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Seminário em Brochier aborda produção sustentável de carvão vegetal

O Centro Evangélico de Brochier esteve praticamente lotado para a segunda edição do Seminário Estadual Sobre Produção Sustentável de Carvão Vegetal.


O Centro Evangélico de Brochier esteve praticamente lotado na manhã da quinta-feira (23/06) para a segunda edição do Seminário Estadual Sobre Produção Sustentável de Carvão Vegetal. Na ocasião, um público de mais de 250 pessoas de diversos municípios, acompanhou o evento que contou com palestras e relatos de experiências sobre temas variados, envolvendo a situação atual da produção no RS, diagnóstico na área da saúde para trabalhadores de carvoarias, novas tecnologias em fornos de carvão vegetal e selo de qualidade.

Um dos momentos mais aguardados envolveu a apresentação dos detalhes relativos à resolução nº 315/2016 do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seapi), que determina novas regras para a produção de carvão. Por meio da nova proposta, passam a ser admitidas a instalação e a operação de até quatro fornos para a produção de carvão vegetal - contra dois anteriormente - com licenciamento simplificado e isento de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART).

Outras vantagens da nova resolução, de acordo com o assistente técnico regional da Emater/RS-Ascar na área de Carvão Vegetal, Fábio Encarnação, envolvem o prazo de até dois anos para a instalação de chaminés nos fornos de carvão, a redução da burocracia e a consequente diminuição de custos para o produtor. "As novas regras beneficiam diretamente os agricultores familiares por representarem um sistema mais prático, rápido e operativo em uma cadeia produtiva muito dinâmica e que cresceu muito nos últimos anos", observa.

Com dois fornos em operação, o agricultor Haino Scherer comemora a nova resolução, pela possibilidade de ampliar a produção. "Ainda que a oferta esteja grande e o preço pago ao produtor não esteja dos melhores", analisa. Na propriedade que divide com o irmão Silvério na localidade de Nova Holanda, em Brochier, os 10 mil pés de acácia negra que mantém vão sendo integralmente transformados em carvão, que são comercializados para diversas empresas embaladoras da região. "São produzidas cerca de 50 toneladas ao ano", ressalta.

Preocupado com a diversificação da propriedade, Scherer também aposta na citricultura, como forma de não se tornar "refém" de apenas uma matriz produtiva. No mesmo local produz laranjas que são vendidas para a Cooperativa dos Fruticultores da Agricultura Familiar (Coofrutaf) de Montenegro. Também na propriedade que divide com o irmão, outros 10 mil pés de eucaliptos se transformam em matéria-prima para madeireiras locais. "Importante é investir em variados cultivos para garantir retorno em mais épocas do ano", afirma.

O evento foi organizado pela Universidade Feevale, que apresentou estudo que, de acordo com dados preliminares, retira da produção de carvão a responsabilidade por problemas respiratórios envolvendo os agricultores; Fundação de Ciência e Tecnologia (Cientec/RS), que mostrou novas tecnologias em fornos de carvão; Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), Seapi, Emater/RS-Ascar, Consema e Associação dos Produtores e Empacotadores de Carvão Vegetal (Apecave), com o apoio da Prefeitura de Brochier. 

Na ocasião estiveram presentes diversas autoridades, entre elas o prefeito em exercício de Brochier Fábio Wendt; o coordenador das câmaras setoriais da Seapi - no ato, representando o secretário Ernani Polo -, Rodrigo Rizzo; o gerente regional da Emater/RS-Ascar, Marcelo Brandoli, o presidente da Apecave, Valmor Griebeler e o assessor do deputado Ênio Bacci, um dos proponentes da nova resolução, João Roque da Rosa, além de outros prefeitos, secretários, vereadores, representantes de entidades ligadas ao setor e agricultores.

Brandoli valorizou o trabalho em parceria envolvendo diversas entidades, com vistas a qualificar um setor produtivo que, hoje, envolve mais de 1.500 famílias nos vales do Taquari, Caí e Sinos. "E há que se reconhecerem os avanços conquistados nos últimos anos". Já Griebeler ponderou, lembrando o fato de ainda haver muitas metas a serem alcançadas. "Questões envolvendo o enquadramento do produto - que poderia já fazer parte da Secretaria da Agricultura -, da desburocratização para a exportação e da revisão envolvendo o peso dentro do pacote podem ser debatidas futuramente", observou.

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