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Momento é de incerteza no campo

Diante do cenário atual da agricultura brasileira, analista de mercado defende que produtor deve ser cauteloso em ações e projeções


A safra 2009/2010 de soja em Mato Grosso ainda gera dúvidas ao setor. O fim do ciclo 2008/2009 apresenta resultados que não apontam para um cenário tão positivo para a próxima temporada, porém não é tão ruim se comparado à safra atual. De acordo com o analista da Agroconsult, André Pessoa, a agricultura passa por um momento em que não é possível traçar perspectivas tão certas para o ano agrícola que começa em setembro e que a mensagem aos produtores é de cautela.

Entre os fatores que estão contribuindo para este cenário está a superprodução de milho no Estado, que em decorrência da falta de armazéns e baixo consumo está estocando o grão a céu aberto, e quem consegue comercializar está vendendo a preços bem abaixo do valor de mercado, cerca de R$ 8, quanto que o estabelecido na Política de Garantia Preços Mínimos (PGPM) do governo federal, é de R$ 13,20. "A safra de milho é importante na composição da renda do produtor que vai fazer a safra de soja. E com pouca remuneração ele vai ter novamente que desembolsar recursos próprios, o que não vai ser novidade, já que no ano passado ele teve de fazer isso".

Pessoa considera ainda que na safra 08/09, apesar de tantas dificuldades, o produtor estadual está tendo uma rentabilidade entre R$ 400 e R$ 500 por hectare. Para a próxima safra, ele projeta que, o ganho poderá ser de até metade da que foi obtida no ciclo que está terminando, chegando a uma média de R$ 250/ha. Ele considera que esta cifra é projetada a partir da cotação do dólar hoje, dos preços do produto no mercado atualmente e também por causa da redução de cerca de 14% nos custos de produção, puxado principalmente pela queda no preço do fertilizante. "Mas não há garantias de congelamento do preço da commotity e tampouco da cotação do dólar". Há ainda o agravante da tendência para uma boa safra de soja nos Estados Unidos e Argentina.

Área plantada- Conforme Pessoa, há uma perspectiva de aumentar a área plantada de grãos no Estado em cerca de 150 mil hectares, que será voltada novamente para a soja. Ele afirma que alguns produtores de algodão e até mesmo arroz se voltarão para a oleaginosa motivados pelo retorno financeiro deste grão em relação aos demais. E no país, conforme ele, a adição de mais hectares será de aproximadamente 1 milhão. "Mas tudo vai depender do estímulo do produtor. Há a necessidade de o governo fazer leilões de milho, por exemplo, até o dia 15 de setembro, data limite para que o agricultor tome a decisão por plantar".

Crédito- Com relação aos recursos, o analista do Agroconsult considera que o produtor terá novamente que aplicar recursos próprios e que apesar do governo ampliar o crédito, no caso de Mato Grosso há dificuldade em acessar o dinheiro, já que ele é condicionado ao limite por CPF e ao volume produzido, o que faz com que os produtores da região Sul do país sejam mais beneficiados. "Mato Grosso continua tendo as tradings e bancos internacionais como alternativa de financiamentos".

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