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Saiba onde a cesta básica ficou mais barata

Diminuição está associada ao preço de produtos in natura


Foto: Pixabay

Em julho, o valor do conjunto dos alimentos básicos diminuiu em 10 das 17 capitais onde o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. Entre junho e julho, as reduções mais expressivas ocorreram em Natal (-3,96%), João Pessoa (-2,40%), Fortaleza (-2,37%) e São Paulo (-2,13%). Sete cidades tiveram alta: Vitória (1,14%), Salvador (0,98%), Brasília (0,80%), Recife (0,70%), Campo Grande (0,62%), Belo Horizonte (0,51%) e Belém (0,14%).

São Paulo foi a capital onde o conjunto dos alimentos básicos apresentou o maior custo (R$ 760,45), seguida por Florianópolis (R$ 753,73), Porto Alegre (R$ 752,84) e Rio de Janeiro (R$ 723,75). Nas cidades do Norte e Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 542,50), João Pessoa (R$ 572,63) e Salvador (R$ 586,54). A comparação do valor da cesta entre julho de 2022 e julho de 2021 mostrou que todas as capitais tiveram alta de preço, com variações que oscilaram entre 11,07%, em Aracaju, e 26,46%, em Recife.

Em 2022, o custo da cesta básica apresentou elevação em todas as cidades, com destaque para as variações de Recife (15,83%), Belém (13,70%), Aracaju (13,48%) e Brasília (13,25%). Com base na cesta mais cara, que, em julho, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário. Em julho de 2022, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.388,55, ou 5,27 vezes o mínimo de R$ 1.212,00. Em junho, o valor necessário era de R$ 6.527,67, ou 5,39 vezes o piso mínimo. Em julho de 2021, o valor do mínimo necessário deveria ter ficado em R$ 5.518,79, ou 5,02 vezes o valor vigente na época, de R$ 1.100,00.

Cesta x salário mínimo

Em julho de 2022, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 120 horas e 37 minutos, menor do que o registrado em junho, de 121 horas e 26 minutos. Em julho de 2021, a jornada necessária ficou em 113 horas e 19 minutos. Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5% referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu em média, em julho de 2022, 59,27% do rendimento para adquirir os produtos alimentícios básicos, pouco menos do que em junho, quando precisou usar 59,68%. Em julho de 2021, quando o salário mínimo era de R$ 1.100,00, o percentual ficou em 55,68%.

Comportamento dos preços dos produtos da cesta

• Entre junho e julho, o preço do litro de leite integral e do quilo da manteiga aumentou nas 17 cidades. Para o leite UHT, as maiores altas ocorreram em Vitória (35,49%), Salvador (35,23), Aracaju (32,55%) e Natal (30,95%). No caso da manteiga, destacaram-se as elevações observadas em Salvador (9,27%), Belém (8,87%) e Porto Alegre (7,49%). Em 12 meses, todas as cidades apresentaram acréscimo de preço nos dois produtos. Para o leite UHT, as maiores variações acumuladas foram registradas em Florianópolis (80,91%) e Porto Alegre (78,33%). Para a manteiga, as taxas oscilaram entre 13,43%, em Natal, e 32,62%, em Salvador. A extensão do período de entressafra, devido ao clima seco e à ausência de chuvas, somada ao aumento do custo de produção (medicamentos e alimentação) e à maior demanda por parte das indústrias de laticínios foram os fatores que seguiram elevando o preço nos derivados de leite no varejo.

• O preço do quilo do pão francês subiu em todas as cidades, exceto em Aracaju (-0,57%). As maiores elevações ocorreram em Brasília (4,36%), Belo Horizonte
(2,68%) e Goiânia (2,67%). A farinha de trigo, coletada no Centro-Sul, teve o preço aumentado em oito das 10 capitais onde é pesquisada. As maiores variações
ocorreram no Rio de Janeiro (6,95%), Brasília (6,11%), Vitória (5,79%) e São Paulo (4,91%). Em 12 meses, o preço do pão francês apresentou alta em todas as
cidades, as maiores em Brasília (28,56%), Salvador (28,30%) e Belém (27,05%). 

Em igual período, o valor médio da farinha de trigo acumulou aumentos entre 19,29%, em Florianópolis, e 41,24%, em Campo Grande. Apesar da queda no preço internacional do grão, internamente, as cotações do trigo e da farinha seguiram em alto patamar, consequência da baixa oferta e da taxa de câmbio desvalorizada.

• O valor do quilo da banana (prata e nanica/caturra) aumentou em 15 das 17 capitais, e as elevações oscilaram entre 0,14%, em Belém, e 16,29%, em Vitória. Em Natal (-5,05%) e João Pessoa (-2,42%), houve quedas. Em 12 meses, a fruta apresentou alta de até 70,24% em Belo Horizonte. A menor oferta dos tipos de banana, diante de uma demanda firme, elevou o preço no varejo.

• Houve queda do preço da batata em todas as cidades na região Centro-Sul, onde o tubérculo é pesquisado. A oferta foi normalizada em virtude da colheita da safra de inverno. As reduções mais expressivas foram registradas no Rio de Janeiro (-24,76%) e em Brasília (-22,46%). Em 12 meses, porém, as cidades apresentaram taxas positivas. Em São Paulo, a batata dobrou de preço.

• O quilo do tomate diminuiu de preço em todas as capitais entre junho e julho. As taxas oscilaram entre -34,75%, no Rio de Janeiro, e -5,61%, em Belém. Em 12 meses, 12 cidades apresentaram variações positivas, entre 0,17%, em Florianópolis, e 117,73%, em Recife. Em outras cinco capitais houve queda de valor: Belo Horizonte (-12,10%), Rio de Janeiro (-7,38%), Porto Alegre (-7,28%), Vitória (-3,95%) e Goiânia (-0,37%). A maturação rápida dos frutos elevou a oferta e os preços caíram.

• A pesquisa captou diminuição no preço do óleo de soja em todas as cidades, exceto em Vitória (0,49%). As quedas mais expressivas foram registradas em Belém (-11,72%), Aracaju (-9,43%) e Natal (-6,30%). Em 12 meses, o produto subiu em todas as cidades, com percentuais que variaram entre 17,75%, em Belo Horizonte, e 62,24%, em Curitiba. Os preços internacionais da soja caíram, em virtude da menor demanda dos EUA e da China. Internamente, a oferta maior e a menor demanda, devido aos altos patamares dos preços do óleo no varejo, explicaram o decréscimo do valor médio.

São Paulo

Em julho de 2022, a cesta básica da cidade de São Paulo apresentou queda de -2,13% em relação a junho. Foi a mais cara entre as capitais pesquisadas e atingiu o valor de R$ 760,45. Em comparação com julho de 2021, a cesta teve elevação de 18,73%. Na variação acumulada ao longo do ano, o aumento foi de 10,13%. Em julho, entre os 13 produtos que compõem a cesta básica, cinco tiveram aumento nos preços médios na comparação com o mês anterior: leite integral (23,18%), banana (5,29%), farinha de trigo (4,91%), manteiga (3,58%) e pão francês (1,47%). 

Outros oito itens apresentaram redução: tomate (-24,19%), batata (-13,93%), carne bovina de primeira (-2,81%), óleo de soja (-2,46%), arroz agulhinha (-2,24%), café em pó (-1,35%), feijão carioquinha (-1,14%) e açúcar refinado (-0,72%). No acumulado dos últimos 12 meses, foram registradas elevações em 12 dos 13 produtos da cesta: batata (100,00%), café em pó (64,42%), leite integral (56,90%), banana (33,11%), farinha de trigo (32,35%), óleo de soja (30,21%), feijão carioquinha (25,23%), manteiga (22,15%), açúcar refinado (20,29%), pão francês (20,28%), carne bovina de primeira (4,41%) e tomate (1,04%). Apenas o arroz agulhinha acumulou taxa negativa (-4,62%).

Em julho, o trabalhador de São Paulo, remunerado pelo salário mínimo de $ 1.212,00, precisou trabalhar 138 horas e 02 minutos para adquirir a cesta básica. Em junho de 2022, o tempo de trabalho necessário foi de 141 horas e 02 minutos, e, em julho de 2021, de 128 horas e 06 minutos. Considerando o salário mínimo líquido, em julho de 2022, após o desconto de 7,5% da Previdência Social, o trabalhador precisou comprometer 67,83% da remuneração para adquirir os produtos da cesta básica, que é suficiente para alimentar um adulto durante um mês. Em junho de 2022, o percentual foi de 69,31% e, em julho de 2021, ficou em 62,95%.

As informações são do relatório mensal da Dieese 

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