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PR co­me­ça a re­co­lher agro­tó­xi­cos ir­re­gu­la­res

Estimativa é que cerca de 2 mil toneladas de BHC estejam enterradas; produtores têm até 30 de novembro para informar produto armazenado


Curitiba - Entidades ligadas à agricultura, Conselho Estadual do Meio Ambiente e governo do Estado lançaram, ontem, uma campanha que pretende acabar com o problema dos agrotóxicos antigos, obsoletos, e em sua maioria ilegais, que estão estocados ou enterrados em propriedades rurais há anos, com riscos de danos à saúde e ao meio ambiente.

O objetivo é eliminar 21 produtos agrotóxicos, cujo uso foi proibido no passado. O principal deles é o Hexabenzeno de Cloro (BHC), altamente perigoso, e que está proibido no Brasil desde 1985. No último levantamento feito pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento, em 2002, foram registradas 154 toneladas de BHC em propriedades rurais. A estimativa, no entanto, é que existam cerca de 2 mil toneladas enterradas ou escondidas por agricultores, que tiveram medo de multas ou sanções penais após a proibição.

Uma das ações refere-se à aplicação da lei estadual, aprovada recentemente pela Assembleia Legislativa, e que concede um prazo de "anistia" de seis meses para que os agricultores que possuem o produto armazenado informem ao governo sem qualquer punição ou multa. Para isso, os agricultores terão prazo até 30 de novembro para fazer uma auto-declaração, dando todos os dados do produto, como localização, quantidade e condições de armazenamento. A declaração será disponibilizada em vários locais, entre eles sindicatos rurais e sedes da Emater, das secretarias de Agricultura ou do Meio Ambiente e da Superintendência de Desenvolvimento dos Recursos Hidricos e Saneamento Ambiental (Suderhsa).

Segundo o secretário estadual do Meio Ambiente, Raska Rodrigues, a partir deste rastreio, as entidades parceiras neste trabalho irão viabilizar a infraestrutura necessária para fazer o recolhimento, embalagem adequada e transporte até o local de incineração do produto, o que é feito em cinco incineradores industriais existentes em São Paulo e Rio de Janeiro. Entre as entidades envolvidas no programa estão secretarias de Estado, Federação dos Agricultores do Paraná (Faep) e sindicatos rurais.

A primeira medida prática também aconteceu ontem, em Mandaguaçu (16 km a noroeste de Maringá), quando 22 toneladas de agrotóxicos obsoletos foram recolhidos em 42 propriedades do município. "Teve agricultor que entregou um saco de cinco quilos, mas também teve quem tinha três toneladas", disse o engenheiro agrônomo Rui Muller, chefe do Depto de Saneamento da Suderhsa.

A operação envolveu desde a captura do agrotóxico, que em geral estava enterrado, o reembalamento e transporte adequado para garantir que não haja riscos de contaminação no caminho. Só essa ação custou cerca de R$ 132 mil. Um dos motivos da destinação correta destes agrotóxicos não ter sido feita até hoje é justamente seu alto custo. Segundo João Rando, do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens vazias (Inpev), o Paraná deverá gastar entre R$ 5,50 a R$ 6,00 por quilo do material com o processo completo, ou seja, da retirada do agrotóxico à incineração. Isso significa que devem ser gastos cerca de R$ 12 milhões para eliminação das 2 mil toneladas existentes nas propriedades.

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