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Orgânicos têm mercado amplo e oferta reduzida em Goiás

Até 90% dos goianos estão dispostos a pagar mais pela qualidade dos produtos, mas oferta é pequena


A produção de alimentos orgânicos é um grande nicho de mercado que os produtos rurais goianos não exploram devidamente. A oferta tem crescido nos últimos anos, mas está praticamente restrita a Goiânia e ainda assim é irregular, o que faz os preços subirem acima da expectativa e dificulta a fidelização do público consumidor.

A existência de um grande mercado potencial para os produtos orgânicos foi comprovada por pesquisa realizada pelo agrônomo Edemilson Moreira Coelho. Os dados coletados mostram que 90% dos goianienses estão preocupados com a qualidade dos alimentos e se dispõem a pagar mais caro para ter uma alimentação mais saudável.

Edemilson entrevistou 758 pessoas em 38 feiras livres, de todas as regiões de Goiânia. A todos explicou o que são os produtos orgânicos e perguntou se estariam dispostos a pagar um pouco mais por eles, caso tivessem disponíveis. A pesquisa foi direcionada para os cinco produtos (tomate, cenoura, alface, laranja e banana) mais consumidos no mercado goianiense.

A maioria dos entrevistados disse estar disposta a pagar entre 35% e 45% a mais pelos orgânicos. “Nossa surpresa foi a existência dessa disposição também nas camadas mais pobres da população. A maioria respondeu que prefereria comprar menos, mas adquirir alimento de melhor qualidade”, conta.

Os dados coletados pelo agrônomo serviram para fundamentar sua dissertação de mestrado em agronegócio, defendida na terça-feira desta semana dentro do programa de pós-graduação da Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG). A proposta de trabalho de Edemilson foi justamente a de pesquisar a disposição dos consumidores de pagar mais pelos alimentos orgânicos e comprovar a existência de um amplo mercado a ser explorado.

Produção familiar

Segundo ele, esse mercado deve interessar principalmente aos pequenos produtores rurais. “A agricultura orgânica pode ser praticada em qualquer escala, mas tem características que a torna adequada para o agricultor familiar”, diz. Entre essas características, ele destaca a menor exigência de capital (gasta-se menos com insumos, como adubos químicos e defensivos) e a maior exigência de mão-de-obra, que geralmente é familiar entre os pequenos.

O agrônomo também destaca a necessidade de ações governamentais para o desenvolvimento da agricultura orgânica. Ele lembra que o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) tem programas específicos, inclusive com compra da produção. Ressalta, no entanto, a dificuldade que os pequenos produtores têm de contar com assistência técnica. “As empresas de insumos não vão atender a necessidade deles porque não lhes interessa a agricultura orgânica. Por isso, os governos devem garantir a formação de técnicos especializados para assisti-los”, defende.

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