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Nos EUA, jovens deixam escritório para trabalhar no campo

Tendência de comprar orgânicos localmente fortalece interesse dos jovens pela agricultura nos EUA



Uma situação bastante inusitada está acontecendo nos Estados Unidos. Quem vive no campo geralmente sabe das dificuldades para permanecer na atividade agrícola, especialmente no caso dos jovens. Mas nos Estados Unidos, pela segunda vez em 100 anos, o número de produtores ou pessoas ligadas à atividade agrícola com menos de 35 anos cresceu, segundo dados do Departamento da Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Outro dado surpreendente é que 65% dos jovens produtores entrevistados possuem diploma universitário, o que é muito mais alto que a média da população em geral.

Especialistas acreditam que a mudança não é suficiente ainda para o desafio que a produção rural enfrenta com o envelhecimento de agricultores e pecuaristas. Mas deve preservar a figura do médio produtor e fortalecer a tendência de comprar alimentos localmente.

“Nós veremos uma mudança na agricultura americana para a próxima geração que vai para a terra. A única questão é se continuarão indo para o campo, dados os desafios”, afirmou Kathleen Merrigan, chefe do Instituto de Alimentos da Universidade George Washington e ex-secretária do USDA durante a administração Obama.

O número de novos produtores nos Estados Unidos com idades entre 25 e 34 anos cresceu 2,2% entre 2007 e 2012 a nível nacional, enquanto que outros produtores da faixa etária inferior a 70 anos baixou em dois dígitos. Mas em alguns estados como Califórnia, Nebraska e Dakota do Sul o número de novos fazendeiros cresceu 20% ou mais. Uma pesquisa do National Young Farmers Coalition já indica que a maioria dos jovens agricultores não foram criados em fazendas.

A pesquisa também indica que esses novos produtores estão mais propensos a produzir orgânicos, reduzir drasticamente o uso de pesticidas e fertilizantes, além de fazer rotação de culturas e diversificar a produção animal. A grande ferramenta de comercialização deles geralmente são as feiras de orgânicos locais e uma boa relação com a comunidade. Grande parte deles opera em áreas com até 20 hectares, mas as propriedades vêm crescendo.

A consultoria AT Kearney revela que grandes cadeias de supermercado, como o Walmart, já estão aumentando seus programas de compras locais devido ao aumento da oferta. Esses novos produtores também se estão associado para armazenar, processar e vender os alimentos coletivamente. Isso já estaria gerando muita preocupação por parte dos produtores convencionais.

“Eu recebo chamadas o tempo inteiro de produtores – alguns dos maiores do país – me perguntando quando a moda do orgânico e local acabará. É meu prazer de dizer a eles: olhe para essa geração. Embarque nessa ou saia do negócio”, disse Eve Turow Paul, uma consultora que assessora propriedades.

No período anterior, entre 1992 e 2012, os Estados Unidos haviam perdido 250 mil propriedades rurais.

 

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