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Safra de sorgo será 16% menor

Mesmo mais resistente ao estresse hídrico, cultura sofreu e produtividade caiu


Foto: Pixabay

Mesmo com o aumento na área plantada e toda rusticidade da cultura em relação ao estresse hídrico, ainda assim a expectativa é de redução na produção total nesta temporada 2020/21 em comparação ao ciclo passado. Os baixos níveis pluviométricos em muitas regiões produtoras do grão fez com que o potencial produtivo não fosse atingido, perfazendo um rendimento médio abaixo do exercício anterior. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a previsão é de obtenção de um volume final na ordem de 2.098,2 milhões de toneladas, indicando diminuição de 16% em comparação a 2019/20.

No Pará, diferente de boa parte das regiões produtoras, houve aumento de área semeada e incremento na produtividade média em relação ao ciclo passado. As condições foram favoráveis à cultura nas fases mais críticas do desenvolvimento, permitindo uma produção melhor que na temporada passada, alcançando 54,9 mil toneladas colhidas.

Em Tocantins, a colheita do grão foi encerrada na primeira semana de agosto, e a produtividade média das lavouras ficou em 2.163 kg/ha. Houve aumento na área plantada de 48% em relação à safra passada, garantindo um bom resultado final, ultrapassando as 109,4 mil toneladas.

No Maranhão, na região leste, tem-se observado uma tendência de cultivos extensivos de segunda safra do sorgo, imediatamente após a colheita de soja, em virtude desse cereal apresentar uma maior tolerância às condições de estresse hídrico que normalmente ocorrem nesse período. Além de boa cobertura do solo e alta durabilidade da palhada, a cultura normalmente tem um preço atrativo de venda, com mercado para outros estados e atuando, ainda, na redução da população de nematoides que permanecem no solo após a colheita. A cultura do sorgo, cultivada na região sul do estado, em substituição aos cultivos de soja, teve a semeadura realizada entre o final de fevereiro e março de 2021. A colheita iniciou de maneira relativamente tímida em algumas unidades produtivas, intensificando-se em agosto de 2021. Na presente safra, a área total apresentou 9,8 mil hectares, com redução de 7,5% em relação à área plantada da safra anterior devido ao menor interesse de cultivo da cultura. A produtividade média ficou em 2.247 kg/ ha, e a produção em 22 mil toneladas.

No Piauí, a lavoura de sorgo é plantada como cultura de segunda safra, em sucessão à soja. O plantio no estado ocorreu no final de março. A área plantada na safra 2020/21 foi de 11,6 mil hectares, 59,3% menor que a área da safra anterior, com os produtores optando por plantar maiores áreas de milho segunda safra. A colheita desta cultura está finalizada, obtendo produtividade média na ordem de 1.264 kg/ha, sendo 30,2% inferior à obtida na safra anterior devido ao baixo índice pluviométrico durante o ciclo da cultura, principalmente, na fase de enchimento de grãos.

No Rio Grande do Norte, a cultura do sorgo com dupla aptidão vem se tornando uma das principais alternativas de alimentos volumosos para os rebanhos, sobretudo os bovinos, já que a maior parte da produção da planta vai para ração animal (forragem). Como o levantamento considera somente o sorgo granífero, estima-se na presente safra uma área de 600 hectares, mantendo assim em estabilidade. Em compensação, a produção estimada do grão foi 16,7% menor que a safra 2020, atingindo 500 toneladas.

Na Bahia, na região do extremo-oeste, em relação ao sistema de manejo, a agricultura empresarial apresenta um intenso uso de insumo, com a mecanização do preparo da área até a colheita. O sorgo serve como eventual substituto do milho nas rações do setor granjeiro e pecuário, influenciado pela alta e forte demanda do milho. No que se refere aos efeitos climáticos na produção, o volume de chuva reduzido em março e abril reduziu o potencial produtivo da lavoura. Na região centro-norte, as áreas que alcançaram produção estão sendo colhidas e comercializadas nas próprias localidades, visto que a procura pelo produto tornou-se mais acentuada com o avanço da estiagem e o preço do milho. Contudo, na maior parte das áreas, a baixa produção levou os agricultores a destinar as lavouras para silagem. Além disso, os últimos campos em produção foram os mais afetados pela seca, o que indica a mesma utilização. Na região centro-sul, as plantas resistiram melhor à estiagem e alcançaram melhor rendimento, se comparado às outras culturas.

No entanto, em virtude do preço do milho, a demanda por silagem para alimentação animal está maior, por esse motivo, a facilidade do manejo e a baixa produção compensou utilizar ou comercializar parte das lavouras para silagem. Por consequência, a produção final foi menor que a esperada. No geral, se estima uma redução na produção total se comparada a 2019/20, em razão das intempéries climáticas e os seus impactos sobre o rendimento médio da cultura. Assim, mesmo com aumento na área plantada, a perspectiva é de obtenção de um volume 5,2% inferior ao do ciclo passado, ficando em 148,2 mil toneladas colhidas. 

Em Mato Grosso, a colheita do sorgo foi encerrada em agosto, com finalização dos 20% que restavam neste mês, e até mesmo esta cultura, que costuma ser mais resistente ao clima seco, sofreu com a estiagem nesta temporada, e registrou produtividade média de 2.670 kg/ha, 9,9% inferior aos 2.964 kg/ha obtidos no ciclo passado. Nem mesmo os maiores investimentos aplicados à cultura do sorgo foram suficientes para reverter o quadro de perda. Substituto do milho na formulação de ração animal, suas cotações têm disparado em âmbito estadual, dada a restrição da oferta deste insumo, muitas vezes rompendo com a tradicional equalização de cerca de 80% do preço do milho. Essas condições mercadológicas incentivaram o aumento de área, cujo montante foi de 49,3 mil hectares, 5,7% superior ao do ano passado. Neste momento, a comercialização já ultrapassa mais da metade da produção colhida.

Em Mato Grosso do Sul, os problemas climáticos que a cultura passou durante o ciclo, impactou diretamente no rendimento das graníferas. No entanto, o expressivo aumento de área semeada nesse ciclo mudou completamente o panorama esperado para a safra. Aproximadamente 68% das áreas já foram colhidas, e são representadas basicamente por lavouras implantadas na região centro-norte estadual. Já no centro-sul, onde as lavouras são mais atrasadas, a operação será realizada basicamente em setembro. De maneira geral, a previsão é de uma produção 89,4% superior a 2019/20, devendo alcançar 68,2 mil toneladas.

Em Goiás, a falta de chuvas reduziu o potencial das lavouras, com isso, diminuiu a produtividade e qualidade dos grãos, além disso, por questões de falta de armazéns, os custos de logística fazem com que os produtores comercializem seus produtos na lavoura. Estima-se um aumento de 0,8% na área plantada, e um recuo de 18,1% na produtividade e de 17,4% na produção em relação ao ciclo anterior.

No Distrito Federal, a área cultivada tem um recuo de 1% em relação ao ciclo anterior. As lavouras se encontram em plena colheita, visto que 50% já foram colhidas. A produtividade média está estimada em 4.240 kg/ha, 14.9% inferior aos 4.980 kg/ha obtidos na safra anterior, redução provocada pela falta de chuvas nos estádios de floração e enchimento dos grãos. Assim, a produção poderá alcançar 41,6 mil toneladas, 15,6% inferior à produção da safra anterior.

Em Minas Gerais, as áreas de sorgo estima-se uma redução em 2,4%. A área de 195,9 mil hectares está com produtividade esperada de 2.901 kg/ha, 25,6% menor que o fechamento de safra anterior. A produção estimada é 27,4% inferior à safra 2019/20. Apesar de ser uma cultura com maior resistência ao clima, os efeitos do deficit hídrico e geada indicam potencial de reduções até o fechamento da safra. O estádio de colheita para o sorgo no estado é de 74%.

Em São Paulo houve uma estabilidade na destinação de área para o plantio da cultura, porém a produtividade média deve ficar bem abaixo do potencial esperado em virtude das adversidades climáticas registradas durante o ciclo (escassez de chuvas, baixa umidade no solo e geadas). Assim, o volume final previsto é 27,3% inferior ao obtido em 2019/20, com estimativa de 25,3 mil toneladas colhidas.

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