e dificuldade de locomoção e, na fase terminal, ficará prostrado. Importante é que quando ocorrer o óbito do animal, o proprietário deve comunicar imediatamente o Serviço Veterinário Oficial para que coletem o material encefálico que será encaminhado para laboratório.

Portal Agrolink:  O Brasil corre risco de uma epidemia?
Erivânia Camelo :
Nós nunca tivemos uma epidemia de EEB no Brasil. Só tivemos três casos e todos eles atípicos. O Brasil continua com o risco insignificante e toma todas as medidas sanitária. Nunca tivemos e nem teremos uma epidemia, graças ao trabalho desenvolvido pelo Serviço Veterinário do Brasil.

 

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