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Pulgão da cana está atacando lavouras de sorgo

Como se trata de uma praga nova em lavouras de sorgo, ainda não há inseticidas registrados


Foto: Gabriel Faria

O pulgão-da-cana-de-açúcar (Melanaphis sacchari) velho conhecido dos canaviais brasileiros passou a ser observado em lavouras de sorgo no Sul, Sudeste e no estado de Goiás há dois anos e nessa safra já tem sido visto em cultivos de verão em Mato Grosso.

O alerta vem do pesquisador Flávio Tardin, da Embrapa Milho e Sorgo sediado na Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop (MT) que realiza experimentos a respeito. A praga tem sido notada tanto em sorgo granífero quanto silageiro, biomassa e sacarino.

Ele se aloja embaixo das folhas e suga a seiva das plantas. Os excrementos deixam restos que podem servir como como vetor de viroses, ou até mesmo como porta de entrada para doenças, pelas lesões que causa na planta. Ele faz a fumagina, uma camada preta que inibe a fotossíntese da folha. De acordo com Tardin, dependendo do nível de infestação, o pulgão da cana pode causar até perda total da lavoura de sorgo.
Nos experimentos realizados em Sinop (MT), pesquisadores monitoram a população do inseto e os danos que causam nos diferentes materiais. A praga causa danos diferentes conforme os materiais genéticos.

O sorgo é uma opção quando a janela de milho safrinha fica apertada, como nesta safra. “O sorgo é uma cultura tão nobre quanto as outras. Muitos produtores talvez plantem esse cereal pela primeira vez. O que recomendamos é que se faça um bom plantio e o monitoramento da lavoura desde cedo. E, sabendo que a praga está no estado, se faça o acompanhamento da ocorrência de pulgões na área”, alerta Flávio Tardin.
 
Controle do pulgão

Como se trata de uma praga nova em lavouras de sorgo, ainda não há inseticidas registrados para o controle na cultura. Por esse motivo, o monitoramento é o principal aliado para evitar danos.

“É importante o produtor sempre monitorar a lavoura dele, para conseguir detectar quando esse pulgão está chegando e acompanhar a evolução da população. Não necessariamente essas populações irão avançar e crescer a ponto de causar prejuízo. Se chegar a uma situação com presença de mela nas folhas, justifica uma entrada de controle”, explica Rafael Pitta, pesquisador em Entomologia da Embrapa Agrossilvipastoril.

De acordo com Pitta, embora não haja inseticidas específicos para essa espécie de pulgão no sorgo, há outros produtos registrados que têm eficácia contra pulgões e podem servir como referência para os produtores. O pesquisador ressalta ainda a importância de acompanhar a ocorrência de inimigos naturais que auxiliam no controle, como joaninha, tesourinha e a fase larval da abelhinha do milho, conhecida em muitos locais como "mindinho". Há ainda microvespas que ovopositam no pulgão, causando a morte da praga.

Outro alerta que o entomologista faz é na identificação da praga, uma vez que pode haver confusão entre o pulgão e seu exoesqueleto. “Às vezes o produtor confunde e acha que está com infestação elevada, mas não está. O pulgão é o inseto amarelo. Os pontos brancos que geralmente ficam grudados na folha em volta são os esqueletos externos do inseto que ele deixa na medida em que vai crescendo”, explica Rafael Pitta.
 

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