Produtores do DF investem na agricultura orgânica
No Distrito Federal, o cultivo da agricultura orgênica conquista cada vez mais espaço e Sebrae local contribui para essa expansão
Do Pequenas Empresas & Grandes Negócios
São Paulo - No Distrito Federal, a agricultura orgânica conquista cada vez mais espaço. Um projeto leva a inovação tecnológica e técnicas de gestão aos produtores. O objetivo é aumentar a produtividade e crescer ainda mais.
O cultivo de hortaliças orgânicas exige investimentos maiores. Mais funcionários no campo e muito cuidado com a higiene. Tudo isso é recompensado com lucros acima da média de mercado. Uma alface orgânica chega a custar R$ 5. O preço não assusta os clientes que desejam ter uma alimentação saudável. Por tudo isso o Sebrae no Distrito Federal criou um arranjo produtivo local para incentivar o setor.
“É um projeto desenvolvido em parceria com outras entidades que estão ligadas ao agronegócio e tem a finalidade de promover a inovação tecnológica para produtores orgânicos, assim como ajudar os tradicionais que têm interesse em migrar para a produção orgânica”, explica Ana Paula da Conceição, do Sebrae/DF.
Joe Carlo e Clevane Valle têm uma propriedade dedicada ao cultivo de orgânicos. De um lado ficam a alface, a abóbrinha, o pepino. São 35 variedades de hortaliças em 45 hectares.
Do outro lado, 150 vacas comem verduras produzidas na fazenda. Da ordenha, sai a matéria-prima para três tipos de leite e outros três de queijo orgânicos.
“Nós fazemos um sistema integrado de produção, onde há uma interdependência. O que sobra das hortaliças, o que sobra do campo, vem para alimentação animal. E do gado sai toda a parte de matéria orgânica que vai abastecer e fertilizar o solo para a produção vegetal”, ensina o produtor rural Joe Carlo Valle.
As verduras são o carro-chefe da empresa rural. A produção mensal chega a 350 toneladas de hortaliças. Lá não são usados pesticidas e fertilizantes. A lavoura cresce com a ajuda de adubo orgânico. Esse tipo de cultivo ganha espaço cada vez maior no campo porque tem clientela garantida. “Eu acho que tem o fator do meio ambiente que hoje já pesa para o nosso consumidor na decisão de compra, a preservação do meio ambiente. Mas a sua saúde é o principal”, esclarece a empresária Clevane Valle.
A fazenda emprega 155 pessoas e lá entra outro conceito da agricultura sustentável. Ela precisa ser socialmente justa e premiar os colaboradores. Os funcionários têm participação nos lucros. Eles ficam com 30% do faturamento líquido. Cada um recebe pelo menos R$ 200 extras por mês.
E quem fica oito anos na empresa, passa a integrar o conselho de gestão. Esse sistema participativo estimula os empregados a trabalhar melhor e reduzir o desperdício de insumos. Assim, a produção aumenta 30% ao ano. Todos agem como se fossem donos da empresa.“A gente sabe que quanto mais produzir, mais vai ganhar. Isso é muito bom”, observa o funcionário José Célio Mendes.
Quinze funcionários fazem parte do conselho gestor e tomam decisões que, às vezes, contrariam os patrões. “Muitas vezes, a gente é contestado. E a gente tem que ceder porque eles estão dentro do processo. E, muitas vezes, as opiniões tdeles êm mais valor do que a nossa”, explica Clevane.
Todas as mudanças foram orientadas pelo Sebrae. Os empresários fizeram vários cursos de gestão. “A gente vendia muito, produzia muito, mas tinha problema de custo de produção. Não sabíamos como calcular esse custo, como chegar bem ao mercado, como colocar nossa marca no produto, como fazer a nossa marca entrar no mercado e ser conhecida. Então, todos os problemas da porteira para fora. Aí é que aparece a expertise dos consultores do Sebrae nesse processo de gestão, fazendo e trazendo qualidade para nossa empresa e para o sistema de comercialização”, afirma Joe Carlo.
O projeto do Sebrae une 85 produtores de orgânicos. Eles fazem parcerias para conquistar mercado. Se alguém faz uma venda maior do que sua capacidade de entrega, compra o excesso dos colegas. É desse jeito que todos ganham. “Isso estimula a produção porque ter o mercado garantido, alguém para comprar, facilita a produção. É uma preocupação a menos para o produtor”, explica Clevane.
O Sebrae fez o novo planejamento estratégico da empresa. Entre os objetivos, está o aumento da produção de hortaliças. “Hoje nós embalamos 50 mil unidades por semana e a nossa meta para esse ano é conseguir atingir 80 mil unidades por semana”, afirma a empresária.
A produção é vendida para 35 supermercados do Distrito Federal. As grandes redes só compram orgânicos certificados. As embalagens precisam ter um selo. O Sebrae subsidia 70% do custo das certificações. A meta do Sebrae é aumentar a área plantada de orgânicos no Distrito Federal e com isso ver um crescimento de 20% no faturamento até o fim de 2010. “O produto orgânico veio para ficar. É um produto que respeita o meio ambiente e preserva a saúde do ser humano, além de promover lucratividade para o produtor rural”, explica Ana Paula da Conceição, do Sebrae/DF.