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Pool para exportar soja em Goiás


Produtores goianos decidem se unir para exportar diretamente sua produção e fugir dos contratos de venda antecipada.

Cerca de 30 produtores de soja reunidos, ontem, na Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), decidiram se organizar em pool para exportar diretamente sua produção de soja. A idéia surgiu durante reunião da Comissão de Grãos da entidade, que em princípio discutiria possíveis alterações nos contratos de venda antecipada do produto, de forma a evitar que as bruscas oscilações do câmbio causem prejuízos aos produtores. As transações serão feitas através de uma empresa trade que cuidará de toda a logística, como comercialização e embarque.

Por mais de três horas, os sojicultores debateram os gargalos da comercialização de produtos agrícolas com o especialista em comércio internacional de commodities, Gleno More, ex-gerente comercial da Cooperativa dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo).

O objetivo confesso dos produtores é o de minar o controle de preços no mercado goiano, hoje praticamente todo dominado por cinco ou seis grandes empresas, a maioria multinacionais. “Não se trata de cortar relações com essas empresas, o que queremos é influir na política de preços, forçando uma melhor remuneração para o produtor”, afirma Alécio Maróstica, presidente da Comissão de Grãos.

A pedido dos sojicultores, Gleno More se comprometeu a agendar uma nova reunião com representantes de uma trade de reconhecida solidez e reputação, para uma análise mais detalhada de como funcionará o pool de exportação. Entretanto, pelo menos uma grande dificuldade foi levantada durante as discussões: a falta de armazéns para recepcionar o produto até o embarque para o porto.

De acordo com os produtores, a rede armazenadora goiana está concentrada nas mão das grandes empresas do comércio de produtos agrícolas, que em alguns casos arrendam unidades simplesmente para mantê-las fechadas e evitar concorrência.

Quanto aos contratos de venda antecipada, a conclusão é de que se pode discutir aspectos que penalizam o produtor e outros que privilegiam as empresas, mas dificilmente se conseguirá criar um mecanismo limitador para os efeitos das oscilações do câmbio e dos preços.

Gleno More explicou que nos Estados Unidos existe a figura do “gatilho” em certos contratos, mas em geral entre indústrias e fornecedores fixos de matéria-prima. “Não se perde por tentar, mas acho difícil encontrar uma fórmula que funcione adequadamente em operações de mercado”, ressalta o consultor.

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