Quando terminou a faculdade de agronomia no Rio de Janeiro, no final da década de 1990, Aly Ndiaye – senegalês radicado no Brasil – foi morar em uma comunidade de pequenos agricultores que já praticavam a agricultura orgânica. No entanto, esse formato ainda gerava alto custo. ‘‘Não havia integração de culturas, o que tornava a produção pouco viável’’, conta.
O agronômo, então, tentou colocar em pauta a integração de produção animal e vegetal, reduzindo o custo de implantação dos projetos, fazendo uma troca de materiais para que não houvesse necessidade de utilizar fertilizantes. ‘‘Da horta para os animais e vice-versa’’, destaca. Foi daí que surgiu o PAIS e de lá para cá, segundo Ndiaye, já foram implantadas cerca de 7 mil hortas agroecológicas pelo Brasil, concentradas no Nordeste. O projeto, acrescenta, foi formatado primeiramente para ser aplicado em propriedades de agricultores familiares e que precisavam de maximização da terra, e hoje pode ser aplicado no Brasil todo.
Sobre o mercado, o agrônomo aponta o crescimento da demanda por produtos orgânicos em torno de 40% a cada ano. ‘‘Hoje a demanda é muito grande e mais do que gerar alimentos é gerar alimentos saudáveis’’, frisa. Ndiaye afirma que esse projeto é um sonho que está realizando: de ver os agricultores produzindo algo mais saudável e se preocupando mais com a vida. ‘‘Quando a gente fala em alimentos com mais qualidade, a gente começa a avaliar outras coisas da vida’’, garante.
O mais importante na opinião dele, no que diz respeito ao conceito PAIS, é o fato das hortas serem implantadas em mutirão. Depois de cada curso de capacitação que ministra, os participantes ajudam a construir as hortas de cada agricultor interessado. ‘‘Essa é a ideia, capacitar o produtor para que possa ter renda com um produto saudável e ser divulgador desse conceito’’, frisa. A renda média mensal de cada horta pode variar de R$ 500 a R$ 1 mil, dependendo do tamanho da horta e da região onde está instalada.
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