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RS pode ser referência mundial em azeite de oliva

Cultivo é desenvolvido em várias regiões do Estado com bons resultados


Foto: Pixabay

O Rio Grande do Sul vem alcançando bons resultados na olivicultura sendo o maior produtor nacional da cultura. As potencialidades e oportunidades do setor foram discutidas no 1º Seminário Gaúcho do Cultivo de Oliveiras, no distrito Recanto Maestro, em Restinga Seca (RS). 

Iniciada há alguns anos na região, a produção de olivas local teve em 2021 a sua primeira colheita. Os frutos foram levados para processamento em uma fábrica parceira. A ideia é que, até 2022, já esteja pronta uma fábrica própria para produção do Azeite de Oliva Recanto no local. O empreendimento processará não apenas as olivas plantadas no distrito, como também estará aberto a receber a produção dos agricultores da região que desejem realizar o plantio dessa lavoura.

"O cultivo das olivas vai dar o progresso à Quarta Colônia, ao Vale do Rio Pardo, à região da Campanha e a toda a metade Sul do Estado", destacou o empresário do ramo calçadista, Roberto Argenta, investidor de oliveiras do Recanto Maestro.

A professora e pesquisadora italiana Annalisa Cangelosi, que leciona no Brasil, relembrou aspectos históricos e econômicos do cultivo das oliveiras e do papel fundamental que o azeite de oliva tem na gastronomia mundial. "A melhor forma de degustar o produto é na sua terra. Cada produto mantém uma relação muito viva com a terra que o originou. E o azeite de oliva não tem só o uso na cozinha, mas também pode ser utilizado também na cosmética, em medicamentos e para fins industriais. O azeite traz consigo culturas e lendas muita bonitas. É uma árvore que simboliza o renascimento do ser humano, e pode durar mais de mil anos. É um legado para o futuro o que se está fazendo aqui", ressaltou a professora italiana.

O engenheiro agrônomo, Mestre e Doutor em Agrononomia, especialista em fruticultura de clima temperado com ênfase em olivicultura, Fabricio Carlotto Ribeiro, que atua com a cadeia produtiva das oliveiras desde 2007, lembrou que as oliveiras, sendo originárias dos países árabes, foram levadas pelos povos fenícios e mouros para a região do Mar Mediterrâneo, ali se adaptaram muito bem e começaram a ganhar uma expressão maior de cultivo. Hoje, na América do Sul, são cultivadas na Argentina, Chile, Uruguai e, mais recentemente, no Brasil, onde a principal zona de cultivo está no Rio Grande do Sul. Segundo o engenheiro, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Sul (Emater) registra atualmente 6 mil hectares de área produzida no Estado em 30 municípios.

"Precisaríamos de 100 mil hectares em todo o país para atendermos de forma autônoma o que o mercado brasileiro consome. Hoje, 0,3% do que consumimos no Brasil em termos de azeite de oliva são de produção nacional. São 15 indústrias em atuação no Rio Grande do Sul; a do Recanto Maestro fica pronta final do ano e, na safra do ano que vem, já estará funcionando", explicou Carlotto. O engenheiro tratou ainda sobre particularidades do cultivo e do manejo das oliveiras no país, especialmente em solo gaúcho, da viabilidade dos pomares, zoneamentos, pragas e ameaças, sobre como apoiar o agricultor para que seja um investimento de sucesso e os protocolos que estão sendo criados para guiar os agricultores.

Com as iniciativas dos produtores de oliveira já atuantes no Estado, o Rio Grande do Sul tem se tornado um novo e prestigiado terroir de azeite de oliva. Terroir é um termo que vem do francês e significa um específico tipo de solo, clima e geografia local que imprimem características únicas ao produto nele produzidos. O azeite de oliva produzido no Rio Grande do Sul tem sido premiado internacionalmente e considerado de alta qualidade.

Projetos como esse realizados no Estado assumem a missão de restaurar a economia da metade Sul, que, desde 1990, sofre revezes socioeconômicos em sua atividade produtiva, baseada principalmente na pecuária de corte e nos campos de arroz irrigado, tendo a olivicultura como força motriz dessa transformação econômica.

Outra região, que pode se beneficiar muito da produção de oliveiras é a do Vale do Rio Pardo, que se avizinha territorialmente a Rota das Oliveiras e que mantém características similares de solo e de clima para o cultivo. Um dos fatores que alicerça a presença do plantio aqui é a diversificação, já que a monocultura do fumo, por enquanto, predomina. É um cenário que injeta viabilidade a um novo futuro econômico às famílias de agricultores.

A Rota das Oliveiras (instituída pela Lei No. 15.309 em 29 de agosto de 2019) detém clima temperado, aliado ao relevo e tipos de solos encontrados, especialmente as áreas que compreendem as regiões Sul da Campanha e o Vale do Rio Pardo, apresentando especificidades que definem o equilíbrio ideal para o desenvolvimento das oliveiras, realçando atributos organolépticos do azeite de oliva com elevada qualidade.

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