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Produção brasileira de arroz está estimada em 10,5 milhões de toneladas

Outras alternativas são incentivadas para reduzir o custo de produção


Foto: Eliza Maliszewski

O Brasil produz menos arroz para ajustar a oferta à demanda interna e melhorar a renda do produtor. A colheita foi estimada em 10,56 milhões de toneladas para a safra 2019/20. Esse volume representa incremento de 1% em relação ao ciclo anterior, que havia sido inferior ao dos últimos anos. A previsão é da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que divulgou o quarto levantamento em janeiro de 2020.

A área total semeada foi calculada em 1,685 milhão de hectares no período 2019/20, com redução de 0,7%, de acordo com a Conab. A maior parte do plantio é de arroz irrigado, com a previsão de totalizar 1,3 milhão hectares, 3,7% a menos. O arroz de sequeiro abrange 385,1 mil hectares, com alta de 11,1%. O irrigado está concentrado na Região Sul, com 951 mil hectares no Rio Grande do Sul e 144 mil hectares em Santa Catarina. Os maiores produtores de sequeiro são os estados do Mato Grosso e de Maranhão, com as respectivas áreas de l40,8 mil hectares e 91,2 mil hectares.

Mesmo com a redução da área plantada nas últimas safras, a produção se mantém ajustada ao consumo devido ao maior rendimento do arroz irrigado, proporcionado pelo uso de tecnologias, observam os técnicos da Conab. A produtividade média está calculada em 6.266 quilos por hectare na safra 2019/20, com 1,7% de acréscimo. A média do arroz irrigado poderá chegar a 7.404 quilos por hectare e a de sequeiro a 2.421 quilos por hectare, com as respectivas altas de 3,8% e de 2,9%.

O Rio Grande do Sul, principal produtor do cereal, colheu 7,241 milhões de toneladas na safra 2018/19, com queda de 1,232 milhão de toneladas, ou 14,5%, de acordo com o relatório do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). Altos volumes de precipitação e baixa radiação solar afetaram a produtividade da lavouras gaúchas. A média estadual caiu para 7.508 quilos por hectare, menos 441 quilos por hectare.

Conforme o Irga, o custo médio para produzir um hectare foi estimado em R$ 8.836,96. Por saco, o gasto médio ficou em R$ 58,18. A avaliação da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) é de que o desempenho do cereal foi positivo em 2019. O embarque de arroz aumentou em 2019, especialmente para países da América Central e do Caribe. A Federarroz contatou com os governos estadual e federal com a intenção de auxiliar os arrozeiros na redução dos custos de produção. "O cenário é de conquistas e de boas expectativas para 2020", prevê Alexandre Velho, presidente da entidade.

A exportação de arroz totalizou 1,434 milhão de toneladas e US$ 367,586 milhões no ano civil de 2019, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). O setor orizicultor considerou o volume surpreendente, porque haviaexportado 1,7 milhão de toneladas em 2018, e a disponibilidade interna do grão reduziu com estoque e safra menores. O Brasil está entre os 10 maiores exportadores do grão. 

Se excluir os países asiáticos, passa para a segunda posição, abaixo apenas dos Estados Unidos. O presidente da Federarroz explica que a exportação foi favorecida pelo câmbio alto e pela abertura de novos mercados, como o do México, que adquiriu 275 mil quilos de arroz beneficiado em outubro de 2019. "Temos condições de exportar 20% a mais", avalia.

Países que ainda não importaram do Brasil, como Iraque, Irã e Egito, estão interessados no produto nacional. Em 2019, de um total de 114 nações, os maiores clientes do arroz brasileiro foram Venezuela, Costa Rica, Peru e Senegal.

O crescimento do mercado interno será na ordem de 2,9%, projeta a Federarroz. A produção continua estagnada em 10,5 milhões de toneladas e o consumo interno estimado em 10,6 milhões de toneladas para o ciclo 2019/20. A queda de preço no segundo semestre de 2018 provocou a redução da área plantada e a produção menor na safra 2018/19. O preço médio pago pelo saco de 50 quilos de arroz com 58% de grão inteiro foi de R$ 43,51 em 2019, com alta de 9,3%, segundo o Centro de Estudos
Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.

A Federarroz estimula os produtores a adotarem o sistema de produção lavourapecuária, com o plantio de soja e a criação de gado em conjunto com o arroz. É possível reduzir o custo de produção em 15% e aumentar a produtividade em 20% com a adoção desses sistemas. "Também estamos analisando a viabilidade de alternativas de culturas para a Metade Sul do Rio Grande do Sul, que incluem milho e canola", relata Alexandre Velho. O uso de um pivô central para irrigação do arroz é outra alternativa que está em análise para racionalizar o uso da água.

UM MUNDO DE ARROZ 

A produção mundial de arroz foi recorde na safra 2018/19, com o total de 499,2 milhões de toneladas de arroz beneficiado, alta de 0,96% frente à anterior (494,89 milhões de toneladas de arroz beneficiado). Os dados são do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O incremento veio das maiores colheitas na Índia, em Bangladesh, no Vietnã, nos Estados Unidos e na Indonésia, em especial.

O consumo mundial ficou abaixo da produção, mesmo com elevação de 1,33% frente à safra anterior.
O estoque global chegou a 173,3 milhões de toneladas, 6,6% maior que o da safra 2017/18.

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