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Secretaria da Agricultura prevê volta do PR à posição de primeiro produtor de grãos

A primeira estimativa da safra de verão 2009/10, sinaliza recuperação nas lavouras de soja, milho e feijão


A primeira estimativa da safra de verão 2009/10, cujo plantio começa a ser intensificado em setembro, no Paraná, sinaliza recuperação nas lavouras de soja, milho e feijão, os principais grãos produzidos no Estado. Com isso, a expectativa é colher 20,8 milhões de toneladas, que correspondem ao crescimento de 26% sobre a safra de verão plantada no ano passado, que atingiu 16,5 milhões de toneladas.

A queda foi provocada pela estiagem severa que atingiu o Estado entre o fim de outubro até o início de dezembro. O anúncio da primeira estimativa da safra de verão foi feito, na segunda-feira (31), pelo secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini. Para o secretário, se houver condições favoráveis de clima e a recuperação nos preços do milho, o Paraná retoma sua condição de primeiro produtor de grãos do País.

“O produtor paranaense tem tecnologia, e a decisão de plantar já foi tomada, o que indica que, se não houver problema de clima como aconteceu na safra passada, o Paraná recupera seu lugar no ranking nacional da produção de grãos”, disse.

Bianchini também analisou a situação atual das lavouras de milho da segunda safra e das culturas de inverno, particularmente do trigo, que estão sendo colhidas. Essas lavouras continuaram a ser prejudicadas pelo clima, que foi atípico este ano com seca e geadas, seguidas de excesso de chuvas, durante o desenvolvimento vegetativo dos principais grãos de inverno.

QUEBRA – O final de colheita da safra 08/09 aponta para safra total, entre culturas de verão e de inverno, de 25,5 milhões de toneladas, que foi inferior em 19% em relação à safra anterior. Essa queda na produção ocorreu principalmente por causa da quebra de safra na safra de milho da primeira e segunda safra, quando foram perdidos 4,1 milhões de toneladas e na safra de soja quando foram perdidas 2,5 milhões de toneladas do grão.

Conforme levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, a área ocupada com as culturas de verão como soja, milho da primeira safra, feijão da primeira safra, arroz, sorgo, amendoim, algodão, fumo e mandioca deverá atingir 5,68 milhões de hectares na safra 2009/10, mantendo estabilidade em relação ao plantio feito no ano passado, quando a área ocupada foi de 5,7 milhões de hectares.

A lavoura que mais deve apresentar recuperação é a de soja. A área ocupada cresce 7%, passando de 4 milhões de hectares na safra 08/09 para 4,27 milhões de hectares na safra 09/10, a maior área plantada nos últimos três anos. A estimativa de produção aponta para a colheita de 13 milhões de toneladas, volume recorde que, se confirmado, será 39% maior em relação à safra passada, que atingiu 9,37 milhões de toneladas.

LIQUIDEZ – A preferência dos produtores paranaenses pelo plantio da soja no período de verão é atribuída à liquidez do grão, menor custo de produção este ano e manejo mais fácil no plantio, tratos culturais e colheita. Na comercialização, a soja está apresentando melhor rendimento em relação ao milho, cujos preços desestimulam o agricultor. “Apesar de os preços da soja não sinalizarem tendência positiva, a dos preços do milho está pior”, comparou.

Em função desse desestímulo, a área plantada com milho está caindo 20% em relação ao ano passado, devendo ser a menor área cultivada com milho no Paraná desde a década de 70, quando o Deral começou a acompanhar a cultura. O cultivo de milho deverá ocupar um milhão de hectares, cerca de 200 mil hectares a menos em relação à safra 08/09, quando ocupou 1,26 milhão de hectares.

Os produtores de milho ficaram desanimados por causa dos baixos preços durante a comercialização. Desde julho, o milho vem sendo negociado, em média, por R$ 14,74 a saca, valor 10,73% inferior ao preço mínimo de R$ 16,50 a saca. Em relação ao início de 2009, o preço do milho já caiu 16%, o que incentivou os produtores a optarem pela soja.

EXPECTATIVA – Mas, se não houver problemas de clima, a produção da safra 2009/10 não deverá cair na mesma proporção que a área plantada. A expectativa é de aumento de 8% na produção, passando de 6,55 milhões colhidos na safra 08/09 para 7,07 milhões colhidos na temporada 09/10. Na safra passada, houve quebra de safra em decorrência da estiagem e o volume colhido foi 24,6% inferior à estimativa feita.

Cenário semelhante do milho está previsto para o feijão da primeira safra. A área plantada deve cair em torno de 8% em relação ao plantio da safra passada, passando de 368.168 hectares plantados na primeira safra 08/09 para 339.33 hectares plantados em igual período deste ano.

O preço também é um dos fatores de desestimulo para o plantio. Atualmente os preços recebidos pelos agricultores estão em torno de R$ 68,64 a saca do feijão de cor e R$ 61,35 a saca do feijão preto, abaixo do preço mínimo do grão que é de R$ 80,00 a saca. O governo federal tem amparado os produtores com a liberação de recursos para compra de feijão por Aquisições do Governo Federal (AGF) e pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Também liberou recursos para que fosse acionado o Prêmio de Escoamento do Produto (PEP), mas esses mecanismos evitaram uma derrocada ainda maior nos preços do feijão.

Apesar da queda no preço do feijão e consequente redução de área plantada, a produção deve apresentar uma recuperação de 36%. A primeira estimativa de safra aponta para uma colheita de 571.101 toneladas na primeira safra. A safra passada 08/09 apresentou uma produção de 419.538 toneladas. No ano passado, 193.816 toneladas de feijão foram perdidas em decorrência da estiagem.

BOX - Milho safrinha e culturas de inverno

Cerca de 75% das lavouras de milho safrinha já estão colhidas e a produção deve atingir 4,73 milhões de toneladas, cerca de 26% inferior ao potencial inicial. A cultura ocupou 1,51 milhão de hectares na segunda safra e a produção inicial esperada sinalizava para colheita de 6,37 milhões de toneladas.

No decorrer do desenvolvimento, a cultura sofreu muito com a estiagem ocorrida entre o final de março até o início de maio. As geadas ocorridas em junho e julho e o excesso de chuvas durante o mês de julho também acabaram afetando a produtividade e a qualidade da safra.

O trigo também foi atingido pelas chuvas, que provocaram o aparecimento de doenças fúngicas nas plantas. A produção estimada é de 3,17 milhões de toneladas, que corresponde a uma redução de 9,2% sobre a expectativa inicial que apontava para uma colheita de 3,49 milhões de toneladas. Com essa produção, o Paraná se consolida como maior estado produtor de grão, sendo responsável este ano por 54,2% da produção nacional.

Este ano, a área ocupada com a cultura do trigo cresceu 12%, passando de 1,15 milhão de hectares ocupados para 1,29 milhão de hectares.

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